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Mostrando postagens de setembro, 2012

aqui e aberdeen

assisti aqui, no club noir, e aberdeen - um possível kurt cobain, no cacilda becker. gostaria de ver o primeiro de novo, por isso não comento. o outro não sei. sei apenas que ao final dele saiu uma lágrima perfeitinha do meu olho esquerdo. caiu como uma gota de chuva.

butô

butô. a dança da morte. o interno. o externo como expressão do interno. não importa a forma. a forma é tudo o que importa. a tristeza é decupada pelo movimento. a morte, o desespero, transmutado em fim. o fim de qualquer um. há toda uma história em todo movimento. eu começo acabando. um começo sem fim, realmente. abrir espaço com os cotovelos.

leitura e a destruição dos liames

no número que vem de antro positivo (antropositivo.blogspot.com), do amigo ruy filho, vocês irão ler a gabriela mellão e eu comentarmos a peça da vera sala e luiz paetow, corpos ilhados, apresentada há alguns dias no viga. não vou comentar os comentários. irei apenas dizer-lhes que estou lendo as peças de samuel beckett, de eugene webb, e percebendo o quanto eu estava certo em notar que só dialogando com ele, beckett, eu poderia me satisfazer em viver no tempo em que vivo. deixando algo para trás. em algo a leitura me desagrada, que é o inevitável destrinchamento desse que sempre me pareceu um enigma - como em priscas eras era o bacon, o pintor; mas em muito a leitura compensa esse desvelamento. pois amplia os âmbitos, não os achata com base na razão. dá-me mais e mais vontade de ler os clássicos de filosofia, e os outros que nos engolem aqui neste século em polvorosa. prestes a passar a barreira das 19h - estou compensando atrasos -, penso também na necessidade de independer o quan

simpatico

acabo de ter uma conversa muito agradável com a gabriela mellão, crítica de teatro. lá na nossa conversa discorremos muito levemente sobre assuntos relativos ao teatro em geral e à última peça do luiz paetow e vera sala, cujo nome não me recordo. muito simpático, tudo. quem sabe devesse ser menos simpático. quem sabe.

O Salão de Baile Elétrico (de Enda Walsh, direção Cristina Cavalcanti)

Não me lembrava de haver assistido a outra peça de Walsh (que é homem), mas procuro no site e realmente isso já acontecera. Foi na peça Bate-Papo, dirigida na época por Tuna Sezerdello. Tudo bem. O clima aqui é outro. Duas velhas rememoram épocas áureas em que eram bolinadas por rock stars locais ou abusadas por homens cheirando a peixe (elas vivem numa pequena cidade pesqueira, isolada de tudo). E uma empregada, mais jovem, vai no mesmo caminho. Enquanto isso, são visitadas pelo homem do peixe, que traz o peixe para elas, e num certo momento ele é vestido a caráter e dá uma de rock star, podendo escolher a empregada para si – mas na última hora ele arrega e as deixa a ver navios. Literalmente. A peça remete às As Três Velhas, de Jodorovski, pela situação de isolamento de seres deslocados no tempo, mas é bem mais palatável, ou politicamente correta. Nada do escatológico do chileno, por exemplo. Quando muito uma encenação de transa com o rock star. Quando muito. Os diálogos ágeis

umas poucas linhas sobre esse negócio de crítica

agora que deu um tempo, aproveito para redigir umas poucas linhas sobre esse negócio de crítica. há muito eu reflito sobre o que é uma crítica. eu achava que era uma espécie de julgamento avalizado, um avalista, de um espetáculo, por exemplo. mas hoje sou de outra opinião. derivo esta mudança da reflexão daquilo que faz um crítico de artes plásticas. este não avaliza, pelo que sei. este localiza, cria ligações, cria ilações, contextualiza, ou seja, amplia as percepções relativas à obra que vê em relação ao seu tempo. pois então, eu concordo COM ISSO. ou seja, um crítico de teatro é, para mim, não um avalista, um juiz severo quanto a se uma peça é ou não é boa e coisa e tal. não, um crítico é algo mais, precisa se muito mais, olha ou deve olhar bem mais longe. digo tudo isto só para ressaltar que aquilo que aqui faço NÃO É CRÍTICA. eu não faço isso a que gostaria de me propor enquanto crítico (e para o que me considero por enquanto parcialmente incapaz). eu apenas COMENTO. tanto qu

O Livro de Itens do Paciente Estêvão (baseado em The Subject Steve, de Sam Lipsyte, direção Felipe Hirsch, Sutil Companhia de Teatro)

