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Mostrando postagens de agosto, 2007

Terra em Trânsito e Rainha Mentira (G.Thomas) (espetáculo de 28/08/2007)

Diversas novas abordagens e questões foram levantadas pelo espetáculo desse dia. Durante os ensaios de 2006 de Terra em Trânsito, o autor/diretor insistia na ênfase em entonação, dica constantemente repetida durante os workshops de 2007. Tais ênfases conduzem o espectador a um novo nível de convicção: mais terra-a-terra, às raízes dos problemas. A atriz presa é uma carioca da gema perdida em referências que não consegue digerir (muito menos compreender), esvaziada de convicções (mantendo apenas a energia), morta por antecipação à espera do momento que para ela nunca chega (o canto de Isolda). O texto foi feito para Fernanda Montenegro, constituindo-se assim numa soberba brincadeira a quaisquer estrelismos. No espetáculo de 28/08, penúltimo da temporada, o entrosamento (mudo) da atriz com o cisne, num suspense sem razão de ser, teve também nova dinâmica, muito mais ágil que de costume, assim como os rompantes de indignação (falsa) e de pasmo. Especial dessa vez foi a cena de sexo virtua

Terra em Trânsito e Rainha Mentira (G.Thomas) (espetáculo de 28/08/2007)

Diversas novas abordagens e questões foram levantadas pelo espetáculo desse dia. Durante os ensaios de 2006 de Terra em Trânsito, o autor/diretor insistia na ênfase em entonação, dica constantemente repetida durante os workshops de 2007. Tais ênfases conduzem o espectador a um novo nível de convicção: mais terra-a-terra, às raízes dos problemas. A atriz presa é uma carioca da gema perdida em referências que não consegue digerir (muito menos compreender), esvaziada de convicções (mantendo apenas a energia), morta por antecipação à espera do momento que para ela nunca chega (o canto de Isolda). O texto foi feito para Fernanda Montenegro, constituindo-se assim numa soberba brincadeira a quaisquer estrelismos. No espetáculo de 28/08, penúltimo da temporada, o entrosamento (mudo) da atriz com o cisne, num suspense sem razão de ser, teve também nova dinâmica, muito mais ágil que de costume, assim como os rompantes de indignação (falsa) e de pasmo. Especial dessa vez foi a cena de sexo virtua

Camino Real (Tennessee Williams, dir. Nelson Baskerville) (25 de agosto de 2007)

Texto: Ágil, repleto de referências artísticas e intelectuais, com picos melodramáticos patentes, provocações de ordem empática e política. Atualíssimo no tema, um pouco datado nas referências, um pouco mais afastado no tom melodramático. Engraçado e triste às vezes, irresistível diversas vezes. Cenário: Leve, com diversos recursos que promovem maior riqueza e agilidade. Telões que exibem imagens, escondem ações, revelam atuações; trilho central promove maior movimento; caixas, espelhos, plataformas; praticamente todas as instalações à vista servem para o espetáculo. Atuações: Elenco muito menor (10 atores) do que aparece, pela agilidade imprimida ao texto. Diversidade que ó às vezes confunde um pouco. Atuações com ênfases muito variadas. Anna Cecília Junqueira privilegiando o essencialmente corporal. Walter Portela e Adilson Azevedo com maior ênfase às empostações de fala. Fernando Fecchio num papel histriônico, bem trabalhado. Duas ou três vezes, chamam à participação do público, exe

Camino Real (Tennessee Williams, dir. Nelson Baskerville) (25 de agosto de 2007)

Texto: Ágil, repleto de referências artísticas e intelectuais, com picos melodramáticos patentes, provocações de ordem empática e política. Atualíssimo no tema, um pouco datado nas referências, um pouco mais afastado no tom melodramático. Engraçado e triste às vezes, irresistível diversas vezes. Cenário: Leve, com diversos recursos que promovem maior riqueza e agilidade. Telões que exibem imagens, escondem ações, revelam atuações; trilho central promove maior movimento; caixas, espelhos, plataformas; praticamente todas as instalações à vista servem para o espetáculo. Atuações: Elenco muito menor (10 atores) do que aparece, pela agilidade imprimida ao texto. Diversidade que ó às vezes confunde um pouco. Atuações com ênfases muito variadas. Anna Cecília Junqueira privilegiando o essencialmente corporal. Walter Portela e Adilson Azevedo com maior ênfase às empostações de fala. Fernando Fecchio num papel histriônico, bem trabalhado. Duas ou três vezes, chamam à participação do público, exe

