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Mostrando postagens de agosto, 2011

a ditadura dos monólogos e da chatice

assistindo às peças do francisco carlos, e reparando nas minhas, digo, nas que crio e às vezes apresento, veio-me uma constatação: cara, por que é que nele e em mim, e em bastante que vejo por aí, latão inclusive, há tão poucos diálogos, dominando quase sempre os monólogos? estranho, isso. estranhando também a seriedade ou pretensa seriedade do que vemos por aí no meio, agora meto-me a ler as comédias de maria carmem barbosa e miguel falabella. confesso: não ia com a cara dele. mas avistei e folheei o seu último livro e achei do caralho. não comprei, mas achei. fato é que hoje, ao folhear o livro que comprei e outro da claudia vasconcellos, veio-me de novo essa percepção: cara, que chatice essa moda de textos à la beckett, de personagens inexistentes, etc. e tal. sabem do que falo. não é nada a ver com o que o lúcio jr. faz, de que gosto, aliás. tem a ver com algo de influência europeizante que ainda me enche o saco - refiro-me a influenciar-me. deixo como uma vírgula para "

uma coisinha

termino de ler, na cama, a cidade assassinada, de callado. já comentei como esse tipo de peça preenche uma necessidade. de nos olharmos no passado. mas tanto que ficou de fora. sabiam que são paulo era uma das mais cruéis escravizadoras de índios lá pelos idos dos 1500 e que havia uma espécie de guerra entre a cidade a companhia de jesus, dos jesuítas? lembro-me de haver lido sobre isso num livrinho descompromissado sobre a cidade. onde estará ele? mas não tenho nem de longe capacidade para criar esse tipo de peça. será? dá vontade. face criações desse tipo a briga entre realismo, naturalismo, etc. não faz sentido. é aquele negócio: alguém discute o teatro clássico? ninguém. ele é clássico, está formado, comentado, pronto. vanguarda aqui é realmente saber apresentá-lo - não necessariamente de forma diferente do normal. pequenas observações.

leituras

impossível, lendo hierofania, do milaré, sobre o antunes, permanecer preso ao universo do autor. pois isso que atrai num brecht não tem a menor importância no desempenho do ator. e entrando em detalhes, caindo de boca no palco, percebe-se a que ponto realmente o trabalho no palco é uma ponte entre universos. sejam eles quais forem. curioso que eu não notara isso nem nos livros do stanislavski nem naquele sobre figurinos, do fausto viana. algo, porém, deu para notar naquele do abensour sobre meierhold. sim, aqui dá para sentir a radicalidade do metier do ator. não à toa nosso universo é a tal ponto dominado pelo imaginário. filmes sem conta, peças que mexem, novelas que conduzem as massas pela mão em direções sempre inacreditáveis. por isso, quem sabe por isso, convém aprofundar-se nesse campo do indizível, do inconsciente junguiano. sim, o merquior abordou de forma insuficiente a opção do suíço (disto não tenho certeza, digo, da nacionalidade). o rompimento de doutrinas freud-jung

lembranças, apenas uma peça curta

entrei no teatro pelas indicações do sérgio de carvalho, hoje da companhia do latão. lembro como se fosse hoje, após assistir esperando beckett, do gerald, com a marilia gabriela: então não estou só. antes, lembro-me que o christian, lá do pelé.net, disse para assistir salmo 91, acho. eu disse, se eu for, morro. tinha medo. depois, foi o circo de rins e fígados, o contato com o gerald, por email, o contato pessoalmente, os ensaios sem conta, a sensação de liberdade, e pumba a estréia. o palco tinha de ser meu. bom, tudo agora é história. acabava de chegar à padaria, próxima ao consultório da terapia, hoje à noite, quase 19h, quando me dei um tempo para ler uma peça curta do mário peixoto (disse, viram?). cara, foi num átimo. fantástica. e escrita em 1931!!!! agora, o contato com o arquivo mário peixoto. primeira vez que quero encenar algo alheio. tudo novo, agora. a vida. será que agora irão me levar mais a sério?

