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Mostrando postagens de agosto, 2013

Estatísticas - Agosto/2013

o personagem

o strasberg gasta um livro inteiro falando, em um sonho de paixão, sobre como o ator pode vestir o personagem de tal forma que este apareça com frescor em toda apresentação. isso após comentar o desempenho de titãs da época em que o método, a partir de stanislavski, estava ainda sendo rascunhado. é curioso, mas no caso que experimento - um papel na peça dias e noites, do lucas mayor, dirigido pelo marião - por vezes o personagem se me escapa. eu preciso admitir que, no palco, em grande parte do tempo eu estou prestando mais atenção no que faço do que no que posso aparentar ou mesmo no que sinto do personagem que incorporo. minha memória é fraca, acho, e por isso tão logo faço uma fala, qualquer uma, desde já viajo em mim mesmo tentando não errar na fala seguinte. pode parecer estúpido ou mesmo despropositado, mas fato é que a maior parte do tempo estou fora do diálogo. manipulo a mim mesmo como um objeto. claro que penso naquilo que posso estar passando para quem está me vendo, mas n

público

a estreia de dias e noites foi bárbara. o pessoal riu a não mais poder e sentiu também muita tristeza, até algumas pessoas choraram muito. foi muito recompensador. o retorno foi ainda maior no dia seguinte, quarta passada. lembro-me de ter visto o pessoal eufórico. achei fantástico. mas, como todo leitor de cioran, fiquei na minha. ontem, foi diferente. a plateia tava lotada, também. mas o pessoal reagia com menos efusividade. o público, este dia, estava ao que parece mais racional, lia mais o texto que o subtexto. riam inclusive de momentos muito tristes. foram sarcásticos. na minha cena, houve bastante riso. foi interessante ver o pessoal lendo o texto na minha boca. um bate pronto interessantíssimo. não erramos. à saída, só os conhecidos falavam conosco. o público desta vez era composto menos por amigos e mais por público mesmo. interessante o pessoal te ignorar, literalmente. eu já havia me vacinado interiormente, dizendo para mim mesmo que eu não posso fazer o jogo da galer

Direção

todos que conhecem e admiram o trabalho do marião dizem-me querer saber como ele trabalha. eu não irei ser indiscreto. digo apenas que ele passa uma calma e rigor atrozes, e que todos - atores - sentem-se incrivelmente seguros em seguir sua batuta. é como um regente de orquestra. com voz calma e segura, diz o que quer, mostrando saber exatamente o que quer. fico sabendo que uma de nossas atrizes começou os ensaios apostando no personagem com certo receio. o marião disse para ela para ir mais fundo. ela parece ter sentido dificuldade. mas o tempo e o esforço encarregaram-se do resto. hoje ela é um puta destaque. não vou dizer que cena nem qual atriz para não ser indiscreto. no meu caso, que é um personagem cômico, o marião sempre me disse para atribuir mais empenho às falas. é o que venho tentando fazer - e conseguindo. houve movimentos aqui e acolá que o marião ressaltou e que eu segui com atenção. o feeling do marião é foda. foram esses movimentos e essas poses que causaram até ag

luz e sombras

venho participando há duas semanas de minha primeira peça profissional. chama-se dias e noites, é do lucas mayor, e é dirigida pelo mário bortolotto, que foi quem me convidou. haveria muito a falar a respeito, e este é apenas o primeiro post sobre o assunto. a peça é forte e varia momentos de densidade dramática e comicidade subentendida ou escrachada. a primeira cena, com a helena cerello e o maurício bittencourt, é bem sutil e bonita. o mau achega-se lá no fundo do palco, e é nesse momento, muito triste e sutil, que eu o vejo em cena. sinto uma tristeza sutil ao ver essa cena, e a peça mostra então a que veio - não à toa o mau encerra a peça, numa pose forte e dramática. segue uma cena com o eldo e a gabi, em que ele faz um cinquentão que, de acordo com o lucas, busca dar um golpe. ela, com 20 anos e pouco, está apaixonada por ele. assisti ao final dessa cena nos ensaios e fiquei muito comovido. a terceira cena é com a helena e eu. eu faço um acadêmico que se apaixona por uma