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Olá, todas, todos
PEÇO QUE LEIAM COM ATENÇÃO ESTA MENSAGEM, QUE É LONGA E QUE
AFETA A TODAS/OS.
Todas/os vocês devem se lembrar muito bem quanto a como este
grupo foi formado, e quanto aos critérios que sempre utilizei, utilizo e
utilizarei para nortear os trabalhos.
Vocês sabem, por exemplo, que nunca, EM HIPÓTESE ALGUMA,
aceito qualquer mistura entre aspectos pessoais e profissionais dos
profissionais envolvidos em atividades do grupo, muito ao contrário. Fico
ofendido quando um membro do grupo sequer ousa pensar em utilizar argumentos de
ordem pessoal para justificar ou sugerir privilégios de ordem profissional. São
incontáveis as ocasiões em que tive de chamar a atenção a membros do grupo
quanto a deslizes que as pessoas normalmente tomam porque confundem, no meu
caso, o Rodrigo amigo com o Rodrigo diretor do grupo.
Ocorre que, dentre outras coisas, noto, como pessoa e como
profissional, que o mercado – e não só o teatral – está repleto de situações em
que, relativamente a questões éticas, as pessoas não mais se ofendem – quando
deveriam fazê-lo. Ofender-se virou algo démodé. Magoar-se, uma desculpa barata.
Amar, um despropósito – quando existe uma palavra técnica para o amor
descompromissado (não romântico): ágape.
Para evitar problemas desse tipo, tomo desde o começo
precauções que todos poderão considerar desproporcionais e até mesmo
inusitadas. Por exemplo, no envolvimento pessoal entre os participantes do
grupo. Não gosto de misturas indevidas: gente que vem com outros fins em mente,
que não profissionais; gente que se imiscui em questões que dizem respeito a
cada atriz/ator em particular; sugestões de impropriedades no envolvimento
profissional em cenas que acabam sendo muitas vezes chocantes, por tudo aquilo
que envolvem. Sou com frequência obrigado a tomar atitudes duras em relação a
amigos ou conhecidos que OUSAM romper barreiras que, ELES SABEM, são
inamovíveis.
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Pois então. Não me engano. Somos um grupo em formação. Ou
melhor, dezenas de grupos, na medida em que as cenas envolvem duplas ou trios
diversos. Nesse sentido, e em vários outros, não somos ninguém ou praticamente
ninguém no meio teatral. Claro, isso é claro. Afinal, sou um ator relativamente
desconhecido, assim como autor que nunca apareceu em nenhum edital relevante;
apresentamo-nos num bar – o Club Noir – e nunca saímos na imprensa; só os
amigos ou transeuntes eventuais viram nossos trabalhos.
Ocorre, porém, que não é assim que EU vejo nosso trabalho.
Dedico-me a assistir, refletir e a atuar em teatro desde 2008, e desde então,
com todo meu currículo profissional multifacetado, encaro a tarefa com
seriedade bastante relevante, e provas disso todos os membros deste grupo têm
em seu trabalho e convivência comigo. Ou seja, a meu ver NÃO IMPORTA SE ainda
NÃO SOMOS RELEVANTES NO MEIO TEATRAL. Meus critérios de ordem dramatúrgica,
cênica e ética são e sempre foram, em minha atividade, os mais elevados – e
assim continuarão sendo. Sou a esse respeito defrontado, repetidas vezes, com
atitudes de colegas e amigos que fogem de meus critérios (que não são meus,
claro, senão são os critérios mais elevados que norteiam as atividades do
teatro em todo o mundo) – mas, como muitas vezes essas atitudes não me dizem
DIRETAMENTE respeito, prefiro ficar na minha.
Por que todo este lenga-lenga, algumas e alguns de vocês
perguntarão.
Explico.
Vocês sabem que o Grima Grimaldi, profissional de grande
reconhecimento no meio e frequentador do Cemitério de Automóveis, propôs a mim,
e ao meu grupo, filmar, num curta-metragem, cenas de peças minhas. Ele me
chamou à sua casa, onde me serviu uma feijoada, e ouviu algo sobre meu trabalho
como autor e diretor de meu pequeno grupo. Daí eu passei a ele todas as minhas
peças, das quais ele selecionou quatro, e das quais pegou trechos de cenas que
transformou num roteiro de curta-metragem. Passou à minha avaliação, eu
aprovei, chamei nossas atrizes e quatro delas foram escolhidas para fazer uma
cena entre elas. Mais dois atores foram chamados e com isso o elenco ficou
completo. Contratei, a custo zero, um assistente de direção de atores e um
produtor. Chamei uma amiga para fazer a maquiagem. Em suma, montamos uma equipe.