movimento "correto"? não

falei nos comentariosdocontrera que conheci o saliba. e que ele viu a vida e morte de dave clark na íntegra. e que ele trabalha(va) com pessoas que sofreram derrame. aqui, algo a dizer sobre o que me atrai nisso. sempre discordei do movimento correto. desde aquela época em que mal sabia me movimentar, dar um passo após o outro. aprendi karatê depois, e soube me adaptar. e compartilho da idéia de que a técnica é tudo. mas em algo que não diga respeito a vida e morte não posso concordar com esse negócio de movimento correto. claro que admiro a dança em geral, e que percebo o quão expressivo é o movimento correto no palco. mesmo o preparo para ele, o aquecimento, alongamento, etc. mas mesmo assim continuava insistindo: o movimento correto me engana. ouvi falar de bob wilson, li sobre ele e soube de sua ênfase no movimento dos retardados, de como ele aprendeu com a palavra por um quase autista, o christopher knowles. e "viajei". então era possível. um mundo inteiro abr

a palavra do novarina e outra do callado

estou há semanas carregando diante da palavra, de valère novarina, de lá para cá. foi o pessoal da 7 letras que me mandou, a pedido. li o primeiro "ensaio" tão logo chegou. tão "metafísico", diria. colocações estranhas, dúbias, mas que de alguma forma faziam sentido. os outros ensaios, menos estranhos. leituras de pinturas, etc. mas o primeiro me pegou. nunca havia visto algo tão estranho. nem em beckett, até porque este não discute a palavra. ele simplesmente diz. difícil tirar dele algo que possa se aproximar de algo ensaístico. lembro-me inclusive dos primeiros ensaios deste. mas nada do tipo. voltando ao novarina, agora eu começo a selecionar trechos, para a resenha. ontem, no morumbi, no shopping digo, fiz minhas primeiras. mas estava com sonho, não consegui fazer muito. os dias têm sido pesados. as noites, também. ontem pego a cidade assassinada, também do callado, e vejo como ele já fez aquilo que um dia me veio a idéia fazer. peça realista com base no p

o fígado de prometeu (antonio callado) (9 linhas)

leio o fígado de prometeu de antonio callado. é algo que me surpreende sempre: enquanto em ficção em prosa os romancistas começam mais ou menos e melhoram, quando melhoram, com o tempo, em teatro os caras nascem feitos. quase todos. estranho. quem dera eu pudesse dar-me de crítico. digo apenas que gostei. eu, que normalmente não aprecio coisas com eira e beira, desta vez me deixo levar. a trama, entramada até o finzinho, prende a atenção. os personagens como que se imbricam de forma a perderem distinção entre si. quem é quem, não se sabe. dá vontade de ler mais.

8 linhas curtas

hoje eu quase não pensei nem fiz nada sobre teatro. passei amigos à nathalia, da in press porter novelli, que leu e pelo que vi não achou nada demais. falei bastante sobre, mas só. enquanto esperava, de manhã, deu para ler algo de jango. e chegando aqui, vi algo no facebook sobre. só. não tenho então muito a dizer. o dia se vai e é isso. chau. desculpem.

algo mais pá

o raffa sempre me traz à razão. como posso pegar influências alheias se não dou condições para tanto? é por isso que ele pede mais texto. mais indicações. teatro-texto. como antes. das vezes em que controlei as condições com mão de ferro. eu, que quero dar espaço ao acaso, preciso olhar para nós mesmos. mas não tenho condições - creio - de entabular a peça-ditadura. e sem condições de tornar a ópera-rock viva. algo que me supera. projetos que devem viver, cada um à sua forma. não quero mexer o que já dei por acabado. começar do zero rumo a porto desconhecido. não é difícil, não, admito. mas me causa certa decepção. correr, mais e mais. agora leio sobre óperas. e ouço moses und aron. não sinto muito. limitações minhas, minhas, minhas mesmo, de quem supera tudo quanto estranheza que surge por aí? quero algo mais pá, como digo, mais básico, na cara, pá.

