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Tira meu fôlego (Dança) (com Cristian Duarte, Eduardo Fukushima, Raul Rachou, Rodrigo Andreolli, Sheila Ribeiro e Elisa Ohtake)

Tento acompanhar o trabalho específico do Edu (Eduardo Fukushima) há vários anos. É o único dançarino de idade relativamente baixa cujo trabalho pega pesado no que me diz respeito, dado ele claramente abordar, em seu trabalho, a incompatibilidade do corpo com o espaço que o cerca.
Sei que não me expresso muito bem ao dizer isso. Mas o fato é que mantenho ainda em minha mente as encenações que o Edu fez há vários anos no Viga, na Vila Madalena, em que seu corpo vibrava de forma inapelável e ele acabava se debatendo com o espaço como se ele, o sujeito, não coubesse em si ou não conseguisse descobrir como lidar com o espaço circundante.
Esta apresentação, por outro lado, foi bem diferente.
Plateia lotada no CCSP, ficamos esperando vários longos minutos até eles se aprontarem. Eles já ocupavam o palco, escondidos numa piscina de bolas e nos acessos mais recônditos das coxias. Por duas vezes, avisaram que estavam relaxando para se preparar adequadamente e que logo iria começar.
Foi quando, puxados por um deles, o grupo fez movimentos conjuntos simples somente para aquecimento. Os risos dos presentes já prenunciava que a dança futura iria avançar nessa direção. Os movimentos sincronizados, de tão simples, chegavam a ser patéticos, e a imutabilidade dos rostos trazia ainda mais singeleza à coreografia.
As regras do jogo foram então explicadas. Todos eles iriam, cada um por sua vez, mostrar a que ponto levou sua pesquisa particular num sentido bem peculiar: expressar que estava apaixonado. Cada dançarino, um de cada vez, fez uso então do palco para representar esse sentimento tão poderoso e ao mesmo tempo inexplicável.
Houve de tudo, e as palavras sinceramente não conseguiriam descrever - embora quem sabe vá até tentar no futuro - qual foi a saída de cada dançarino nesse projeto pessoal. Um ponto em comum em todas as apresentações foi que, num momento intermediário da dança, sempre puxada por uma ou várias músicas, o dançarino dizia o que acontecia em seu corpo, naquele momento, sensações sempre muito fortes que serviu para dar uma ideia do drama.
Houve quem optou por danças mais urbanas, assim como por músicas de época (recente). Houve quem optou por flamenco e envolvimento erotizante avassalador. Houve quem ficou em singeleza, sem aquecimento, e extremo bom-gosto neste revival que experimentamos da época disco. Houve quem, com corpo mais forte e expressivo, dançou várias músicas diferenciadas pedindo ao público a sensação de ser empurrado, de ser tocado, etc. O Edu fechou o espetáculo com uma busca que ele disse ter sido um absoluto fracasso. Fez brincadeiras diversas à la clown e fechou encerrando o palco com um plástico no qual jogou todos os objetos que usou na tentativa.

Foi muito forte e extremamente engraçado. O corpo serviu de trama para algo que nós gostaríamos de poder conseguir. Deu até vontade de participar.

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