As atrizes e eu nos reunimos uma vez para começar a fazer a construção das
personagens. E hoje mesmo iremos nos reunir novamente.
Acontece que há algumas semanas o Grima discutiu fortemente
com um frequentador do Cemitério de Automóveis que, após a discussão, passou a
criar perfis falsos do Grima no facebook. Eu acompanhei tudo meio à distância,
mas tão logo pude lhe sugeri que denunciasse o falso perfil ao face. Ele o fez
e o perfil saiu do ar. Hoje surgiu outro perfil falso, no qual entrei para lhe
passar o endereço. O Grima aceitou a sugestão de mais alguém e denunciou o
perfil falso à PF. Ocorre que essa situação fez com que o Grima ficasse
desconfiado de toda e qualquer pessoa frequentadora do Cemitério de Automóveis.
E me dissesse que uma de nossas integrantes faria parte da trupe que apoia o
cara com que ele discutiu – e que cria os perfis falsos. Muito bem, essa
integrante é a Naomi Takahashi. A Naomi, cabe salientar, me apoiou a primeira
vez que apresentei cena coletiva – aquela com seis atrizes, de idades variadas.
Ocorre, porém, que a Naomi literalmente sumiu com uma cena minha, sem se
prontificar, de forma alguma, a apresenta-la. Recentemente, a Naomi me evitou
uma noite em que apareceu aquele desafeto do Grima, e desde então não entramos
mais em contato.
Bom, eu, como vocês sabem, sou bem compreensivo quanto ao
prazo em que alguém, uma atriz ou ator, tem para apresentar a cena que fiz a
esse alguém. Mas a Naomi simplesmente não deu mais as caras, de forma alguma.
Isso faz com que eu perca a confiança. Ocorre que agora, ao saber que ela apoia
aquele tal desafeto, não pude deixar de considerar que havia um problema ético
grave que precisava ser tratado. Daí que, por ambas razões, optei por tirá-la
do grupo. Alguém pode argumentar que posso ter sido afobado – tentando agradar
o Grima, por exemplo. Mas eu acredito, por minhas vias, saber com quem estou
lidando. Não posso admitir que as pessoas se apoiem em meu grupo e simplesmente
sumam sem deixar vestígios. Há membros de muitos meses atrás que, quando me
encontram, ao menos falam comigo e me dizem o que fazem. Mas e quanto aqueles
que te tomam como estranho? Isso é um problema Bom, tirei a Naomi.
Acontece que os problemas não acabam por aqui.
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Com base nessa questão envolvendo a Naomi, mas mais especialmente
a falta de confiança que ele, Grima, passou a nutrir do pessoal TODO que
frequenta o Cemitério de Automóveis, ele mesmo, o Grima, decidiu não mais fazer
o curta que nos sugeriu e que tomou tanto nossa atenção – e expectativas.
A mensagem dele vai a seguir.
Rodrigo nào vou mais
fazer o curta. perdi a confiança em todos que frequentam o cemitério de
automóveis. e como nào sei com quem estou tratando é melhor parar por aqui. a
japonesa naomi que pertence a seu grupo é uma das amigas do Pierre e defendeu
ele. inclusive é bloqueada no meu face. e tem muitos que são amigos dele e que
acham que o maluco sou eu inclusive o Mário. estou me afastando definitivamente
de qualquer contato. vou tirar todos da minha lista de amigos. Mário confia
nele, Batata tb, Nelsom Peres tb e muitos outros. tô fora. melhor me afastar
total. nào tem volta.
Minha mensagem de volta:
Grima, isso não é nada profissional. Reconsidere pq sempre estive do seu
lado.
Inclusive hj irei ensaiar as garotas. Nr faça isso comigo, não tenho nada
a ver c a história. Tto q vi o Pierre lá e tive vontade de lhe dar umas
porradas. Qto ao bar, achamos outro. Já qto à Naomi, tiro do grupo por esse é
outros motivos.
Não faça isso comigo, Grima, isso não é nada profissional, tto q te
sugeri denunciar inclusive agora.
Eu já ia tirar a Naomi faz tempo, ela é inútil no grupo e só ajudou uma
vez.
O cara vai ser pego, vc vai ver.
Inclusive fui EU q te dei o link p a denúncia, lembra?