uma pecinha

enquanto viajo no youtube, em músicas que me lembram momentos, acompanho a jô comentando que está escrevendo uma peça. páro. lembro-me: eu havia me prontificado a ISSO. inclusive em mandar email a quem de direito. abro o notepad. teclo uma e outra coisa. começo pelo título. mau sinal? as cenas se seguem. termina uma, começa outra. final. assim de simples. mando mensagem ao raffa. finalmente uma peça em que só ele irá brilhar. eu me ocuparei do resto. muito, sempre. e mando email ao gustavo. de volta à rua.

sobre algumas atrizes e amigas (roberto zucco)

preciso ser breve que amanhã teremos de acordar às 4h. quero comentar sobre algumas trajetórias. de gente ligada ao teatro. a lilian. conhecêmo-nos numa audição (é assim que se chama?) para peça do gerald. na época, ela me deu um livro. não sei onde está - desculpe... o gerald não a escolheu. passaram-se as peças do gerald, a que assisti como espectador e nas coxias, e desde então perdemos contato. há alguns dias, quem sabe semanas, nos vimos nos satyros. e ela me disse de roberto zucco, a peça. eu disse que não estava a fim de ver história de serial killer. tudo bem, defensável, mas é dizer que não gosta do que não provou. via facebook, achei que ela queria falar comigo, mudei de idéia. falamos ao telefone, ela me convidou novamente, fui. e adorei. (ainda preciso escrever ao rodolfo o que achei de proveitoso - ou assim acho) após a peça, conversamos. e disse o que senti. e ela assentiu, e deve ter gostado muito. hoje, recebi mensagem dela em branco. não entendi. tentei falar com

a alegria de assistir teatro, simplesmente (roberto zucco)

ah, que vontade de sair assobiando por aí. acabo de assistir roberto zucco, nos satyros. foi a lilian que me convidou. peguei a cris em congonhas, levei para casa, comi alguma coisa e saí correndo. cheguei a tempo de ler o programa. e de quase terminar o texto em homenagem ao guzik. entrei na sala, confesso, sem muita convicção. não sabia que a peça ganhara vários prêmios. nem lera crítica alguma a seu respeito. entrei como entra um desavisado. sentei bem na frente como sempre. não tiro a surpresa ao contar que a platéia - dividida em dois grupos - é móvel. porque uma coisa é sabê-lo, outra é vivenciá-lo. e eu, que não gosto muito de invencionices, embarquei nessa sem saber direito o que pensar. logo na segunda cena, a lilian aparece. e a morte da mãe parece-me meio mal-resolvida. algo no tom ficou a ser resolvido. (conversando com a lilian depois, ela assentiu. há ainda lá algo que falta) mas foi passageira, a impressão. os personagens aparecem, e sem entrar em detalhes entr

a fritura de meierhold, lenin e a atração que a tradição desperta em mim

leio a muito custo, pela falta de tempo, a biografia que gerard abensour faz de meierhold. as primeiras páginas localizam o destino do ator e encenador pouco antes de ser perseguido pelo regime. nesse ponto eu páro para pensar. lembro-me da leitura dramática que o caetano vilela e trupe fizeram de travesties, de stoppard. e de minha surpresa ao concordar com o lenin, justo com este cuja biografia, de robert service, leio quando dá um tempinho. inacreditável como possa corroborar o universo dessa máquina. ocorre-me o mesmo pensamento. enquanto acompanho a fritura do encenador pego-me ora condenando a tragédia, ora concordando com os detratores. não sei o que me acontece. acaso a liberdade precisa estar sujeita ao prisma do regime em vigor? não sei, sinceramente não sei. olhando de longe é fácil avaliar a luta pelo prisma de quem a sofreu na carne. mas e se eu estivesse por lá? não sei. outra pequena reflexão. vejo levas e levas de colegas tentando inovar no teatro. e o cansaço deco

