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Mostrando postagens de setembro, 2013

novatos

todo ano gente nova entra na roda. os olhos brilham nessas pessoas. elas acreditam, ainda. e por isso se dedicam. com o tempo, os olhares tornam-se esmaecidos e os olhos perdem o viço. é quando essa gente começa a questionar. e depois, levados alguns tombos, a deixar de acreditar. é interessante ver isso na vida real. há quem nutra ilusões e é chamado de idealista. há aqueles que permanecem e são chamados de teimosos. mas, vem cá, para quem não consegue viver sem, continuar, o que é? nada, simplesmente passos a mais. raulzito dizia tente outra vez.

Estatísticas - Setembro

agora

agora que atuei numa peça convidado pelo marião e aceito pelo pessoal da la plongée e que convivo frequentemente com todo o pessoal do cemitério de automóveis e outros muitos amigos do teatro, eu poderia me sentir mais capacitado para escrever sobre teatro. mas não é nada disso, ao contrário. sinto-me cada vez mais confuso sobre o que vejo e sobre aonde quero chegar com isso. isso não significa necessariamente que me sinta constrangido por agora todo mundo ser amigo ou quase isso. simplesmente meus critérios são mais complexos, agora. vejo de vários lados e por isso vejo mais e mais claro, e minha arrogância de outrora, essa que me fazia tentar alturas a que jamais sozinho poderia sequer pretender, agora está por debaixo de tudo, onde deve ficar. vamos ver se escrevo algo legal, agora.

o mundo invertido

invade-me a trilha final de nossa peça. caio numa melancolia profunda. mas, contrária a ela, uma forte tendência a sair de mim. a gabi (não a da peça) desvelou-me poesias de outrora. hoje ela passa no teatro. irá ver a peça. preciso agradecer-lhe. há tempo que não me emocionava com uma poesia, de grande de outrora.  ontem, outra amiga - que conheci pessoalmente na ocasião - mostrou-me quão extensa e intensa pode ser a subjetividade própria e alheia. a timidez é passo segundo. como explicar que em mim o mundo parece caminhar invertido? a tarde avança enquanto reparo em mais e mais caminhos no personagem que eterniza a vida na arte.  dias e noites, de  Lucas Mayor , direção de  Mário Bortolotto , na frei caneca, 384, 21h, 20 pilas.

antes, na coxia

antes de entrar no palco, bate um medo. o medo de esquecer. mais ainda, o medo de, esquecendo, parar no meio. do jeito que eu venho aprendendo, eu, que também escrevo e dirijo minhas bagaças, só posso mesmo agradecer. e é o que, calado, acabo fazendo pouco antes.  mas isso não evita que poucos segundos antes do palco, quando a luz começa a se fazer, quando o momento torna-se meu, o peito bata (um  pouco) mais alto. um jeito de tentar superar algo disso é concentrar-se antes. a coxia é um lugar sensível. diria que uma hora antes do palco não é legal que as energias contaminem com nada negativo. por isso, a introspecção é algo salutar nesses casos. tentar a voz, os movimentos, passar o texto, tudo com calma e singeleza. nada que é brusco pode dar nada bom nesses momentos. nada de gritos, principalmente. a coxia é um local sempre acanhado pelo tanto de energia investida nisso que irá acontecer. hoje, quinta semana, dias e noites, de  Lucas Mayor , direção mahavilha do  Mário Bortolotto

plebiscito e plateia meio fria

acho que foi em 87. minto, foi mesmo em 88. rolou uma viagem por caravana para o chile. eu era chileno à época.  tava sem grana para bancá-la sozinho, e eu tinha uma dúvida cruel. embarquei nela. não sabíamos, ninguém sabia, mas a caravana era bancada pelo partido comunista chileno. ou seja, não ia passar. era ditadura. desci em mendoza. eu iria ser preso se não fosse diferente. os outros, apenas expulsos. como aconteceu. mas eu passei antes, de ônibus. e assisti ao primeiro de maio. era ano de plebiscito. meus documentos não estavam em ordem, então não votei. hoje, sei lá por quê, acabei me lembrando. quiçá pelos 40 anos da implantação da ditadura. não sei. sei apenas que ontem ao ver amigas na plateia gostei muito. depois conversamos à saída. apresentei-lhes o pessoal da companhia. se o pessoal soubesse o quão tímido eu sou. algo inabordável. a plateia tava meio fria, acho. mas tudo rolou como de costume. começo a vislumbrar algo fora do costume. enquanto isso, a gente toca a vida e

