Chamo de estilo beckettiano um jeito de escrever peças que se afasta de tudo o que possa dizer respeito a realismo ou naturalismo ou coisa que o valha.
Minhas primeiras peças, que ainda pretendo editar, seguem essa linha. Não fazia assim para imitar ou emular nada. Simplesmente era assim que tudo saía.
Mas aí fui fazer oficinas diversas e me sujeitei a uma série de influências que, dentre outras coisas, me levaram a entender e curtir o teatro de uma forma mais lúdica. Não vou citar aqui que influências foram essas, só digo que fiz amigos em todas elas. Algo de que eu precisava.
Tentei então fazer uma peça longa induzido por necessidade primeva. Fiz de tudo, escolhi trilha e tudo o mais, mas a peça em si não chegou sequer ao papel. Está incompleta.
Noite dessas, esperando para assistir uma peça, apresentei a ideia de uma das primeiras, aquelas tipo beckettiano, a um colega. Ele questionou se era só isso, estranhei e lhe disse, cara, é muito! Na hora, experimentei o prazer de ter ME compreendido.
Entendi que aquele estilo já era meu o suficiente para requerer aprofundamento e não afastamento. Ontem, peguei do teclado novamente e ensaiei o começo de outra. Esgotei-me a tal ponto que tive que dormir. Dói remexer feridas que se tornam algo cênico.
Não nos cabe querer agradar, nem mesmo a nós mesmos. Simplesmente temos de ser o que somos.
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