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Mostrando postagens de 2014

Oficina sobre Gógol: a “loucura” (ou non sense) sob amarras epistemológicas?

Rodrigo Contrera Desde a faculdade nutro um profundo interesse pela Rússia (na época, União Soviética, antes da glasnost). Minha ligação com o país envolve poesia, história, literatura em geral e posteriormente teatro – minha ligação com o teatro é mais recente, desde o ano de 2008. A poesia russa me atrai em especial devido ao caráter quase sagrado que a sociedade russa sempre atribuiu (e ainda atribui) à lide com a palavra em geral e com a poesia em particular. Meus poetas preferidos são quase todos russos. Em história, a partir de certo momento tornou-se para mim patente o papel fundamental da Rússia em deter Hitler e seus aliados e em vencer a Segunda Guerra. Isso sem contar a radicalidade da Revolução de 1917 e todo o protagonismo do país durante a Guerra Fria. (Um aspecto marginal que me atrai na história russa é o caráter emblemático de sua intelectualidade, sempre metida em conspirações, revoluções e movimentos de ordem intelectual com ênfase política). Em literatura,

Antiprofissionalismo

1 Olá, todas, todos PEÇO QUE LEIAM COM ATENÇÃO ESTA MENSAGEM, QUE É LONGA E QUE AFETA A TODAS/OS. Todas/os vocês devem se lembrar muito bem quanto a como este grupo foi formado, e quanto aos critérios que sempre utilizei, utilizo e utilizarei para nortear os trabalhos. Vocês sabem, por exemplo, que nunca, EM HIPÓTESE ALGUMA, aceito qualquer mistura entre aspectos pessoais e profissionais dos profissionais envolvidos em atividades do grupo, muito ao contrário. Fico ofendido quando um membro do grupo sequer ousa pensar em utilizar argumentos de ordem pessoal para justificar ou sugerir privilégios de ordem profissional. São incontáveis as ocasiões em que tive de chamar a atenção a membros do grupo quanto a deslizes que as pessoas normalmente tomam porque confundem, no meu caso, o Rodrigo amigo com o Rodrigo diretor do grupo. Ocorre que, dentre outras coisas, noto, como pessoa e como profissional, que o mercado – e não só o teatral – está repleto de situações em que, relativamen

Granadas de efeito retardado no cuspe de um mamulengo, por Rodrigo Contrera

Minha trajetória de 8 anos no teatro, como espectador, resenhador, dramaturgo e ator nunca esteve tão tumultuada mas ao mesmo tempo tão enriquecida, e minha passagem pela oficina da Confraria da Paixão foi, nesse processo, absolutamente determinante. Para que eu consiga vislumbrar, para mim, o que acontece, e, para os outros, aquilo sobre o que reflito, é necessário realizar um sobrevôo na paisagem complexa e rarefeita do teatro visto e experimentado, com paixão e profundidade, nos últimos anos. Provavelmente ao contrário da imensa maioria dos interessados pela arte teatral, não comecei no ramo pelos princípios básicos, mas guiado à distância pela mão de um dos três mais importantes encenadores do país das últimas décadas, Gerald Thomas. Seria um despropósito tentar explicar como isso se deu, uma história belíssima. Só digo que pude acompanhar seu processo por 4 meses, como fantasma, e ser jogado sem rede de proteção no palco – lugar onde decidi ficar. A vanguarda possível havia fic

Amigos e Teatro

Assim como Cioran, eu escrevo quando algo me incomoda. Além disso, trabalho em meu grupo de teatro com assuntos que incomodam os atores numa dimensão estritamente pessoal. Descobri esse “método” em parceria com minhas atrizes, que aprendi a atiçar de uma forma ao mesmo tempo contundente mas sempre suave e respeitosa. Não menciono os meus atores homens porque com eles algo parece não funcionar. Talvez o fato de ambos seremos homens, eles e eu, estabeleça uma barreira que eles não se dispõem a ultrapassar com medo de aparentarem fraqueza. Mas voltando à questão da escrita. Uma questão que recentemente tem me incomodado é a oposição entre certos tipos de pessoas. Há um tipo delas que têm predisposição a uma integridade que não precisam abandonar e que as leva a aceitarem cada vez mais pessoas em seu universo e as ajudarem a sobressair, congratulando-se com isso. Essas pessoas são normalmente tidas pelos amigos como excepcionais, por darem oportunidades aos amigos sem cobrarem absolut

