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Jerzy Grotowski, de James Slowiak e Jairo Cuesta (É Realizações Editora)

Existem dois outros importantes livros sobre Grotowski no país: esse já citado ("O Teatro Laboratório") e Jerzy Grotowski, de James Slowiak e Jairo Cuesta. O mais acessível é o segundo. Este segundo livro (o primeiro acabo de pegar) explica, de forma extremamente objetiva, como foi a biografia e o contexto em que Grotowski surgiu (a Polônia dos anos 60), como se deram os principais textos do polonês, como era Grotowski como diretor (lembrem-se de que seu teatro viveu diversas fases, algumas delas aparentemente distanciadas inclusive do teatro como arte expressiva), e como eram alguns de seus principais exercícios práticos. Aqui cumpre dizer algumas coisas: tanto o livro que originou esta resenha quanto este segundo livro, de Slowiak e Cuesta, embora tenham algumas páginas com exercícios práticos, estão muito mas muito longe mesmo de conseguirem explicar em que consistia a busca do diretor polonês, que em certa fase da vida inclusive passou a assumir comportamentos nômades em busca de verdades mais próximas da busca pessoal por uma certa paz e que também dava grande importância a exercícios de índole tribal ou mesmo reducionistas (chamo assim a insistência do polonês em despir o ator de movimentos que ele considerava falseados atribuídos à ação da sociedade no ser humano). Para citar uma passagem deste segundo livro, os autores citam momentos de pesquisa, por parte de Grotowski, em que os envolvidos em suas oficinas simplesmente se dedicavam a estudar movimentos como simplesmente andar (por exemplo). O problema, para os mais afoitos em entender o teatro do polonês, é que Grotowski nutria profunda desconfiança pela sistematização (como método) de seus passos - e até mesmo pela simples divulgação escrita de suas conclusões. Além do fato de Grotowski se desfazer continuamente de seus achados em benefício de outros (achados) ainda mais conclusivos.

De minha parte, o que mais me atrai nessa trajetória de Grotowski e de seu teatro e ações diversas é o entendimento de que o teatro pode ser uma forma pela qual o ator e o espectador são defrontados face à verdade de cada um, sem que com isso se sintam por outro lado a tal ponto invadidos pela "mensagem" a ponto de a recusarem. Um respeito avassalador para ambas as partes, é o que derivo de seu cuidado com o ator e com o espectador. A ponto de suas apresentações serem de força indiscutível. 

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