algo sobre cantinflas e meu caminho em direção ao palhaço

comento como se fosse teatro porque pelo cinema não creio optar, ao menos por enquanto. alguém se lembra de cantinflas? do carlitos mexicano? minha mãe viu muito dele durante a juventude. eu não me lembrava. acabo de vir assistir o grande fotógrafo, dele, comemorando seu centenário. cantinflas era tão conhecido que o próprio charles chaplin disse, ao que parece, que ele era o palhaço mais engraçado do mundo. meu interesse é na linguagem desses palhaços. explico. há alguns meses, talvez um ou dois anos, fiz uma oficina de palhaço. não me agrada a figura do palhaço. queria algo tipo carlitos. ou, mais recentemente, algo tipo cotoco, do barracão teatro (ésio magalhães). ou buster keaton. durante a oficina, houve um pequeno exercício - a gente devia bolar um número curto de nosso palhaço. meu número - houve dois, o outro conto depois - consistia em cantar il pagliacci, de leoncavallo, enquanto me pintava de palhaço. fiz. agradou mais ou menos. mas uma observação da silvia leblon,

sobre uma pessoa que diversas vezes encontrei por aí

não resisto. ontem, fui assistir à ópera dos vivos, da companhia do latão. voltando no tempo. eu trabalhava no guia rural e o sérgio de carvalho fazia frilas para a revista. uma noite ele me convidou para uma festa. fui mas como sempre me isolei. outra noite encontrei o sérgio e uma garota na premiere do lamarca, o filme. eu trabalhava no pelé.net e o sérgio já lidava com teatro. numa passada dele por lá, ele me disse que eu devia assistir uma peça do gerald. fui. outra vez ele me convidou a assistir ensaio, acho, do latão. saí irritado, tanto burguesinho falando de operariado. outra noite, há alguns anos, fui assistir peça do latão, já consolidado, e saí sem saber o que achar. mas achei chato. ontem, a iná camargo costa lá, muito simpática, o sérgio aparece de repente e diz, brincando, a um sujeito chamado daniel, mas você aqui!!!! não o encontrei mais. acho esse negócio de purismo um porre. de purismo à la brecht, no caso. mas entendo o porquê. espero que não seja somente

meierhold e a ópera dos vivos

lendo sobre meierhold, o livrão do gerard abensour. começo a compreender o que é realmente um encenador. mais do que um mero cenógrafo (e isto já é bastante com o que se preocupar). em busca de disciplina para ler tudo sem com isso atrapalhar o andamento de meu blog de resenhas. ... ainda sobre a ópera dos vivos, do latão. sabem aqueles bêbados que falam consigo mesmos nas ruas da cidade? gritam, na verdade? algo similar sinto ter sentido durante a peça. como se a mensagem brechtiana fosse de si para si mesmos. há exceções, claro.

algumas impressões sobre a ópera dos vivos, da companhia do latão

foram quatro partes. "sociedade mortuária, uma peça camponesa". brecht puro. faz-me sentir bem, por mais estranho que isso possa parecer. ironias certeiras, necessário posicionar-se. lembro-me da eca, dos filmes e aulas sobre as ligas camponesas. obrigatório entender o que se passou. sim, obrigatório embora chato. sinto-me bem ao fim do ato. tudo começa a fazer sentido. leva-me a querer me aprofundar - em tudo, marx, golpe, ligas, etc. "tempo morto - um filme sobre o golpe". algo de canhestro naquilo que expressam as filmagens. parece uma versão b do terra em transe. ou uma visão apocalíptica daquilo que mal aconteceu. o distanciamento não aparece, aqui, agora. fica uma impressão de déja-vu tosco, mal ajambrado. a ilusão brechtiana (sei que há algo de contraditório aqui, mas é como posso me expressar) parece cair de vez. não consigo levar a sério. alcançamos um ponto de no return. "privilégio dos mortos" encenação de show que não convence. não enten

Floresta de Carbono - De volta ao paraíso perdido, de Francisco Carlos, SESC Pompéia, 11/8

