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Mostrando postagens de junho, 2014

Estatísticas - Junho/2014

Balada pra quem não me quis (terceiro CD do Saco de Ratos)

Minha relação com a música é verdadeiramente complicada. Com gosto eclético, tendo a me "grudar" em músicas, seja de ação, reflexão ou introspecção, de determinadas bandas e dificilmente disso sair. Minhas bandas principais são geralmente de rock ou metal. Mas todo mundo sabe que o metal, em geral, não é o melhor gênero para discorrer sobre amor. O próprio Mickey Dee, do Motörhead (só classificar a banda de metal já é uma discussão infindável), reclamou quando o Lemmy colocou Love no título de um CD dos ditos... Love, Lemmy, porra... Bom, no caso do Saco de Ratos meus musts, desde que os conheci, sempre foram os musts de todos. Não cabe aqui dizer quais, quem sabe, sabe. "Balada pra quem não me quis" nunca me chamou especialmente a atenção. A vida cumpriu sua parte ao me aproximar do tema. Ouvi a música, presente do terceiro CD da banda, ontem mesmo antes de sair. Foi a ocasião em que consegui - finalmente - ouvir com atenção - e pela primeira vez - esse CD d

Jerzy Grotowski, de James Slowiak e Jairo Cuesta (É Realizações Editora)

Existem dois outros importantes livros sobre Grotowski no país: esse já citado ("O Teatro Laboratório") e Jerzy Grotowski, de James Slowiak e Jairo Cuesta. O mais acessível é o segundo. Este segundo livro (o primeiro acabo de pegar) explica, de forma extremamente objetiva, como foi a biografia e o contexto em que Grotowski surgiu (a Polônia dos anos 60), como se deram os principais textos do polonês, como era Grotowski como diretor (lembrem-se de que seu teatro viveu diversas fases, algumas delas aparentemente distanciadas inclusive do teatro como arte expressiva), e como eram alguns de seus principais exercícios práticos. Aqui cumpre dizer algumas coisas: tanto o livro que originou esta resenha quanto este segundo livro, de Slowiak e Cuesta, embora tenham algumas páginas com exercícios práticos, estão muito mas muito longe mesmo de conseguirem explicar em que consistia a busca do diretor polonês, que em certa fase da vida inclusive passou a assumir comportamentos nômades em

Para um teatro pobre, de Jerzy Grotowski (Teatro Caleidoscópio e Dulcina Editora) (continuação)

Muito insatisfeito com o último texto (sobre este livro), tento aqui dar uma resposta a tal falta de precisão. "Para um teatro pobre" começa com o texto mais conhecido de Grotowski (que não está apenas aqui, numa tradução específica, mas também em "O Teatro Laboratório de Jerzy Grotowski 1959-1969", também dele e de colaboradores, editado pela Perspectiva, SESCSP e Fondazione Pontedera Teatro). Segue-se esse texto por entrevistas (por Eugenio Barba e Naim Kattan) com o polonês, e por textos em que se reflete como se deu o tratamento das peças Akropolis, Dr. Fausto e O Príncipe Constante. Estes textos têm autoria variada: Ludwik Flaszen, Eugenio Barba e o próprio Flaszen, respectivamente. Em seguida, dois textos do próprio Grotowski (sobre Artaud e o Instituto Borh), anotações de Barba e Franz Marjinen, nova entrevista com Grotowski (por Denis Bablet), sobre a técnica do ator, o célebre O discurso de Skara, outra entrevista com Grotowski (por Richard Schechner e T

Grupo Garotas do Contrera e Cia. - Apresentação Um Fim, 24/6/14

Esta terça, 24 de junho, ocorreu a sexta apresentação de cenas das Garotas do Contrera e Cia. No caso, foi uma cena que eu fiz especialmente para a Raquel Cantanho e o Cézar Hiraki Velázquez, que se prontificaram em deixá-la pronta em uma semana. Fizemos dois ensaios (comigo) e eles ensaiaram várias vezes sozinhos. A apresentação se deu com trilhas (que eles trouxeram), para antes e depois da cena, e eles seguiram, e conseguiram fazer, quase todas as indicações que eu lhes dei. Eles se saíram superbem e várias pessoas elogiaram posteriormente. Mas houve algo diferente, também. O tom final da cena, com as trilhas, escapou em grande parte do que eu imaginava, mas, ainda mais importante, isso não importou tanto, pois o tom meio tarantinesco resultante agradou bastante. Não que eu espere agradar, mas isso mostrou, desta vez inadvertidamente, que não é necessário necessariamente seguir o que digo ou fazer exatamente como imagino para que o resultado final agrade a nós e a quem assiste.

