Tenho refletido
bastante sobre o teatro e a dedicação necessária para desenvolver um trabalho
consistente. E tenho concluído que sem uma dedicação constante o trabalho em
teatro acabará sendo, para quem o pratica, apenas um complemento a um trabalho
de ego ou um trabalho que jamais sairá do amadorismo. Por amadorismo não me
refiro necessariamente a um trabalho em que a paixão seja o fator a levar o
ator a produzir alguma coisa; por amadorismo refiro-me a trabalhos em que
"tudo tanto faz", em que o resultado não visa atingir parâmetros de
qualidade, seja de que aspecto for.
Claro, dedicação
implica tempo. Dedicação implica ensaio. Dedicação implica cumprimento de
prazos e de atitude. Por atitude refiro-me especificamente a considerar que o
que está sendo feito tem relevância suficiente para requerer seriedade e
esforços de concentração superiores aos normais. Por tempo, considero que ator
ou diretor que não dedica sequer duas horas por semana para trabalhar seu corpo
ou trabalhar os textos a serem encenados não pode de forma alguma chegar a
algum lugar com isso. Por isso, creio, as oficinas que conheço usam ao menos 2
horas por semana para trabalhar com os atores.
Infelizmente, porém,
vejo que atrizes e atores não pensam assim. A maioria deles no fundo pensa que
"tanto faz", ou seja, que bastando um esforço concentrado ele
necessariamente irá chegar lá. Não creio que isso tenha nenhuma base na
realidade. Pelo simples fato de que todos os diretores que eu conheço não
conseguem levar a sério essa postura de trabalho. Claro, há sempre um quê de
diversão nisso que o ator e o diretor desenvolvem. Ou seja, levar a sério o
teatro não significa necessariamente fazer trabalhos maçantes. Longe disso. Mas
se o trabalho não é feito com dedicação não poderá mesmo chegar a lugar algum.
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