Badiou's On Beckett

O que é interesssante no livro do badiou sobre beckett é que já pelo começo ele se propõe a discorrer, de forma hipotética, sobre algumas obviedades que os outros - especialmente os brasileiros - preferem não encarar. Badiou refere-se por exemplo ao caráter do Beckett em inglês e em francês. Em que medida eles são diferentes? Isso já no prefácio do autor. Realmente o Beckett em um não é o mesmo de em outro. Em inglês ele parece menos filosófico, mais chapado nas verdades que ele diz, verdades que aparentam certa ironia subjacente. Em francês, ele como que cai na vertente do filosofar francês, cedendo a uma singeleza de falar que parece nos conduzir aos dilemas do ser. Outro aspecto interessante das leituras de Badiou é que ele afirma coisas difíceis de afirmar mas que ajudam sobremaneira a compreensão - de Beckett e mesmo dele. Seria fácil por exemplo dizer que os opostos de Beckett levam necessariamente à dialética hegeliana. Muito falso, segundo Badiou. Falso a ponto de denotar

Umas linhas sobre reflexões necessárias

O mundo se tornou complexo demais e impossível de parar. O que sabemos hoje amanhã (ou hoje mesmo) é colocado em questão. Ninguém pode se dar mais ao luxo de escrever asneiras em qualquer lugar. Recebe respostas imediatas e muitas vezes precisa se retratar. Os campos de estudo parecem viver uma confusão enorme. O que para muitos é definitivo para outros já foi há muito ultrapassado. Para outros ainda, muito do que existe na prática ainda não existe em teoria. Estamos sempre atrasados. Cidades pequenas surpreendem-nos com espetáculos inovadores sem parecerem aproveitar qualquer tradição. Que tradições são agora válidas?, pensamos. Muitos critérios de qualidade escondem apenas critérios de classe. Outros escondem ignorâncias incômodas em relação ao OUTRO. Nesse momento em que tudo parece se esfumar, é preciso calma. O que queremos ao escrever? O que queremos ao fazer? O que queremos ao refletir?  Em dança, como em outros campos, tudo parece explodir. Novidades parecem surgir

Laban

Tenho certa relutância em embarcar nos ensinamentos de um Laban, pois percebo que em mim terei de lidar com insuficiências, incapacidades, e não sei bem se ele trata desse tipo de assunto. Parece na verdade mal haver bibliografia e indicações de âmbito comum quanto a como lidar com insuficiências não querendo restringir-se a elas.  Mas enrolo.  Fato é que as linhas de Louppe mal parecem acrescentar, e que preciso embarcar em caminho próprio se quiser ganhar algo nesse sentido. Realmente não sei se estou viajando com os Corpos Nômades. Não devo ter muita chance mesmo. Mas não posso por outro lado desconsiderar que caso passe precise desenvolver saídas em prazos bem exíguos.

valores?

as últimas semanas tenho passado indo na oficina da confraria da paixão, do luiz. interessante este tempo tem sido no sentido de me mostrar que não existe nada acima ou abaixo em questão de teatro. existem coisas melhores e piores, claro. mas nada, em termos de julgamento de valor - na integridade do teatro -, pode, de antemão ou a posteriori, ser colocado entre os espetáculos. importa o espetáculo. importa que haja integridade no que é feito. importa que a gratuidade, se houver, seja entendida em si mesma, e não em comparação com algo que esteja na mente de quem vê. não sei se me faço entender. o gosto não é o critério. e nem a razão. só mesmo o espetáculo. só ele para dizer.

