O que é interesssante no livro do badiou sobre beckett é que já pelo começo ele se propõe a discorrer, de forma hipotética, sobre algumas obviedades que os outros - especialmente os brasileiros - preferem não encarar.
Badiou refere-se por exemplo ao caráter do Beckett em inglês e em francês. Em que medida eles são diferentes? Isso já no prefácio do autor. Realmente o Beckett em um não é o mesmo de em outro. Em inglês ele parece menos filosófico, mais chapado nas verdades que ele diz, verdades que aparentam certa ironia subjacente. Em francês, ele como que cai na vertente do filosofar francês, cedendo a uma singeleza de falar que parece nos conduzir aos dilemas do ser.
Outro aspecto interessante das leituras de Badiou é que ele afirma coisas difíceis de afirmar mas que ajudam sobremaneira a compreensão - de Beckett e mesmo dele. Seria fácil por exemplo dizer que os opostos de Beckett levam necessariamente à dialética hegeliana. Muito falso, segundo Badiou. Falso a ponto de denotar certa impaciência de sua parte - dizendo categoricamente NUNCA. Nunca é Hegel. Em seguida, Badiou parte para as questões kantianas opostas às questões beckettianas. É nesse ponto que estou.
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