ainda palavras

ainda sobre palavras. é curioso admitir. quando estou no palco representando as palavras simplesmente saem. claro, elas foram decoradas, daí elas saírem. mas há também um fenômeno esquisito. eu posso lhes dar significado por ênfases, trejeitos e volume de voz, mas elas a maior parte do tempo parecem independentes de mim. sinto-me como que entre elas, o significado na peça escrita e o significado na peça encenada. sou realmente um instrumento. mas curioso, um instrumento que é sujeito. digo agora que, em meio ao final da quarta semana de encenações, COMEÇO a descobrir o texto, o personagem e a direção. pois o texto do lucas é claro, sim, límpido, mas as direções a que ele leva não são óbvias. quem pode imaginar que a zelda fitzgerald esteja presente lá? e está! do seu jeito, mas está! muitas outras referências - o lucas é lido para caralho - eu nem pesco direito. e olha que tenho biografia - não lida - da yourcenar.  pode parecer que o problema esteja no conteúdo. não, a questão mesmo é

risadas

ontem, todo mundo da trupe comentou que talvez tenha sido a melhor noite de todas. o pessoal ria adoidado e não paravam de comentar com as risadas as tiradas mais interessantes e hilariantes do texto do  Lucas Mayor . no caso da helena, gabi e eu, digo, da cena, a risadaria tomou conta da cena. é nisso que gostaria de comentar um ponto. quando, após a estreia, ficou patente que eu havia conseguido fazer o personagem, passei a entrar num dilema. que é. quando a tirada sai e o pessoal ri, dá um tempo até que o pessoal consiga terminar de rir, curtir a risada. nesse tempo, há a tentação a deixar tudo parar um pouco para deixar tudo rolar. mas por outro lado se a gente parar a toda hora a cena acaba ficando truncada. acontece então que o texto vai rolando, as interpretações dão vida à coisa toda, e as risadas permanecem vivas e esparsas pelo palco. bom, isso respeitando todos os tempos e lugares. foi então que perguntei ao Marião  Mário Bortolotto , meu diretor, o que ele achava: espero ou

passagens

ontem, à saída da peça, alguns amigos de amigos comentaram: - a falta de experiência (minha) era real?  - ela (a toty) realmente se machucou? - a marca de beijo em minha face queria dizer algo mais? sim, sim e não. há uma barreira invisível separando o mundo da arte do mundo real. poucos, que não os artistas, buscam entender o primeiro sem abandonar o último. ainda contemplo, em mim, a sensação de abrir a porta do teatro. achava que era fácil passar de um universo para o outro. não é. muito a respeito do que refletir. dias e noites, de  Lucas Mayor , direção de  Mário Bortolotto . hj, frei caneca, 384, 21 horas. 20 pilas. tá indo bem.

65%

ontem, após dias e noites, de  Lucas Mayor , direção do  Mário Bortolotto , com a cia la plongée e convidados (helena, eldo e eu), o marião me chamou para dar um toque. não digo qual foi, se não tira a graça - e eu quero que vocês vão, ora. mas digo que esse toque tem a ver com esse negócio de a comunicação ser 65% não-verbal e resto verbal. o problema para mim é que eu quase o tempo todo tento investir na verbal, e claro como sempre eu me fodo. meu corpo vai numa direção, minha fala noutra. completamente desconjuntado. e digo, bastou ver para notar que a dica do marião faz toda a diferença. com um porém, quando ele a encena ele a faz como ele, enquanto no meu caso a farei como eu mesmo. e isso para acrescentar mais ao personagem. realmente é foda. o motivo para que ele tivesse me escolhido e convidado para a peça teve a ver com o fato de ele notar que o personagem tinha tudo a ver comigo. engraçado. mas o fato de conseguir retirar da oportunidade  algo legal teve a ver com o fa

palavra?