Alongamento

Quando chega o fim do dia, e por acaso não atuei nem me preparei para tanto, bate uma indisposição muito forte nas extremidades. É como se algo tivesse sido marcado a ferro e fogo e precisássemos alongar os músculos o máximo possível para voltar àquilo que era antes. Agora mesmo estou com uma forte indisposição nas costas. Não é dor, não se engane. Eu poderia deixar passar e simplesmente me deitar e dormir. É, ao contrário, a convicção NO CORPO de que algo se manteve preso em meus músculos e extremidades, tomadas de forma geral. Foram-me passadas, com o tempo, diversas dicas para alongamento antes da atuação. Uma dessas dicas é esticar o corpo de forma assimétrica, por exemplo, esticando o braço direito para cima e o esquerdo para baixo, forçando a coluna cervical a se dobrar em si mesma. Mas sem exagero, claro. Só como alongamento mesmo e dobrando um pouco as pernas enquanto fazemos isso com uma base bem fixa e forte. Mas isso por vezes parece ser insuficiente. Agora mesmo a in

Frida Kahlo - Calor e Frio (Estelar de Teatro) (Teatro Viga, até 28/9)

Há várias formas de atender aos chamados da latinidade. Recentemente passaram festivais de curtas latinoamericanos, e o Mirada, festival de teatro que ocorre em Santos a partir do começo de setembro, serve para refletirmos em que medida nossos dilemas vão além de nossas fronteiras nacionais. O espetáculo Frida Kahlo é outra forma de encarar a latinidade. Pude conferir, pouco antes de entrar, que havia vários espectadores de origem latino-americana hispânica, e não apenas mexicanos ou brasileiros interessados na pintora, ansiosos para ver a latinidade aflorar. Desde o começo o espetáculo promete - o palco é nu, com uma interessante entrada ao fundo, parcialmente iluminado por lustres, e os instrumentos musicais dominam o ambiente (eles irão, quase sem nenhum descanso, acompanhar toda a trama, em parte linear, em parte entrecortada por diversas intromissões da cultura, da história, do teatro em si e muito dançada). Seria injusto dizer que a peça trama a trama da história de Frid

Estatísticas - Agosto/ 2014

Bichado (de Tracy Letts, dir. Zé Henrique de Paula)

Tracy Letts é o autor da moda. Seja por filmes (Álbum de Família), seja por peças (Killer Joe, e esta, Bichado), o norte-americano tornou-se o queridinho de muitos que apostam num teatro hiperrealista e com mensagens subliminares interessantes. Esta montagem de Bug (nome original), dirigida por Zé Henrique de Paula, aposta, como o próprio Letts indica no original, num hiperrealismo ferrenho para contar a história de um ex-recruta que acaba caindo nos amores de uma mulher, uma garçonete, que vive só e que lhe dá guarida, a ele e aos seus fantasmas. Porque ele, personagem, tem fantasmas, e eles dizem respeito a "bichos", insetos, corpúsculos que, ele diz, tomam conta dele e do ambiente em que ele se aloja, sem se saber por quê. No começo, os insetos meio que "aparecem" por ruídos cuja fonte é então determinada. Depois eles aparecem mesmo, na cama - ele os vê, ela não -, no quarto, na sala, em todo lugar. O clima claustrofóbico criado pela direção num cenário

Dedicação

Tenho refletido bastante sobre o teatro e a dedicação necessária para desenvolver um trabalho consistente. E tenho concluído que sem uma dedicação constante o trabalho em teatro acabará sendo, para quem o pratica, apenas um complemento a um trabalho de ego ou um trabalho que jamais sairá do amadorismo. Por amadorismo não me refiro necessariamente a um trabalho em que a paixão seja o fator a levar o ator a produzir alguma coisa; por amadorismo refiro-me a trabalhos em que "tudo tanto faz", em que o resultado não visa atingir parâmetros de qualidade, seja de que aspecto for. Claro, dedicação implica tempo. Dedicação implica ensaio. Dedicação implica cumprimento de prazos e de atitude. Por atitude refiro-me especificamente a considerar que o que está sendo feito tem relevância suficiente para requerer seriedade e esforços de concentração superiores aos normais. Por tempo, considero que ator ou diretor que não dedica sequer duas horas por semana para trabalhar seu corpo ou tra

Pedras d'Água - bloco de notas de uma atriz do Odin Teatret, de Julia Varley (Teatro Caleidoscópio, Dulcina Editora)

