Noite dessas, após assistir uma peça, encontrei com atores que já a haviam assistido.
Ela me perguntou o que eu havia achado. Eu disse que havia gostado, mas que não havia me surpreendido. Mas, convicto do meu papel de aprendiz, disse preferir ficar quieto. Não iria externar algo sobre o que não tinha nada a falar.
Mas ela desancou. Disse cobras e lagartos. Meteu o pau na direção de atores, no caráter chapado dos personagens, das falas, sei lá, em muita coisa. Foi tão rápido e forte que nem consegui entender direito. O ator que estava junto foi junto nessa. Tocou outro aspecto, aqui e acolá, e lamentou que não poderia dizer aos amigos que atuavam o que havia achado. Que teria de arrumar uma forma de aprontar o terreno para falar o que havia auferido do espetáculo.
Me senti um cara em pré-primário. Eu não tinha o que retrucar. Havia sentido, sim, alguma coisa para lá e para cá, mas o que eu dizia não tinha muita base, quem sabe nenhuma. Era achismo. Era juízo de quem foi sentir algo, não de quem poderia avaliar. Claro que em última instância ter opinião é natural. Mas saber tê-la já não é.
Nada me motiva mais do que isso.
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