ah, que vontade de sair assobiando por aí.
acabo de assistir roberto zucco, nos satyros.
foi a lilian que me convidou.
peguei a cris em congonhas, levei para casa, comi alguma coisa e saí correndo.
cheguei a tempo de ler o programa. e de quase terminar o texto em homenagem ao guzik.
entrei na sala, confesso, sem muita convicção. não sabia que a peça ganhara vários prêmios. nem lera crítica alguma a seu respeito. entrei como entra um desavisado.
sentei bem na frente como sempre.
não tiro a surpresa ao contar que a platéia - dividida em dois grupos - é móvel. porque uma coisa é sabê-lo, outra é vivenciá-lo. e eu, que não gosto muito de invencionices, embarquei nessa sem saber direito o que pensar.
logo na segunda cena, a lilian aparece. e a morte da mãe parece-me meio mal-resolvida. algo no tom ficou a ser resolvido. (conversando com a lilian depois, ela assentiu. há ainda lá algo que falta)
mas foi passageira, a impressão.
os personagens aparecem, e sem entrar em detalhes entro aos poucos na trama e no clima. aparece a julia bobrow, que tanto me agradou outrora. e outros atores que não conheço.
a platéia vai para cá e acolá e a leveza misturada a uma patente energia toma conta de mim.
algo na trama do zucco, um matador francês real, começa a fazer sentido. e os destaques do programa surgem, se desenrolam e deixam marcas onde passam.
confesso que não me animo com histórias de serial killers. mas algo em zucco destoa do tom geral dado a temas como aquele. não por causa do programa, zucco simboliza sim alguma coisa. e sua fuga, irrestrita, assume aos meus olhos ares de épica.
mas não acho sinceramente que o texto do koltés seja tudo isso - como não acho o mesmo de textos outros de autores estrangeiros que graçam por aí. simplesmente o que acontece é que o texto, para o bem ou para o mal, funciona.
pois há um tom de desespero em tudo que aparece e permanece - e atrai. um desespero real de quem se vai, de quem sabe ir sem saber por que surgiu nem para onde vai.
não conheço o nome da imensa maioria dos atores/atrizes.
vejo a cléo, vejo a julia bobrow - que tanto me agradara outrora. vejo a lilian - antes, fazendo a mãe do filho matador. e as cenas se sucedem, e eu, entrando no clima, pouco a pouco, levado pela mão daqueles que mexem a platéia de um lado para o outro.
a cléo me agrada - bem mais do que em peças anteriores. a julia, também. um ou outro personagem que se sucede deixa suas marcas. e a peça engrena, num ritmo que impede muita reflexão. tudo vai acontecendo com a urgente vida-morte de zucco. e eis que sobre este, surge em mim rara empatia. não sei por quê.
ah, que tédio seria se eu me pusesse aqui a descrever uma ou outra cena. quem quiser que vá vê-las. digo apenas que de repente eis que me vejo rindo - de satisfação. é teatro. teatro com energia, de gente jovem, de direção experiente, de criatividade em recursos (poucos recursos?), de patente dedicação por uns e todos. sinto-me contagiado pelo clima, pela peça inteira, e não apenas por um ou outro personagem.
o tempo se sucede, cenas de luta, de nus velados, de sexo fingido - raro ponto que não sinto bem resolvido (se bem que talvez o problema esteja em mim mais do que na cena em si), de assassinatos - ora estilizados, como o do inspetor, ora encenados - como o do garoto. guardo comigo o olhar cúmplice de atriz que me vê aproveitando a encenação como se eu fosse um garoto, brincando.
eis que de repente a peça acaba. perdi alguma coisa.
os aplausos não são tão fortes como eu haveria de imaginar - pois gostei, realmente. mas de minha parte fico satisfeito. é teatro. o bom e velho teatro.
encontro a lilian lá fora. conversamos, troco impressões, agradeço, falo brevemente com a cléo - esqueço de lhe dizer como gostei da cena musicada (a canção em castelhano) -, e vou embora. a lilian me diz que está rolando fausto por aí. mas não, não posso. até gostaria, mas. a cris espera.
volto ouvindo como sempre motörhead. e me lembro da trilha do ivam. gosto.
chego no prédio e fico inventando cenas com música que me agrada. sim, em teatro a imaginação pode levar, sim, muito longe.
se bem que musicalente meu clima é bem outro.
voltarei.
não para simplesmente ter mais dados para alguma crítica.