Preparado para 4 horas e tanto de espetáculo (pelo menos com intervalo de 20 minutos), entrei na sala do Sesc Belenzinho contente por finalmente encontrar oportunidade de ver o trabalho de Hirsch, que não havia visto até então por eventual desinteresse por obras que, sem assistir, mas lendo a respeito, achei pretenciosas. Esta também seria, a depender do tempo e do esforço desenvolvido para torná-la realidade. O palco é um grande retângulo enquadrado por uma estrutura metálica em que está presente um Fiat 147 em bom estado, um sofá, duas mesas, algumas cadeiras e diversos outros objetos de cena. Tudo faz crer que as ações transcorrerão na cabeça de alguém, e que os adereços do palco servirão como meio de introjeção em sua mente. Não demora até perceber que é isso mesmo. Estêvão (nome que o protagonista nega) está condenado à morte pela... morte. Leonardo Medeiros interpreta o personagem cujo nome nos escapa. Dois médicos mais para enganadores retiram esse prognóstico de um simples

Prometeu (de Ésquilo, direção Roberto Alvim)

Eu já virei figurinha carimbada nessa minha insistência em acompanhar a trajetória recente do Alvim e em, além de curti-la, tentar espalhar sua qualidade. Esta minha ida à estréia de Prometeu encaixa-se nesse meu perfil. Confesso, eu estava agora com medo. Já me acostumei à forma minimalista, respeitosa e criteriosa com que o Alvim veste a roupa do grego. E por isso mesmo eu temia: porra, eu sei a trama de Prometeu, de cor e salteado; o que ele poderá dizer-me de novo, então, a não ser algo que possa ser fruído no palco? Eu havia me conduzido à primeira fileira quase descrente. A trama é simples. Prometeu é condenado a ficar preso a um rochedo e a ter seu fígado comido e recomido, infinitas vezes, pelos urubus ao ser condenado, por Zeus, por ter roubado o segredo do fogo e o dado aos homens. Ok, é só isso. A peça é, ao contrário das anteriores de Ésquilo recentemente encenadas pelo Alvim, dividida em algumas partes (pelo que me lembro, cinco). Só isso já cria uma situação difere

O Inferno em Mim (de Mário Bortolotto, com ele, Wanessa Rudmer, Nelson Peres e Manu, direção Bortolotto)

Assisti à última peça escrita pelo Marião em companhia do Mirisola, Paulo de Tharso, o guitarrista Brum e a esposa do Batata. O Brum ficou a um canto, ao meu lado direito, bebendo alguma coisa, e, acompanhando a trama se desenrolando, dava para ouvir as risadas e outras exclamações dos presentes. Uma hora, vieram uns aplausos. Logo explico. A trama é simples: dois motociclistas se reencontram enquanto um deles, assassino do próprio pai, comenta seu destino. O Marião faz um dos motociclistas, o Nelson o amigo assassino, a Wanessa a ex-amante do Péricles (Marião, de apelido Pluto) que tentou servir de advogada do motociclista vivido pelo Nelson e a Manu, uma garota repassando suas experiências com os rapazes. Em linhas gerais, a peça trata da relação do homem com a liberdade, a morte e com Deus. É interessante ver como o tema passa de mão em mão enquanto os personagens questionam uns aos outros. Tenho muita dificuldade em digerir as referências elencadas pelo Mário, por isso acabei

Homens, Santos e Desertores (texto, Mário Bortolotto, direção de Fernanda D’Umbra; Mostra Artes do Subterrâneo, até final de agosto de 2012)

Sempre fico a dever quando assisto as peças do Marião. Termina a obra, fico a ver navios, sem saber se entendi muito bem. Os textos do Marião são ótimos, as montagens bem interessantes, as atuações também, mas por alguma razão sempre saio com a impressão de não haver entendido muito bem. O mesmo aconteceu agora. Eu havia assistido essa mesma peça há anos, no CCSP. Na época, havia ficado meio insatisfeito. Os personagens me pareceram caricatos, não conseguia senti-los, não entendia o drama. O final, então, me deixou a ver navios. Passaram-se alguns anos e a impressão já descrita no primeiro parágrafo começou a aparecer. Começou recentemente, com Leila Baby, à qual assisti duas vezes. Da primeira vez, eu saíra desconfortável. Não soube me aproximar, se é que isso era importante. Ficara meio chocado. Não gostara do fim. Me sentira atingido, quiçá em meus delírios de idealista. O suicídio, e pior, a tirada de sarro do cara – se é que era uma tirada de sarro – parecera-me gratuita. Mas