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Mostrando postagens de julho, 2013

Estatísticas - Julho 2013

Comentário: As visitações ressentiram-se de minha dedicação agora PRÁTICA ao teatro, com cenas para ensaiar e apresentar na metade de agosto. A partir de agora, os textos serão mais sobre essa prática, e menos sobre autores lidos ou peças assistidas.

Peças e gostos

Eu me defendo neste blog e nos links que coloco no face dizendo que faço comentários, não críticas. Houve quem tenha divulgado dizendo que faço críticas, mas hoje creio saber o que é uma crítica - algo raro por aí, realmente raro, nos jornais não costumo vê-las, e sei que não faço isso. Porém sou lido e acabo afetando quem me lê. Normalmente são os próprios profissionais que fazem as peças. Os atores, autores, diretores, produtores, etc. Como ando para caramba por aí, eles acabam me achando. E de vez em quando piso na bola. O pessoal tem me alertado. De vez em quando falo demais de uma coisa e não reparo na outra. O teatro é uma atividade coletiva, tá todo mundo junto, e não posso me dar ao luxo de ser discricionário. Pois posso acabar sendo injusto. Há outras dicas que recebo. Mas, mutatis mutandis, continuo - na medida das minhas energias. Tem uma peça lá no Viga de que eu não consigo escrever, e não sei por quê. Talvez tenha me afetado demais. Não sei. Chama-se Salamaleque. É b

Primeiro ensaio profissional

Estou ultrapassando uma linha. Eu assistia e ainda assisto peças de teatro. Ensaiava cenas para avaliação por diretores de confiança. Até "atuava" aqui e acolá. Mas agora a coisa tá se tornando séria. É um papel numa peça de uma companhia pequena. A estrear em meados de agosto. Diretor amigo me viu no personagem e lá fui eu to cross the line. Ontem foi o primeiro ensaio da cena. Meu primeiro ensaio profissional, diria eu. Não que antes eu não me dedicasse - me dedicava, e fazia tudo com profissionalismo, sempre, mas agora vai ser uma peça em cartaz. Não uma apresentação única. O autor me disse para não divulgar a peça antes de tudo ser liberado. Por isso não irei comentar nem o papel, nem as falas, nem a direção que a coisa toma. Comentarei apenas o que sinto. Como quase sempre. Tenho uma grande dificuldade em decorar. Até pedi uns conselhos de alguém que passasse pelo face, mas nada. Ensaiando com a Lê, consegui alguma coisa. Por partes. Mas mesmo assim o texto parece

Un teatro y un mundo muy particular y por eso completamente universal (especial para o MBC Times)

Por Rodrigo Contrera ?En qué podría una compañía de teatro en San Pablo, Brasil, diferenciarse de otra en otro lugar del mundo? ?Por que podríamos esperar que hubiera una diferencia entre lo que se pasa en las artes de un país enorme, tropical, conservador, una especie de "gigante dormido", un llamado "país del futuro", y otros, no tan grandes, no tan poderosos, no detentores de la más grande floresta tropical, de incontables pueblos indígenas, de recursos naturales aparentemente inesgotables? ?Qué podrían tener las artes en ese país que no tendrían en otros países? ?Acaso eso es tan importante? Uds. podrán inmaginar que las artes en un país como Brasil deben tener algo especialmente relacionado a su naturaleza, su cultura exuberante, su status como detentor del 4o más importante canal de televisión del Globo. Puede ser. Sólo en San Pablo, por ejemplo, existen más de 300 grupos de teatro independientes, de los cuales unos 30 tienen sede propia, y que se relacion

Os adultos estão na sala (texto e direção: Michelle Ferreira, A Má Companhia)

Fui apresentado à diretora desta que é uma peça desde já muito importante em minha lide de encontrar influências definitivas para minha própria trajetória e lhe disse mais duas vezes como ela, a peça, foi importante para mim. Mas, por algum motivo que não sei bem qual é, parece que ela, Michelle Ferreira, achou que eu estava novamente apenas elogiando. Bom, tentarei aqui falar algo sobre o que apreendi e aprendi. Já falei sobre a peça, então agora falo sobre algo mais que está na peça mas que não se restringe a ela. Tudo bem, temos o realismo. Realismos de várias estirpes lotam os pequenos e grandes palcos paulistanos. Realismos bem feitos mas meio chatos, realismos meio estranhos, referenciais à vida suburbana vigente entre nós, realismos meio capengas mais para naturalismos. Temos trabalhos de grupo que recorrem a realismos ou não. Temos também aviões de carreira como "A Dama do Mar" que nada têm de realismo. No caso, esta última me abre os olhos. Admito. Mas, tirando t

A primeira leitura

Eu nunca fiz o que se chama de leitura com minhas primeiras peças. Eu me lembro que a gente - o Raffa, o Brunno e eu, na maior parte das vezes - pegava o texto, decorava e pronto. Não havia o cuidado com a leitura. Na verdade, até hoje eu não sei muito bem para quê ela serve. Na oficina da Lulu, as cenas eram montadas ao bel-prazer dela, que pegava o que fazíamos, aproveitava ou descartava, a depender daquilo que ela via, e depois virava algo com falas, mas nunca com um texto final. As cenas a partir de um certo momento acabavam se tornando fixas, mas sempre era necessário um certo frescor para convencer a Lulu. As cenas que fizemos - e ainda fazemos - na oficina do Loureiro, que a partir de agora vai ficar mais esparsa, por problemas de grana e agenda, foram conduzidas de forma mais tradicional. Elas eram apresentadas, o Loureiro concordava ou não com elas, dava algumas orientações, a coisa se formava, ele pedia para fixar o texto, as falas, no caso, e depois era necessário manter u