Um cenário estupefaciente. O veículo dirigido pelo homem-águia, o servo. Lá dentro, a atriz decadente, casada com o rebelde-sem-causa-ator-sem-presente-nem futuro. Sai ela do carro, discorre sobre o paraíso a que chegam e onde o homem-águia prepara o piquenique. Expressividade enlouquecida, idas e vindas de universos na mente da atriz, que percorre e discorre sobre o presente, o passado, o tênue futuro. Sai, meu tarzã, vem ver o que temos aqui. Tarzã sai e se mostra, cambaleante, o ator sem presente nem futuro, aquele que queria ser, aquele que queria usar a tradição para encontrar o seu lugar, o seu perfeito lugar, mas nada, nada resta, só lhe resta a rebeldia de quem não tem causa. James Dean, o universo fílmico que invade a floresta. A natureza. O homem-águia, o servo, verifica o estado do veículo. Quando sai o militar. De dentro de. Sai e jorra discursos, sai e encurrala a atriz, o atorzinho de meia tigela. Sai e contextualiza, sai e engloba o que estaria para ficar por isso mesm

Xamanismo The Connection, de Francisco Carlos, SESC Pompéia, 11/8

O Jaguar parece não estar aqui, agora. Ilusão. Lá o ator, não somente o ator, a presença, enquanto a história contemporânea, pós 1968, pré Zapata, durante Chiapas, radicaliza o ser da produção, do mercado, numa leitura sobre política e mídia chapada, mas ágil, incomum e nem por isso desinteressante. O Jaguar permanece. Há já no começo uma jovem, que vive-morre enquanto cunhado e namorado brigam, e tudo recomeça. Enquanto a droga grassa e a morte engloba tudo e todos. Tudo termina como começa, e tudo recomeça. O eterno retorno.

Aborígene em Metrópolis, de Francisco Carlos, SESC Pompéia, 10/8

Transportados à São Paulo mítica de sempre. O Jaguar vem conosco. Transita do Banquete às novas condições. A tradicional viagem do outro perante a civilização. O embate, a violência. Pano rápido para contextualizar o ser, a moda, o ser da moda. Quem somos nós, somos o que parecemos ou algo mais, algo menos? A mulher. O objeto. O strip-tease. O esvaziamento do sentido. Não me lembro de muito mais. Muito rápido. Precisaria ver de novo. Não me lembro. Não me lembro. Não me lembro. Mas vale a pena, sim, vale a pena. A última impressão foi a que fica.

Banquete Tupinambá, de Francisco Carlos, SESC Pompéia, 10/8

Uma oca estilizada. Uma mulher de costas. Dois homens índios ladeando um outro que se faz de fora. Uma linguagem nativa-contemporânea, o abuso do jogo de palavras, a expressividade envolvida em trechos de língua nativa - ou ao menos parece. O discorrer sobre a bebida-caulim-sangue, a bebida que é beber todo-o-outro. O tradicional jogo da antropofagia, capturar o outro, dar-lhe uma prenda, a mulher, exigir uma prenda alheia, a recusa, comer o outro. Quem sou eu, quem o outro? A peça envolta em poeira - real - cativa pelo texto ágil e forte, nada a lembrar esse decadentismo europeu que tanto grassa por aí. O jogo é nosso. É aqui e agora. Não quero falar demais. Vocês precisam ver por si sós. Até o fim - que já mostra a marca do autor (depois irá se repetir).

mais breves impressões sobre peças do francisco carlos

apesar de não estar REALMENTE em condições de me estender muito, dado o cansaço que experimento, PRECISO lhes contar: cara, realmente há muito tempo não saia tão satisfeito de fazer parte dessa trupe toda do teatro. pois "xamanismo the connection" e principalmente "floresta de carbono - de volta ao paraíso perdido", ambas do francisco carlos, realmente animam qualquer um que se considere ligado ao teatro. saí virtualmente CHAPADO desta última, não emocionado como na peça com o Cotoco, do Barracão Teatro, de Campinas, mas engrandecido pelo texto, encenação, atuações, tudo. vocês realmente NÃO PODEM perder. claro que embora fiquem somente até este fim de semana no sesc pompéia, vocês irão vê-las por aí. pois falam por si sós. pois. este texto não ficou assim como eu queria, mas paciência. a cama me espera.