Para um teatro pobre, de Jerzy Grotowski (Teatro Caleidoscópio e Dulcina Editora)

Quando começou minha fixação por teatro, em suas mais variadas formas, eu me lembro de pesquisar as livrarias por toda e qualquer tradição do teatro grego, em primeiro lugar. Depois vieram os livros ensaísticos sobre teatro. Depois ou simultaneamente vieram as peças mais modernas e contemporâneas, dos mais variados países. Depois vieram os livros sobre encenadores, dentre eles Gerald Thomas, Bob Wilson, Tadeuz Kantor e Meierhold, dentre outros. Craig e outros vieram de roldão. Já quando comecei a frequentar grupos ou saraus as leituras tornaram-se diferentes. Stanislavski, Adler, Strassberg e muitos outros começaram a aparecer. Mas eles não diziam muito para mim pelo simples fato de que eu não havia ainda pisado o palco como ator. Quando isto começou a acontecer, os livros desse tipo passaram a fazer finalmente sentido, e os trabalhos de encenadores passaram a ficar meio que para segundo plano. O que não significa que eu os tirara da minha frente. É que havia algo muito mais carnal

Aprendizagem

Garotas, caras Ontem aprendi muito. Em grande parte pelas mãos do grande César Ribeiro, que agora poderá - se quiser - nos acompanhar também por aqui. Raquel Cantanho  e  Cézar Hiraki Velázquez  foram muito bem. Numa cena cujo tom foi bem mais deles do que meu. Mérito e glória deles. Continuamos então. Beijos Rodrigo Humberto León Contrera Hj tem peça da  Júlia Rodrigues , estarei lá se Deus quiser

Grupo Garotas do Contrera e Cia. - Primeiros Passos

Todo o trabalho com o grupo Garotas do Contrera e Cia. começou com uma simples cena. Eu queria me declarar a uma mulher e escolhi uma atriz amiga, a Gabi, para me acompanhar na tarefa por meio de uma encenação a partir de um monólogo que foi simplesmente lido. No caso, a Gabi só aparecia e sentava na minha mesa. Eu - claro - lidava com a interface realidade-ficção. O efeito aconteceu do jeito que eu imaginava. Mas por algum motivo - de que não me lembro - decidi continuar a tarefa fazendo uma cena para 6 mulheres - num formato experimental - e - também não sei como - todas as 6 atrizes toparam. Eu - que normalmente mal conseguia lidar com minha grosseria no trato - estava apavorado. Não sabia o que iríamos fazer durante o ensaio marcado. Optei por seguir uma direção extremamente respeitosa para todos - simplesmente fazer leituras e, com elas, auferir o que acontecia com a cena. Elas gostaram tanto do processo que me conduziram a fazer outro ensaio, e mais outro, e mais outro. Durante v

Grupo Garotas do Contrera e Cia. - Um início

Criei o grupo Garotas do Contrera e Cia há alguns meses. Desde então, diversas cenas foram passadas às atrizes (e agora também a atores) e algumas dessas cenas, apresentadas no Sarau da Terça, na última terça de cada mês. O grupo tem quase 20 membros, a grande maioria mulheres. Venho privilegiando a intuição na atribuição das cenas às atrizes (e também na elaboração/escrita das cenas). O mesmo para a entrada de atrizes no grupo e para a explicação a elas de como o grupo funci ona. Em um caso específico (em que não havia aceitado a entrada de uma atriz), o processo foi transformador (especialmente para ela, que tornou-se muito mais leve no trato e aberta às minhas indicações). Em outro caso, determinada atriz passou a "viajar" só com a menção à sua entrada. No trato com a maioria das atrizes, contudo, a ênfase tem sido costumeira, menos pessoal e mais restrita à cena em si. Aconteceu que com o tempo passei a entender que eu precisava aprofundar o meu conhecimento sobre o teatr

Aprendendo

Há uma coisa de eminentemente instintivo e diferenciado nessa minha forma de fazer em teatro - e cinema. Ocorre que ao ler e ao anotar dados importantes eu SEMPRE busco aprender ENQUANTO faço. Em suma, se escrever aqui fosse apenas transcrever reflexões eu não me sentiria tão à vontade. O que me interessa é reter o que importa na cabeça e aqui - por escrito - colocar coisas que acabam colocando tudo em xeque e por sua vez fazer de forma dialética mesmo com isso que acabei revelando aqui por escrito e também com o que deu origem a tudo. Interessa-me aprender sempre - e quem sabe seja essa a forma pela qual eu coloco o inconsciente e o subconsciente em cena. Pois ao reparar que eu quero filmar as garotas diante da câmera para vê-las namorando-a eu desanimo - mas simplesmente em reparar nisso ENQUANTO ACONTECE isso realmente me anima. Surge o novo - na prática, sem teoria. Não quero teorizar aqui, nunca quero. Isso me enche realmente o saco, colocar por escrito algo que nem sei o