ontem, lendo adler, me pego com frases dela comentando o peso da palavra na atuação. ela diz que é preciso superá-la, ir além dela. eu, que sou tão umbilicalmente ligado à palavra, não só eu, muitos amigos o são, levei tempo até sacar. hoje, creio sabê-lo. mas foi necessário torná-la ato, no palco, para que isso acontecesse. não digo que antes não houvesse entrado no palco, entrei, mas eu via os personagens de fora. bom, mais um passo. hoje, dias e noites, de  Lucas Mayor , direção potente, para dizer o mínimo, do Marião,  Mário Bortolotto , com a cia la plongée, mais a helena cerello, o eldo e eu. frei caneca, 384, 21 h, terças e quartas, 20 piras.

uma interna

ontem, enquanto esperava, li umas 30 páginas de um livrinho da stella adler sobre interpretação e, após chegar em casa, ensaiei mais uma vez comigo mesmo. interessante foi perceber o quão básicos são os conselhos da adler - o que não significa, é claro, que eu os domine, bem longe disso. mas, abstratamente falando, não são realmente nada demais. o próprio loureiro já havia ido nesse caminho. essa sensação de déja vu fez com que eu me sentisse mais à vontade - finalmente tenho com O QUE comparar a partir do que leio. mais interessante, porém, foi ensaiar em casa, pouco antes de dormir. vieram-me características do personagem que até então, não diria que tenham passado batido, mas não se impunham com uma verdade tão óbvia. isso fez com que eu visse melhor ESSE em que me TRANSFORMO no palco. não sei se foi mesmo necessário ler o livro da adler, sei apenas que minhas percepções foram a partir de então encaminhando-se numa outra direção, diria mais INTERNA. hoje, começa a QUARTA SEMANA de d

flaneando, acompanhado

fazia bastante tempo que não encarava uma nova peça. com medo de me deixar influenciar, quem sabe. não sei, no fundo. conviver no saguão com o público faz com que a gente permaneça no nível da plateia sem que o apercebamos facilmente. o outro estará lá, no palco. não seremos nós. será o outro. antes, entabulo conversa com linda atriz vinda de campinas. falo o de sempre, não fico nervoso, e fica a imagem do rosto e do diálogo por meio do olhar. encontro amiga atriz antes de entrar na peça e saio em completa dúvida. não sei se encontrei minha área de conforto, mas realmente navegar em outras percepções e visões do teatro chega a quase me cansar. prefiro ficar com os amigos e falar alguma bobagem. ver peça de amigos, assistir diálogos quase decorados, entrar na vibe que me agrada. a noite vale, assim fazendo.

A salinha lá ao fundo

Quem entra no teatro Cemitério de Automóveis pode reparar, após se acostumar ao palco, que lá ao fundo, lado esquerdo, há uma abertura que serve para os atores invadirem o recinto e interpretarem. Eu, que já assisti dezenas de peças no local, não conseguia matar a curiosidade. O que haveria lá, atrás da "porta"? Os atores que entravam não davam a menor indicação daquilo que poderia haver, e por vezes mulheres eram definitivamente jogadas lá por aquele buraco, no qual quem sabe existisse uma cama, talvez, por que não? (Lembro-me de Mulheres, e do fato de haver uma cena em que lá era imaginado o quarto de Chinaski). Eu havia feito oficinas ali, no teatro mesmo, mas não sabia o que havia lá, atrás daquele buraco. Agora eu atuo numa peça dirigida pelo Marião e, ao começarem os ensaios, finalmente descobri. Há um habitáculo relativamente grande em que se misturam sofás, cadeiras, cabides, mesas pequenas e não tão pequenas, baús, e tudo o mais. Há o que sempre há em uma coxia. O es

