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Os vivos e os mortos (texto Kiko Marques e Maucir Campanholi, com Tagore; direção: Francisco Gomes)


Tenho diversos livros de Tagore em casa. Nunca os li. Até tentei mais a sério durante a oficina com o Loureiro mas parei por aí. Tagore é um importante poeta indiano.
"Os vivos e os mortos" trata da morte de uma forma lírica, contando a história de uma mulher (de cujo nome não me lembro) que morre, vai ser cremada mas acaba ressuscitando. Ela estava do outro lado do rio, mas agora não sabe em que lugar está. Conhece um dos carregadores do corpo, que acaba se afeiçoando a ela e que sai com ela em busca de um certo lugar. Encontram antiga amiga dela, de infância, hospedam-se lá e, bom, o resto é a história.
Tudo começa e é embalado o tempo todo por música indiana, que é interpretada ao vivo. Tudo faz com que entremos suavemente no universo de uma cultura a mim praticamente desconhecida e que acompanhemos, sob esse ponto de vista, as estripulias do carregador e o destino da ex-morta.
O correr das cenas é demarcado pelo encontrar de tapumes carregados por contrarregras que também fazem pequenos papeis, e em meio a toda a história faz-se presente também um número de dança muito agradável. Nada forçado, nada para simplesmente mostrar a Índia para inglês ver. Tudo é suave, calmo, respeitoso e agradável. Só isso, penso, já vale o espetáculo.
Por vezes, minha atenção cai e acabo me prendendo em aspectos secundários do que acontece. É como se o espetáculo ainda estivesse um pouco esgarçado. Não posso avaliar as atuações, até porque há um quê de exagerado em tudo que parece arbitrário, em última instância. Eles não parecem atuar como no Ocidente.
O final é pontuado por uma dança por parte de todos - desculpem-me revelá-lo, o que faz com que mais uma vez nos sintamos irmanados pela cultura estrangeira mas que pode ser também tão nossa.
Vale muito a pena. Saí leve e muito satisfeito com esse espetáculo, simples mas nada simplório.

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