um pouco sobre o jaguar cibernético de francisco carlos

havia tempos que eu estava curioso com as peças desse amazonense meio maluco - agora disso eu tenho certeza. acabo de chegar de assistir a banquete tupinambá e aborígene em metrópolis, ambas peças que fazem parte da quatrilogia com o título acima. não consigo descrever em pormenores o que vi. só sei que me senti bem. o carlos apoia-se fortemente no texto. há, aqui e acolá, algo em termos de movimentação cênica, luzes, vozes em off, etc. mas a força está mesmo no texto. o banque tupinambá chama a atenção primeiro pelo ineditismo de se ver a constituição de uma cena como que na oca de índios estilizados que confabulam numa língua estranha e próxima simultaneamente. aqui e acolá termos emprestados do nosso cotidiano num universo que nos é estranho mas que parece tão próximo como pouco do que já vi. entramos na oca dos leões e entendemos o enredo de um povo que devora outro para em seguida ser devorado, numa antropofagia aparentemente inesgotável. a peça acaba com um grito em forma d

Diário Baldio, 7/8/2011, Tusp, BarracãoTeatro

Estréia. Platéia pela metade, o espetáculo começa com sons de rua. Aparece aos poucos Lady, o travesti criação de Gabriel Bodstein. Entramos em seu universo idealizado, de paraíso em meio ao lixo. Não sinto muita empatia. Surge Cotoco (Esio Magalhães). Um ser deformado. Só dá para ver um de seus olhos, e mesmo assim com dificuldade. Não fala, grunhe. Não mexe os braços, os desloca desajeitadamente. Não anda, escorrega com os cotos, com os joelhos. Trava-se o contato. No começo uma distância entre Lady e Cotoco. Aos poucos, Lady embarca na expressividade dos recursos do meio-animal. Que de meio-animal não tem nada. Sabe tocar flauta. Anda de skate. Mas mantém com o mundo o olhar de uma criança. Sempre algo a descobrir, o espanto, a empatia com qualquer detalhezinho do mundo. Sinto-me desfalecer ao me identificar com o ser que conquista a todos com sua inteligência, mascarada por uma aparência que faz jus contudo à sua condição de excluído. Cotoco rouba a cena. Poderia estender-me l

diário baldio (barracão teatro)

foi no tusp. fazia tempo que não assistia um espetáculo. qualquer um. o que se seguem são meras impressões pessoais. saí transtornado. à beira do choro. o personagem do ésio magalhães, o cotoco, me lembrou as aulas de palhaço que tive com a silvia leblon. os raros momentos em que minha expressão começava a aparecer, estranha. a máscara do cotoco é bárbara. algo de o corcunda de notre-dame. mas seria inviável simplificar. o fato é que a ingenuidade-esperteza-barbaridade do personagem cativaram-me como muito poucas vezes. tanto que cogito em tentar fazer oficinas com eles. eu sei que o caminho está por aí. um dos meus caminhos, claro. há vários outros. mas esse é um deles. pois não gosto de representação, se me entendem. o realismo me enche o saco. e o cotoco tem algo de estranho, creio que da commedia dell'arte, que eles citam e que eu não conheço. ah, a santa ignorância... compro o caderno zibaldone 1-dramaturgias contemporâneas, e vem sem uma página. mas peço a eles e começo a ler