Aliás, não sei se vc percebe, mas pelo jeito é isso mesmo q ele quer, te
isolar daqueles de q vc gosta. Pensa nisso.
O Grima então retrucou:
acabou Rodrigo, nào
estou isolado. tenho pessoas do meu lado. nào quero mais saber de ninguém
daquele pedaço. exclui da minha vida. chega. cansei de amigos que andam com
pessoas doentes como essa gente. ali nào confio em mais ninguém acabou.
E eu também:
Tudo bem, mas eu não faço parte disso, e vc sempre soube. Reconsidere.
Valeu
Inclusive pode ver, o Pierre foi tb bloqueado por mim faz tempo.
Procure tbm dentre minhas garotas, verá w só a Val e a Gabi frequentam,
mas são peixe pequeno.
Mas aceito sua decisão, embora cá entre nós não seja profissional no q m
diz respeito.
Bom, a Naomi ta fora do grupo. T mais
Finalmente, escrevi o seguinte, pouco antes de fazer esta carta a vocês (que ele está recebendo em primeira mão):
Grima, estou escrevendo uma mensagem no grupo a respeito do que
aconteceu. Lamento, mas seu antiprofissionalismo é inaceitável. Não irei mais
lhe pedir nada, simplesmente você deve saber o que fazer, agora, que é cumprir
sua palavra de profissional. Logo mando a mensagem.
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Minhas considerações a respeito vão a seguir.
NÃO ME IMPORTA, NUNCA ME IMPORTOU NEM NUNCA ME IMPORTARÁ o
trabalho anterior que um profissional qualquer tenha feito que eventualmente
possa me dizer respeito. Pois SOMENTE OS CRITÉRIOS PROFISSIONAIS que esse
profissional estabelece em seu trato comigo e meu grupo é que me dizem
realmente respeito.
E nesse sentido o sr. Grima Grimaldi, do alto de seus 31 anos
de experiência, muito bem vividos com gente de primeiro nível, mostra-se um
profissional LAMENTÁVEL, inteiramente ANTIPROFISSIONAL, ao aceitar que
critérios outros que não dizem respeito ao trabalho profissional dos envolvidos
neste curta, QUE ELE SUGERIU, influenciem seu compromisso conosco,
profissionais já com bastante experiência ou iniciantes, a ponto de
simplesmente cancelar um trabalho proposto e já combinado.
Diria ao sr. Grima que a grande atriz Raissa Peniche comprou
uma passagem para os dias 10 e 11 de janeiro para gravar a cena do curta que a
inclui (ela está no RJ gravando para a Record). Diria também que as atrizes e
atores envolvidos se comprometeram com o trabalho, com os custos a todos
decorrentes. Diria também que tudo isso gera um custo AO MEU GRUPO em termos de
credibilidade. E aí, sr. Grima, quem paga tudo isso?
Não acredite, sr. Grima, que se dinheiro estivesse envolvido
neste curta eu hesitaria em acioná-lo na Justiça para os devidos
esclarecimentos e reparações. Pois, sr. Grima, eu acredito, sim, na Justiça, e
na ética, acima de tudo. Quem o sr. pensa que é? Com quem o sr. pensa estar
lidando? Quem o sr. acha que convidou para trabalhar consigo? Um moleque? Um
bando de gente desqualificada? Um bando de vagabundos e vagabundas? Quem o sr.
pensa que é?
Não hesito em escrever esta carta agressiva pois essa
atitude do sr. Grima Grimaldi, agora de triste memória, é simplesmente
inaceitável e indesculpável. Não me interessa agora mais o que o sr. vai fazer.
Simplesmente TEM DE CUMPRIR SUA PALAVRA. E se não cumprir arque com as
consequências de sujar seu nome com esta cafajestagem de primeiro nível.
Digo a todas/os vocês, contudo, que não me deixo abalar com
atitudes desse nível. Eu já excluí 3 outros membros do grupo por atitudes
similares de descumprimento com parâmetros éticos básicos. E logo devo excluir
mais um membro (a conferir).
Mas tudo bem.
Nada abalará nosso trabalho, que vai de vento em popa. O sr.
Grima Grimaldi mostrou a que veio, a criar expectativas goradas por
antiprofissionalismo que não me diz nem nunca dirá respeito. Lamento por ele,
mas ele é ele, e eu sou eu, e nós somos nós.
Insisto, porém, às atrizes envolvidas – que hoje ensaiarão
comigo – que nada mudou para hoje. O ensaio ocorrerá normalmente. The show must
go on.
Abraços
Contrera
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