Não consegui assistir
Roma, a primeira temporada, inteira. Mas reparei em uma coisa.
Antes, uma digressão:
não entendia por que cargas d'água tantos em tantos grupos são fascinados pelas
séries de tv, em geral paga. Disseram meses atrás que elas tinham os melhores
roteiros. Dizem outros que são de alta qualidade como um todo.
Aqui comigo, acredito
haver descoberto o porquê.
Roma é uma série que
enleva. Sentimo-nos levados pelos personagens, com atores que, em geral, apenas
atuam como se deve. Outros atuam bem menos do que poderiam. Mas isso acaba
sendo irrelevante, no fim das contas. Porque a série é bem editada. Ela enleva.
Faz o tempo passar com leveza.
Diria que no cinema a
intenção de agradar está mais no produto em si, na trama que só irá passar uma
vez. Nas séries, somos defrontados face a situações novas que fazem os
personagens em questão enfrentarem novos desafios. E com os desdobramentos tudo
acaba sempre ficando mais complicado. Pouco importa. Somos enlevados.
Nesse sentido, nesse
tipo de série está proibida a excelência. Excelência é algo que agrada os
críticos. Nessas séries, o médio já está mais do que bom. Achar pelo em ovo é
coisa para chatos de galocha. Essas séries são descompromissadas, podemos
brincar com elas, podemos quero dizer como se nós mesmos fossemos a fazê-las.
Nada é tão sério. Mas há uma excelência clara: a edição. A edição faz com que
consigamos entrar e sair das séries sem que nos apercebamos do tempo. A edição nos
informa de detalhes que de outra forma pareceriam canhestros. Tudo é bom na
edição.
Fico me perguntando
se com o teatro não acontece em última instância a mesma coisa. Se na edição,
ou seja, numa direção decupada de problemas, estivesse o cerne do espetáculo
que agrada. Ocorre que no caso do teatro há sempre uma instância julgadora a
mais: a da crítica, que neste caso assume importância ainda maior. Daí que no
teatro os diretores como que estejam sendo obrigados a fazerem algo novo, algo
que tenha alguma relevância no meio teatral. Pode ser.
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