só por gostar, mesmo.
acabo de assistir roberto zucco, nos satyros.
foi a lilian que me convidou.
peguei a cris em congonhas, levei para casa, comi alguma coisa e saí correndo.
cheguei a tempo de ler o programa. e de quase terminar o texto em homenagem ao guzik.
entrei na sala, confesso, sem muita convicção. não sabia que a peça ganhara vários prêmios. nem lera crítica alguma a seu respeito. entrei como entra um desavisado.
sentei bem na frente como sempre.
não tiro a surpresa ao contar que a platéia - dividida em dois grupos - é móvel. porque uma coisa é sabê-lo, outra é vivenciá-lo. e eu, que não gosto muito de invencionices, embarquei nessa sem saber direito o que pensar.
logo na segunda cena, a lilian aparece. e a morte da mãe parece-me meio mal-resolvida. algo no tom ficou a ser resolvido. (conversando com a lilian depois, ela assentiu. há ainda lá algo que falta)
mas foi passageira, a impressão.
os personagens aparecem, e sem entrar em detalhes entro aos poucos na trama e no clima. aparece a julia bobrow, que tanto me agradou outrora. e outros atores que não conheço.
a platéia vai para cá e acolá e a leveza misturada a uma patente energia toma conta de mim.
algo na trama do zucco, um matador francês real, começa a fazer sentido. e os destaques do programa surgem, se desenrolam e deixam marcas onde passam.
confesso que não me animo com histórias de serial killers. mas algo em zucco destoa do tom geral dado a temas como aquele. não por causa do programa, zucco simboliza sim alguma coisa. e sua fuga, irrestrita, assume aos meus olhos ares de épica.
mas não acho sinceramente que o texto do koltés seja tudo isso - como não acho o mesmo de textos outros de autores estrangeiros que graçam por aí. simplesmente o que acontece é que o texto, para o bem ou para o mal, funciona.
pois há um tom de desespero em tudo que aparece e permanece - e atrai. um desespero real de quem se vai, de quem sabe ir sem saber por que surgiu nem para onde vai.
não conheço o nome da imensa maioria dos atores/atrizes.
vejo a cléo, vejo a julia bobrow - que tanto me agradara outrora. vejo a lilian - antes, fazendo a mãe do filho matador. e as cenas se sucedem, e eu, entrando no clima, pouco a pouco, levado pela mão daqueles que mexem a platéia de um lado para o outro.
a cléo me agrada - bem mais do que em peças anteriores. a julia, também. um ou outro personagem que se sucede deixa suas marcas. e a peça engrena, num ritmo que impede muita reflexão. tudo vai acontecendo com a urgente vida-morte de zucco. e eis que sobre este, surge em mim rara empatia. não sei por quê.
ah, que tédio seria se eu me pusesse aqui a descrever uma ou outra cena. quem quiser que vá vê-las. digo apenas que de repente eis que me vejo rindo - de satisfação. é teatro. teatro com energia, de gente jovem, de direção experiente, de criatividade em recursos (poucos recursos?), de patente dedicação por uns e todos. sinto-me contagiado pelo clima, pela peça inteira, e não apenas por um ou outro personagem.
o tempo se sucede, cenas de luta, de nus velados, de sexo fingido - raro ponto que não sinto bem resolvido (se bem que talvez o problema esteja em mim mais do que na cena em si), de assassinatos - ora estilizados, como o do inspetor, ora encenados - como o do garoto. guardo comigo o olhar cúmplice de atriz que me vê aproveitando a encenação como se eu fosse um garoto, brincando.
eis que de repente a peça acaba. perdi alguma coisa.
os aplausos não são tão fortes como eu haveria de imaginar - pois gostei, realmente. mas de minha parte fico satisfeito. é teatro. o bom e velho teatro.
encontro a lilian lá fora. conversamos, troco impressões, agradeço, falo brevemente com a cléo - esqueço de lhe dizer como gostei da cena musicada (a canção em castelhano) -, e vou embora. a lilian me diz que está rolando fausto por aí. mas não, não posso. até gostaria, mas. a cris espera.
volto ouvindo como sempre motörhead. e me lembro da trilha do ivam. gosto.
chego no prédio e fico inventando cenas com música que me agrada. sim, em teatro a imaginação pode levar, sim, muito longe.
se bem que musicalente meu clima é bem outro.
voltarei.
não para simplesmente ter mais dados para alguma crítica.
só por gostar, mesmo.
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