Há n formas de montar
um clássico. Há também n + 1 fórmulas de montar uma peça sobre um clássico,
peça essa livremente inspirada em.
A Cia. dos
Imaginários escolheu este clássico, o último escrito (e não terminado) pelo
bardo, para falar da solidão e da morte.
O mote é a figura do
naufrágio, esse acontecimento que na época do bardo tão bem simbolizava a
Moira, o destino.
A Montagem é simples,
com cenário limpo, enquadrado, em que diversas cenas se seguem, isoladas, mas
conectadas por um texto que ora é da peça ora é explicativo.
Uma goteira
interminável dá espaço ao nado isolado ou sincronizado de garotas urbanas, aos
movimentos de vaivém de marinheiros no meio de um naufrágio, à comunhão de
bêbados (pela bebida) e a uma trama que mal aparece costurada - embora não me
pareça tão necessária. Não entendo muito bem o que acontece.
Sempre a figura do
capitão, enquanto aparecem patinhos retirados de um acontecimento de não-ficção
documentados em livro de 2011. Estabelece-se o liame das montagens, mais ou
menos célebres, e nossa ligação com o antigo e contemporâneo.
Por algum motivo que
não sei bem qual é, acabo me emocionando - embora o lirismo nem leve a tanto.
Foi bonito. É teatro,
simplesmente.
Lembro-me de que há
alguns meses eu escrevia quase a mesma coisa - é teatro, simplesmente - a
partir de uma peça dos Satyros. De vez em quando a gente simplesmente precisa
de leituras cênicas, melhor ou pior sucedidas, mal importa, para nos localizarmos
nesse mundo em profusão e por que não também decadência.
Foto: Mariana Nogueira
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