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leituras

impossível, lendo hierofania, do milaré, sobre o antunes, permanecer preso ao universo do autor.
pois isso que atrai num brecht não tem a menor importância no desempenho do ator.
e entrando em detalhes, caindo de boca no palco, percebe-se a que ponto realmente o trabalho no palco é uma ponte entre universos. sejam eles quais forem.
curioso que eu não notara isso nem nos livros do stanislavski nem naquele sobre figurinos, do fausto viana. algo, porém, deu para notar naquele do abensour sobre meierhold. sim, aqui dá para sentir a radicalidade do metier do ator.
não à toa nosso universo é a tal ponto dominado pelo imaginário. filmes sem conta, peças que mexem, novelas que conduzem as massas pela mão em direções sempre inacreditáveis.
por isso, quem sabe por isso, convém aprofundar-se nesse campo do indizível, do inconsciente junguiano. sim, o merquior abordou de forma insuficiente a opção do suíço (disto não tenho certeza, digo, da nacionalidade). o rompimento de doutrinas freud-jung levou este rumo a campos inimagináveis. lembro-me do livro sobre mitologias, de como o mundo pareceu-me então inesgotável, e que interessante. não como no mundo da razão, esta quase sempre tão rasteira ou chata. claro, abre universos também, mas fecha tantos outros...
começo a anotar o novarina, diante da palavra, e continuar com o livro do milaré. rumo a textos que façam alguma diferença - mesmo que pequena.
não vim passar o tempo.

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