Canto mas non presto (21 de agosto, piu piu, bixiga)

Grupo: octeto (meio a meio, madrigal?) que canta, interpreta e teatraliza autores de mpb contemporânea. Onde: piu piu, no bixiga, terça passada (21 de agosto). casa com público de no máximo 20 pessoas. Como: iluminação péssima, microfones, palco pequeno. convidado por tatiana rebello (soprano?) Foi: números claramente ensaiados sob condições diferenciadas. Lamento sertanejo, perfeito. arrigo barnabé, teatralizado com certa contenção. luzes independentes estragam surpresa de batalha naval. grupo sai contrariado, sabendo que em locais bem mais alentados seria possível desenvolver trabalho convincente. dialogação plausível entre os membros torna-se, segundo eles, prejudicada pela ausência do próprio retorno (sonoro). terminado o espetáculo, discussão quanto a desavenças internas coloca em questão a crença pessoal e profissional no trabalho desenvolvido. Comentário: crer é insistir, sem qualquer garantia quanto a qualquer resultado. adaptação é a lei dos fortes.

Uma pilha de pratos na cozinha (Mario Bortolotto, dir. Mario Bortolotto) (espetáculo de 12/08)

Texto: Diálogos esparsos no começo, que deixam espaço à caracterização gestual dos personagens. Provocações em seqüência dão aos poucos espaço à trama amor-morte que irá conduzir o desenlace final. Diálogos fortes, de personagens que perscrutam as próprias estranhas à frente do público, fortalecem o drama a ponto de revelarem atualíssimo lirismo, com sólida empatia. O público cala, tomado pela emoção. Final sem palavras, a ser melhor trabalhado em timing e luz. Cenário: Mesa, pilha de pratos, cadeira, poltrona. Bebida real rega a trama, afetando os atores, exigindo-lhes controle sem deixar de afetar olhares e vozes. Atuações: Caricaturais no começo, como Bukowskis pouco convincentes (Otávio Martins). Alex Gruli com trejeitos excessivos, também pouco convincentes. A cena transcorre em disputa rasteira, gestual, até a entrada de Eduardo Chagas (sardônico) e Paula Cohen (com sua ambígua força-fraqueza em inteiro domínio da cena). Enquanto as esgrimas verbais revelam as mais profundas feri

Terra em Trânsito e Rainha Mentira (G.Thomas)

os comentários da ana peluso me acordaram, há alguns dias, face a tarefa de jogar a bola pra frente nos espetáculos do gerald. e agora topo a parada. tendo visto sei lá quantas vezes Terra em trânsito, decorado partes, agasalhado novas sacadas, a emoção em mim sempre surge quando a fabi, divina quase sempre, diz "esta é a terra em trânsito, sempre em movimento", etc., e surge a ária (é ária?) de tristão e isolda, quando isolda grita um grito desumano, e fabi morre no próprio grito, engolindo a si mesma, nesse egolatrismo desmedido de quem se vê sempre no centro de um tudo que é nada. mas eis que em rainha mentira o papo é outro, todo um lamento, toda uma queda, diversas quedas, aliás, todo um lamento de um filho que se admite fraco, e põe fraco nisso, face a história de uma mãe perseguida por tramas e tramas, e dores, sabendo-se para sempre culpado. por quê? pois entre eles havia, sempre houve, também uma lacuna, uma parede, um sei lá, um inominável. um inominável que faz o f

1 e 2

Inaugurando meus comentários sobre teatro, discorro algumas linhas sobre Roxo, de Jon Fosse, dirigido por Fernanda d'Umbra. Texto: Diálogos precisos, quase sempre com algo não dito por detrás de aparente simplicidade. Mensagens não ditas que remetem quase sempre a cumplicidade, e que exigem ambigüidade chapada por parte dos atores. Cenário: Necessariamente simplório, quase exigindo enxergar as irregularidades das paredes, tetos, instalações elétricas. Instrumentos com timbres arregaçados. Atuações: Destaques para Fabiano Ramos (o guitarrista), com fragilidade irregular, Didio Perini (o baterista), com violência bate-pronto, e Júlia Novaes (a garota), de timbre metálico, transmitindo a falsa beleza das meninas superficiais. Direção: Comedida, bem calculada, sem deixar a peteca cair. O texto flui maravilhosamente. O fim chega suavemente. Mal sente-se o tempo passar. Agora, Faz de conta que tem sol lá fora, de Ivam Cabral, direção de Aline Meyer. Texto: Diálogos redundantes, proposita