Minhas andanças em busca de referências outras em trabalhos de grupo levaram-me a cair de boca nos textos escritos por Eugenio Barba em seu Odin Teatret, hoje com sede na Dinamarca (onde está a Mafe Vomero, estes dias, fazendo uma oficina). Mas no livro já citado - Teatro - Solidão, Ofício, Revolta - Barba não abre espaço quase nenhum a falar de prática, de métodos, do trabalho em suma desenvolvido por seu teatro. Claro, para quem, como eu, busca referências que possam ajudá-lo a conduzir suas próprias práticas, o livro de Barba parece mais uma simples tomada de posição ideológica, e por isso não parece ajudar muito. Foi com o afã de entender algo do que é desenvolvido lá naquele grupo que comprei este livro de uma das atrizes do Odin. Mas a primeira impressão, após comprá-lo, não foi definitivamente boa. Pois pareceu-me o livro - ao menos no começo - uma simples compilação de rememorações de trabalhos feitos com o Odin e não especificamente de mostrar como o trabalho dos caras se d

Alguns pensamentos sobre a viabilidade e a necessidade do teatro

Nas últimas semanas, tenho lido VERDADEIRAMENTE MUITO sobre teatro. Não lido teatro (peças), nem teorias (livros que se propõem tornar o pensamento sobre o teatro alguma coisa coerente historicamente). Lido sobre teatro, digo, lido sobre a viabilidade e necessidade do teatro. Não minto. O formato do teatro - a necessidade de montar um grupo, torná-lo coeso, adaptar peças, realizar ensaios e tudo o mais - nunca me agradou, definitivamente. Isso porque nunca me convenci de que esse formato seria viável, de que seria possível criar e manter um teatro de qualidade submetendo-se às regras da vida. Por isso com o passar do tempo minhas atenções se voltaram, não ao ineditismo das peças, nem à qualidade das montagens, mas ao trabalho do ator. Pensava, se conseguíssemos manter um trabalho de atuação inovador poderíamos posteriormente fazê-lo migrar a outros meios mais viáveis, como o cinema, o vídeo ou mesmo a televisão. Pensava isso. Mas um livro e algumas reflexões mostraram-me que estav

Teatro - Solidão, Ofício, Revolta, de Eugenio Barba (Teatro Caleidoscópio, Dulcina Editora)

Lembro-me que a The Economist disse, há alguns anos, que a sociedade ocidental teria começado com a encenação, pela primeira vez, de uma peça do Ésquilo. Não me lembro onde foi que li, mas li. Existem realmente atividades artísticas que ainda reacendem o debate quanto ao progresso, ao contemporâneo, e dessa forma também à volta às origens. O teatro é sem dúvida uma delas. É realmente um problema quando os parâmetros permanentes - alguns dirão antiquados - de atividades como o teatro são defrontados com a nova realidade fornecida por outros meios - eletrônicos - de expressão e também com novas realidades informacionais. É nesse momento que surgem os defensores da tradição, indicando que o teatro é insubstituível por essa ou aquela razão, e que permite tal e qual liberdade que nos outros meios é impossível. Realmente. É possível fazer teatro - sem com isso inovar nem um pouco - com atores sem experiência, com um palco apenas, com iluminação natural e com adereços simples. Não há u

Estilos de direção

Minha relativamente pequena experiência em teatro vem se dando, em especial, pelo aprendizado com diversos profissionais em termos de direção de peças como um todo e da direção de atores, em particular. É bem verdade que entrei no teatro vendo o Gerald conduzir seus atores, em 2006 e 2007, mas meu maior aprendizado se deu, muito especificamente, ao ser dirigido pelo Marião (Mário Bortolotto) e ao ver como o Cesar Ribeiro conduz seus atores em sua montagem de Esperando Godot. Ontem, porém, assisti um ensaio de Recursos Humanos, dirigida pelo Marcos Gomes, que irá estrear no Teatro Cemitério no final de setembro ou começo de outubro, ao qual ajudarei na assessoria de imprensa, e isso me ajudou a refletir em direção de atores de maneira geral. Foi interessante ver atores e atrizes que não conhecia embarcando em texto que eu NÃO havia lido de antemão. Foi interessante em especial porque eu NÃO TINHA a MENOR IDEIA do que iria resultar disso tudo, e isso fez com que diversos aspectos de d

Sobre A Tempestade (de Shakespeare) (pela Cia. dos Imaginários)