Um convite e uma delicadeza

Fui convidado ontem para interpretar um personagem numa peça de quem (até então) eu não sabia quem. Não vou dizer quem convidou nem de quem é a autoria da peça, digo apenas que o autor é superlegal e que o diretor (que foi quem me convidou) o fez num gesto de delicadeza que me deixou comovido. Disse ele que quando estava lendo a peça com a companhia ele pensou e disse que pensou na hora em mim para o papel. Disse que houve uma discussão, mas que ele insistiu, disse que o papel não seria subdividido e que o papel era meu - se eu o quisesse. Disse que a cena é algo do tipo woody allen e que tem certeza que irei arrebentar. Achei tão bonito, isso. O que me comoveu na verdade foi o tom em que tudo foi dito. Um tom de suavidade, de companheirismo, de amizade. Hoje sei o que é isso. Bom, agora - quarta - eu publico, mas segunda - anteontem - eu participei da leitura da peça. Ou seja, sei de bem mais do que isto. Mas eu, que escrevo domingo - antes da leitura, páro por aqui. Continuarei d

Quadrinhos

A peça da Michelle Ferreira e um comentário do Zen Salles me despertaram a isso que eu mal imaginava que poderia me dar um feeling: a estética dos quadrinhos. Foi por isso que, mesmo sem grana, decidi comprar uma revista de quadrinhos escolhida lá na banca do Wilson mas comprada naquela banca onde tem pornográficas a dar o chapéu. Mas fiquei lá olhando as em quadrinhos. Levei Vertigo no. 42, da Panini. Preciso comentar que, longe de perceber algo diferenciador na linguagem das histórias da revistinha, percebi o quão complexas podem ser. Tomo "O Carteado de Natal" de Jamie Delano como referência. Um morto-vivo que quer tirar a filha da putaria. Um sujeito sem dó cujo único prazer e vitória é ganhar no carteado. Sujeitos perdidos que vêem a vida de longe e que apostam contra ela. Uma riqueza de detalhes numa história sem moral diferenciada - pareço ler Dickens - mas a muitas léguas de certa superficialidade de teatro que vejo por aí. Enquanto ouço o último cd do Lemmy, após l

No Face

Rodrigo Humberto León Contrera não vou citar a novela. mas o fato é que não consigo, algo me distrai, em assistir os desempenhos dos atores. as oficinas que fiz trouxeram-me cuidados extremos com coisas que sentimos no nosso íntimo e que realmente fazem a diferença. como naquela pequena peça em que errei tudo no tom do personagem. o louro disse que não foi erro, mas foi, foi uma aposta errada. o acerto promove aquilo que falta. mas e na novela? não consigo sentir nada. Curtir  ·   ·  Compartilhar  ·  Promover  ·  alguns segundos atrás  ·  Rodrigo Humberto León Contrera clico filme efeitos especiais no youtube, vem-me um trecho de filmagem de os vingadores, cara, é muito chato isso tudo. prefiro os ensaios, prefiro mil vezes o teatro. caralho, naquilo que vejo só tem o "fora", a imagem passada, já o "dentro", a voz interior, pouco importa (para que voz se a ação mata tudo?). saudade de teatro. amanhã, quem sabe.

Querência (texto: Cornélio Pires; interpretação: Nelson Peres)

Há certos trabalhos que vemos por aí que podem ser muito justamente chamados de trabalhos de guerrilha. Trabalhos conduzidos de forma extremamente profissional e cuidada mas que por razões várias não são devidamente divulgados nem devidamente tratados por quem importa. Este trabalho é um deles. Peça que se origina - pelo que o Nelsinho me disse - de oito livros/textos de Cornélio Pires, autor regionalista morto em 1958 cuja obra está toda de posse de uma editora que, sei lá por que cargas d'água, não publica nada do autor há muitos anos, "Querência" (título que é dito en passant pelo protagonista) trataria, se fosse um texto único das memórias de alguém "da terra". Trataria porque, como as próprias condições que deram origem ao texto final da peça demonstram, não é "apenas" de memórias que aqui se trata. Claro, há um personagem jovem que consulta o avô, que consulta suas memórias, que consulta histórias do passado, que consultam o presente do moço. Cl

A Dama do Mar (de Henrik Ibsen, adaptação Susan Sontag, tradução Fábio Fonseca de Melo, revisão e adaptação Leila Guenther) (peça encenada por Bob Wilson)

O livrinho aqui resenhado estava sendo vendido na ocasião da encenação das peças por Bob Wilson, no Sesc Pinheiros, entre junho e julho deste ano. Custou apenas 12 reais e é da N-1 Edições (n-1publications.org). É bilíngue. A peça, adaptada por Sontag, transcorre em 17 cenas, de uma das quais eu não me lembro (a 14a). A peça segue o livrinho ipsis litteris, ou quase. A trama é simples: uma garota (Ellida) casa-se com um homem mais velho (Hartwig), que tem duas filhas do primeiro casamento (que não gostam dela). Ellida narra a história de uma sereia-foca que se desfaz da pele e que é raptada por um homem. Ela consegue sua pele de volta e retorna ao mar. Ellida como que se imagina uma mulher do mar, a dama do mar. Ela é puxada para fora do casamento por um estranho. Ela quer ser livre, Hartwig a deixa escolher, ela escolhe voltar ao casamento e renunciar àquilo que o coração lhe diz. Uma das filhas casa-se com um professor mais velho. Fim. O livrinho, super bem cuidado, não exagera na