dias e noites - 4/9

ontem à noite, pouco antes da plateia entrar, finalmente pude assistir, em privado, a primeira cena de dias e noites, após todos os toques do marião. o mau e a helena seguiram à risca tudo e o batata pôs inclusive o som. foi uma apresentação privada. pude então sentir o drama. quando fico na coxia, esperando para entrar, vejo o mau chegando lá ao fundo do palco, rindo, e parando num instante em que é dada a deixa para a entrada do som. é nesse instante que me vem uma sensação - fugidia - de melancolia e depois de tristeza, quando o travesti vestido pelo mau vai lentamente em direção à prostituta conferir que o namorado dela está fazendo poesia - quando mal sabe escrever. uma sensação forte de perda da vida rumo a lugar algum - neste caso, sem o amor. já a cena com o eldo e a gabi, eu vi o fim dela outra noite. fiquei passado. o amor romântico - vem-me agora a música à mente - assume uma presença tão real e tão dramática - nestes tempos pós-dramát icos - que não consigo deixar de me re

ontem - dias e noites (espontaneidade)

ainda com respeito à peça. é interessante ver COMO o espectador TRADUZ em significado algo que eu faço de caso pensado mas que não recai NO MESMO significado. é como se ele, o espectador, lesse o ator DE SUA MANEIRA PRÓPRIA, e este não tivesse muito o que fazer, ou só o pudesse restrito aos seus limites expressivos. não aparecemos ao outro como queremos, em última instância, mas como SOMOS. claro  que aqui há muito a fazer. tornar o próprio corpo um meio requererá muito trabalho de bastidor. daí tantas oficinas que seria legal fazer. começo a entender que trabalhar melhor meu corpo não deve necessariamente retirar a espontaneidade do movimento que é meu e que o Marião percebeu a ponto de me escalar. tudo em dias e noites, de  Lucas Mayor , direção de  Mário Bortolotto , com a cia. la plongée, toda terça e quarta, 21h, frei caneca, 384, 20 pilas.

ontem - dias e noites

plateia novamente cheia, ontem a resposta foi similar à de 3a passada, em que o pessoal parecia mais, digamos, racional. riram ontem mais do texto do que de algum subtexto, mas houve também aquilo sobre o que falei com o  Lucas Mayor : parece que muitas vezes a pessoa ri da gag sem necessariamente entrar no mérito do texto. algo em que o jeito de fazer faz a diferença. mas são hipóteses, apenas. à s aída, o harry potter conversava com o marião e o celsão e aproximou-se dizendo que lê isto que escrevo. ele pareceu como que maravilhado com meu comprometimento com isto, com o teatro. realmente, se não fosse por ele não sei como seria. a vida, tirando ele, parece-me tão sem graça. o desafio de entrar no palco e tocar uma batuta que pode mudar a depender de ênfases determinadas é algo que nada consegue substituir. o diderot falava, sim, desse distanciamento que o ator assume, questionamento que outros retomaram, não me lembro bem quem nem como, mas diria que no meu caso esse distanciamen

jameson sobre brecht

ler o jameson sobre brecht no ônibus tem me ajudado a relevantar as questões inapeláveis sobre política que tanto me irritam por parecerem insolúveis. mas é tudo um processo, necessário acompanhar a lide diária dos que embarcam nas mesmas aporias.

(nostalgia do presente)

lembro-me com certa nostalgia daquelas noites em que eu entrava no sesc vila mariana com autorização para ver os ensaios das peças do gerald com o acordo tácito de nada falar. eu deixava o carro na rua, entrava por um elevador lá no fundo, pegava a fitinha colocada no pulso para mostrar que era autorizado a entrar e ficava lá, morgando.  ontem, antes de entrarmos em cena, fiquei observando as instalações do Teatro  Cemitério de Automóveis . todo o cenário estava pronto, a plateia esperava lá fora, os colegas da trupe terminavam de se aprontar, o marião tava lá fora, como sempre gosta de fazer, e eu, pouco nervoso, ficava reparando nos refletores - cujo efeito no palco sempre me surpreende -, nas cadeiras, daqui a pouco ocupadas, e sentia o sabor de espetáculo no ar. gosto disso, de ficar esperando o irredutível.  poderia me estender por páginas dizendo absolutamente nada disso que me agrada tanto. hoje tem mais. esperamos vocês lá.