Há n formas de montar um clássico. Há também n + 1 fórmulas de montar uma peça sobre um clássico, peça essa livremente inspirada em. A Cia. dos Imaginários escolheu este clássico, o último escrito (e não terminado) pelo bardo, para falar da solidão e da morte. O mote é a figura do naufrágio, esse acontecimento que na época do bardo tão bem simbolizava a Moira, o destino. A Montagem é simples, com cenário limpo, enquadrado, em que diversas cenas se seguem, isoladas, mas conectadas por um texto que ora é da peça ora é explicativo. Uma goteira interminável dá espaço ao nado isolado ou sincronizado de garotas urbanas, aos movimentos de vaivém de marinheiros no meio de um naufrágio, à comunhão de bêbados (pela bebida) e a uma trama que mal aparece costurada - embora não me pareça tão necessária. Não entendo muito bem o que acontece. Sempre a figura do capitão, enquanto aparecem patinhos retirados de um acontecimento de não-ficção documentados em livro de 2011. Estabelece-se o l

Um amor (monólogo, a ser apresentado dia 26/8, em São Paulo)

Começo criando um quadro, uma figura, tirada a partir de uma foto. Uma mulher de quase quarenta, aparentando menos, em pé numa escada rolante, sendo abraçada pelo lado direito e beijada na nuca por um homem com entradas de calvície vindo de trás. Ela sorri. Uma realidade que não nos diz respeito. Mas que está para todo mundo ver. Daí eu vou para um outro quadro, outra figura, não tirada de uma foto, mas de uma realidade, agora chapada porque passada. Uma realidade de duas pessoas. Envolvidas numa relação de anos de desgaste. Em que ela mal sabe para onde ir - embora queira ir para algum lugar. Em que ele não consegue se desvencilhar do mundo em direção a algum lugar que seu coração parece divisar. Uma direção portanto que ele não tem coragem para abraçar. E que por isso precisa negociar. Fazem o que não sabem, os dois. Ela, sem saber o que quer. Ele, sabendo-o, em suas próprias profundezas, mas sem conseguir entender. Agora vou para outro quadro, outra figura, tira

As Regras de Bannen (dir. Jesse Warren)

Os gringos arranjam n maneiras de realizarem filmes de formação. Por essa denominação quero dizer o equivalente, em filmes, a esses chamados de romances de formação, como os do Goethe ou Dickens, ou Tom Jones, ou coisa que o valha. Desta vez, a forma utilizada foi inusitada. Tudo faz crer que se trata de uma trama rasteira - foi o que me atraiu - na vida de um marginal cheio de pose. Mas não. Embora a gente até ache isso nos primeiros minutos, corridos numa rapidez avassaladora, com uma linguagem de vídeo bem montada, com o passar do tempo reparamos que o Bannen do título acabou se metendo numa enrascada - várias, na verdade - em que ele está em questão. Ou seja, seus valores, suas saídas, etc. Não sei se concomitantemente, mas em algum momento da trama aquilo que chamava a atenção pela graça machista de ver o mundo de repente transforma-se num duelo de caras feias, caras de medo, seduções que deixam muito a dever, curiosidade de nerds por detrás de telas de micro, etc. que não ca

O Ator Invisível, de Yoshi Oida (Via Lettera, 2007)

Tentando encontrar referências (escritas) para trabalhos corporais diversos, tenho adquirido uma série enorme de livros que discorrem sobre ações e elucubrações referentes ao uso do corpo pelo ator. Muitas dessas elucubrações não são elucubrações, é claro. São na verdade indicações derivadas de trabalhos muitas vezes desenvolvidos por anos a fio no trabalho com atores e dançarinos, dentre outros profissionais. Nesse ímpeto, eu já havia ouvido falar bastante da contribuição oriental ao trabalho corporal do ator, até mesmo pelas referências indicadas sobre a influência de grupos e tradições orientais no trabalho do Grotowski, que é o diretor e encenador que mais me atrai no trabalho que eu estou tentando montar aos poucos. Mas não tinha nenhum livro que expressasse em palavras fáceis de entender o trabalho de atores orientais de forma geral - os trabalhos com as tradições eu só poderei mesmo adentrar indo lá, acredito. Mas este livrinho do Oida foi uma grata surpresa. Eu já o via