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risadas

ontem, todo mundo da trupe comentou que talvez tenha sido a melhor noite de todas. o pessoal ria adoidado e não paravam de comentar com as risadas as tiradas mais interessantes e hilariantes do texto do Lucas Mayor.
no caso da helena, gabi e eu, digo, da cena, a risadaria tomou conta da cena. é nisso que gostaria de comentar um ponto.
quando, após a estreia, ficou patente que eu havia conseguido fazer o personagem, passei a entrar num dilema. que é. quando a tirada sai e o pessoal ri, dá um tempo até que o pessoal consiga terminar de rir, curtir a risada. nesse tempo, há a tentação a deixar tudo parar um pouco para deixar tudo rolar. mas por outro lado se a gente parar a toda hora a cena acaba ficando truncada. acontece então que o texto vai rolando, as interpretações dão vida à coisa toda, e as risadas permanecem vivas e esparsas pelo palco. bom, isso respeitando todos os tempos e lugares.
foi então que perguntei ao Marião Mário Bortolotto, meu diretor, o que ele achava: espero ou deixo rolar? ele disse para deixar rolar. é o que ando fazendo. 
acho que as coisas já estão me deixando fresco. é como se quisesse que o pessoal morresse de rir. MORRESSE, LITERALMENTE. será essa a tal da vaidade? 
quem sabe.
dias e noites, frei caneca, 384, 21h, 20 pilas. chegue antes ou avise para reservar. o lugar tem NO MÁXIMO 38 lugares. Máximo digo quase um em cima do outro. ops

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