o choro de uma garota

uma breve história que contei ao hermas e a uma garota chamada monica lá no rio. eu havia me esquecido. tem a ver com teatro. ... aconteceu quando eu fazia jornalismo na usp. eu pegava ônibus todo dia. uma tarde, entrei num ônibus e sentei ao lado de uma garota, que devia ter uns 18 anos, quem sabe. conversamos. ela me disse que tinha ido fazer uma prova de redação. eu lhe disse que interessante, você tem algo que escreveu aí com você? ela disse que sim, eu li. achei normal. em seguida, eu lhe disse que eu também escrevia. ela me disse posso ver algo que você escreveu? eu disse que sim. passei a ela um texto que eu havia feito sobre ou para o meu pai. à época, o bicho estava pegando. meu pai ou estava internado em clínicas psiquiátricas ou voltava bêbado em casa e as discussões rolavam soltas. era o começo de algo que quase me destruiu. eu não me lembro exatamente sobre o que era o texto. mas era uma tentativa de comunicação. a garota leu em silêncio. terminou. chorou. as lágrimas saía

sobre algo de que não me lembro

... a cris me conta... esqueci. este espaço é (ou deveria ser) sobre teatro. mas as gatas ladeiam-me aqui. e a cris sossegada ao meu lado, a tv, a sombra da gata, o ferro esfriando, e o mundo andando. ... sexo e política, no centro de minhas preocupações. terão seu lugar na ópera cover. a política. minha primeira pecinha começa com o 11 de setembro. nada a ver com o gerald. não, meu caro, eu o vi de longe e o senti de perto, sim, mas de forma para você inimaginável. acredite-me. não importa muito, claro, afinal quem sou eu. quem é o gerald. oh... atenho-me aos poucos que me lêem e que acompanho. não quero sentir pena falando de política. política não tem espaço para isso. não me venham com cantilenas. vão falar com o sêneca, então. que morreu assassinado, ora. mas nos deixou algumas obras (que aliás vêm me decepcionando um pouco, só um pouco). vão falar com o colega chileno que perdeu a cabeça ao falar de suas impressões da tortura no chile. vão falar com os mortos. eu tentei. ... e o

ultimo no rio

ultimo post no rio. lembro da exposicao sobre o movimento punk. nao como movimento propriamente dito, mas voces entenderam. assisti vezes sem conta um video que nao era identificado. procurei procurei e nao achei. narrava a ida do resto dos sex pistols ao rio, para visitar ronald biggs, e o encontro amigavel, e as perguntas, deixem o crime para os criminosos, e tudo focado em um membro deles que nao conhecia. o jeito dele desconfiado me chamava a atencao. o sid devia ser ainda pior. ee esse jeito que me atrai. o resto do punk me irrita, sobremaneira. tentativa de capturar algo, a vida, que nao deve ser capturado. tentativa de domesticar a energia. sem nexo. muito interessante mas ao mesmo tempo entediante esse negocio do video de warhol sobre lou reed e velvet underground. lembro de minha irma. irritacao. coisa de boiola. nao entro nessa. fico com os sex pistols. permaneco raso, porque quero.

a estetica punk que nao ee esquecida

ta certo, nao ee sobre teatro, mas como para mim tudo tem a ver com tudo mesmo... tarde livre no rio, vou ao centro cultural bb, e vejo i am a cliche, ecos da estetica punk, mostra bem legal que nos da um panorama dos principais expoentes da estetica punk, que sobreviveram aos tempos embora que - a maior parte - tenham morrido aqui na terra. David Wojnarowicz, andy warhol (claro), bruce conner, david lamelas (argentino, quem diria), linder, jamie reid, stephen shore, dennis morris, etc etc. procurem por ai e vao ver coisas muito legais. se bem voces devem bem conhecer, entao... bom, ee chover no molhado. entro em duas livrarias, e quase compro gargantua e pantagruel, mas leio e nao vejo que coisa nada demais, e quase decameron, do bocaccio, tambem a mesma coisa, e a obra do jorge mautner, algo do kaos, toda ela, 80 reais, mas nada de anima. sei la, que coisa, tudo me parece a tal ponto batido que nao consigo mexer o meu bolso, sabem como ee. encontro diversos cds do philip glass em loj

no rio

estou no rio de janeiro. a trabalho. amanha teremos de acordar as 6h. pararemos depois do almoco. depois, liberdade. vou me informar: o que rola aqui que seria legar assistir amanha (porque quarta nao vai dar)? alguem me ajuda?? obrigado!!!