Apresentamos três cenas na oficina de ontem.
Numa delas, a Rê e eu somos um (quase) casal (ele quer, ela não). Em outra, a Lê é mãe, a Pa é filha e eu sou marido (ausente) da Lê. Na terceira, as garotas são prostitutas e eu, uma bichona cafetona aidética e sádica.
O feeling da Rê e eu foi acertado (primeira cena). A sutileza da cena ficou expressa em pequenos detalhes que cresceram ocupando todo o lugar. O Loureiro guiou a Rê pela mão e ela assumiu matizes insuspeitados. Eu, por meu lado, fui fazendo o personagem crescer aos poucos, até um desfecho quiçá previsível mas mesmo assim muito expressivo. Adorei nosso trabalho e como a cena foi conduzida pelo Loureiro. Amei mesmo. Vi como acrescentar camadas ao personagem e dominar minhas limitações enquanto ator.
A segunda cena foi mais complexa, especialmente para a Pa e para a Lê. Eu praticamente permaneço imóvel, mas mesmo assim minha presença acaba ressaltada pelas dicas do Loureiro. Há algo de muito engraçado na ausência dele quando combinada com a efetiva presença de sua presença. Os pequenos gestos dizem muito, sempre.
Na terceira cena a figura mudou um pouco. As altercações entre as prostitutas retiraram-lhes algo de humano, de profundo, e a superficialidade - que eu busco, consciente ou inconscientemente, não me perguntem por quê - levou a uma cena chapada sem tensão. Eu fiz o que pude - e há muito mais a que posso me dirigir. Mas foi o possível. Trejeitos que eu imaginava sumiram na hora e fiquei como uma bicha limitada. Mas iremos ainda insistir na cena.
Há muito mais por vir. Mas há condições fortes que podem levar algo a se perder. Vamos ver.
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