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a fritura de meierhold, lenin e a atração que a tradição desperta em mim

leio a muito custo, pela falta de tempo, a biografia que gerard abensour faz de meierhold.
as primeiras páginas localizam o destino do ator e encenador pouco antes de ser perseguido pelo regime.
nesse ponto eu páro para pensar. lembro-me da leitura dramática que o caetano vilela e trupe fizeram de travesties, de stoppard. e de minha surpresa ao concordar com o lenin, justo com este cuja biografia, de robert service, leio quando dá um tempinho. inacreditável como possa corroborar o universo dessa máquina.
ocorre-me o mesmo pensamento. enquanto acompanho a fritura do encenador pego-me ora condenando a tragédia, ora concordando com os detratores. não sei o que me acontece. acaso a liberdade precisa estar sujeita ao prisma do regime em vigor? não sei, sinceramente não sei. olhando de longe é fácil avaliar a luta pelo prisma de quem a sofreu na carne. mas e se eu estivesse por lá? não sei.
outra pequena reflexão.
vejo levas e levas de colegas tentando inovar no teatro. e o cansaço decorrente.
quando o que me abre os olhos é a enorme lista de peças que faziam a história soviética e de quantas não conhecemos em todas as tradições. por que inovar? claro que todos nós nos rendemos à tentativa de sair do anonimato. mas pensando com meus botões me é mais interessante capturar tradições esquecidas.
mas posso pouco. não sei russo. e meu alemão é triste demais. o resto, bom, o resto eu continuo tentando.

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