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a palavra do novarina e outra do callado

estou há semanas carregando diante da palavra, de valère novarina, de lá para cá.
foi o pessoal da 7 letras que me mandou, a pedido.
li o primeiro "ensaio" tão logo chegou. tão "metafísico", diria. colocações estranhas, dúbias, mas que de alguma forma faziam sentido. os outros ensaios, menos estranhos. leituras de pinturas, etc.
mas o primeiro me pegou. nunca havia visto algo tão estranho. nem em beckett, até porque este não discute a palavra. ele simplesmente diz. difícil tirar dele algo que possa se aproximar de algo ensaístico. lembro-me inclusive dos primeiros ensaios deste. mas nada do tipo.
voltando ao novarina, agora eu começo a selecionar trechos, para a resenha. ontem, no morumbi, no shopping digo, fiz minhas primeiras. mas estava com sonho, não consegui fazer muito. os dias têm sido pesados. as noites, também.
ontem pego a cidade assassinada, também do callado, e vejo como ele já fez aquilo que um dia me veio a idéia fazer. peça realista com base no passado real paulistano. joão ramalho e índias, bem o que eu queria abordar. e agrada. um realismo que leva a algum lugar. finalmente?

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