dias e noites - 1

dirão que uma peça é boa quando deixa a vontade de ver mais. eu não sei. só sei que, da coxia de dias e noites, do  Lucas Mayor , direção  Mário Bortolotto , com  Helena Cerello ,  Gabriela Fortanell ,  Antoniela Canto , Francisco Eldo Mendes, Maurício Bittencourt e eu, dá uma tristeza tamanha em certos momentos, algumas frases e interpretações batem tão fundo que quase me deixo levar pela emoção, é realmen te difícil de explicar. o Lucas é um talento tão acachapante que a gente quase esquece que ele é esse cara tão acessível sempre bem-humorado nas coxias, sempre a postos, ora arrumando o cabelo do Eldo, ora contando piadas, tirando sarro e tal. é foda. e pensar que JÁ ESTAMOS NA TERCEIRA SEMANA. TANTA SAUDADE, JÁ. agora entendo essa paixão tão grande pelo Teatro. ou talvez quase entenda.

os sketches do gerald

como sempre tô mal de grana, então não pude comprar o livro de sketches do gerald, que achei na cultura malgrado os atendentes. há gente que costuma se interessar, ao ver os desenhos, com toda a trajetória do gerald, sua inserção no new york times, sua saída forçada (por ele), etc. mas isso é o que agrada o jornalismo de variedades. interessa notar o quanto o traço dele é interessado, é preocupado com aquilo que acontece. nota-se, pelo menos eu noto, que o desenhista - ele - se envolve realmente no assunto tratado, não o aborda de longe, mas criticamente, de perto, diria quase clinicamente, como se observasse um corpo a ser diagnosticado ou mesmo passível de biópsia ou autópsia. é isso o que faz com que não consiga notar claramente quando o traço se torna desenho para o teatro. claro que o desenho para o new york times é mais quadradinho, busca ocupar um espaço determinado, tem um perfil mais claramente identificado com crônica ilustrada para o jornal. mas não é isso o que faz com que

Ensaios e interditos

Acabo de ensaiar, em meu apê, a cena de Dias e Noites, do Lucas Mayor, com direção do Mário Bortolotto, e rir um pouco em meio aos diálogos tão woodyallenianos do excelente Lucas. Mas reflito que estou também lendo os livros do Strasberg, Adler e Stanislavski sobre atuação, sem saber muito bem como me localizar. Explico. O Mário me escolheu para o papel do Pedro porque sentiu que ele tinha minha cara. Bom, isso que poderia ser uma vantagem acabou mesmo sendo uma vantagem. Pude jogar no palco características pessoais bem minhas para atribuí-las ao personagem, e isso acabou dando um bom resultado. Mas será que eu estou interpretando, assim entendida a cena? Não sei. Não tenho CONSEGUIDO entrar na psicologia do Pedro, o personagem, talvez porque estou sinceramente preocupado em que o élan desse personagem não se perca com o tempo. Para isso tive que me concentrar em não jogar para a plateia, simplesmente fazendo o que é preciso ser feito, e em não me acostumar de forma inaceitável a

no palco

fiz karatê por cinco anos. durante o aprendizado, o sensei me dizia que meu principal problema era a tensão. eu ficava tenso o tempo todo e não deixava a energia fluir. lembro-me que das poucas vezes que a energia fluiu eu consegui feitos - para mim - memoráveis. hoje, trabalho, faço frilas, sou colaborador em publicações estrangeiras, escrevo para e sobre teatro e atuo. poderia dizer que meu problema continua sendo a tensão. em todas as atividades que desenvolvo permaneço tenso a maior parte do tempo. menos enquanto atuo. quando estou no palco, tudo torna-se um foco só. eu percebo as pessoas lá na plateia. percebo também que a distância é mínima e que estou sob olhares perscrutadores. percebo que não posso errar. que preciso manter a calma. e mantenho. é curioso, isso. essa, que é uma das atividades mais corajosas a que uma pessoa pode se ver sujeita, atuar em frente a uma plateia atenta, para mim é um prazer só. não fico tenso. diria que - até agora - nem mesmo antes de m