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Balada pra quem não me quis (terceiro CD do Saco de Ratos)

Minha relação com a música é verdadeiramente complicada.
Com gosto eclético, tendo a me "grudar" em músicas, seja de ação, reflexão ou introspecção, de determinadas bandas e dificilmente disso sair. Minhas bandas principais são geralmente de rock ou metal. Mas todo mundo sabe que o metal, em geral, não é o melhor gênero para discorrer sobre amor. O próprio Mickey Dee, do Motörhead (só classificar a banda de metal já é uma discussão infindável), reclamou quando o Lemmy colocou Love no título de um CD dos ditos... Love, Lemmy, porra...
Bom, no caso do Saco de Ratos meus musts, desde que os conheci, sempre foram os musts de todos. Não cabe aqui dizer quais, quem sabe, sabe.
"Balada pra quem não me quis" nunca me chamou especialmente a atenção. A vida cumpriu sua parte ao me aproximar do tema. Ouvi a música, presente do terceiro CD da banda, ontem mesmo antes de sair. Foi a ocasião em que consegui - finalmente - ouvir com atenção - e pela primeira vez - esse CD do Saco, e em que consegui - fazendo outras coisas - adentrar um pouco no clima da dita cuja. Não me emocionei - como acontece com outras músicas sobre amor, que venho conseguindo cantar aqui e acolá -, mas a letra chamou a minha atenção. Voltei a ela, no encarte do CD, e reconheci bem aí certas sensações que antes, eu diria, me eram mais estranhas do que deveria. Soube encarar a pauleira e saí com algo da letra em minha mente. A sensação de "finalmente saquei" me acompanhou a tarde toda.
Tenho dificuldade em ouvir, e ainda mais em refletir e introjetar, CDs que ouço pela primeira vez. Algo neles me convida a sair, a não embarcar nessa, a desconfiar, a não ceder e a recusar qualquer nova entrada em minha psiquê. Desta vez, não ouvi o CD todo, não tive tempo nem condições, mas algo finalmente me tocou de forma indelével, algo que saiu um pouco fora dessa situação de mandar o mundo para a puta que te pariu (agora há pouco cantei uma música dessas e me larguei a dar risadas no fim, sei lá por quê).

Mas valeu. Percebo - de minha parte - que o blues é uma sensação que ainda não destaquei de mim mesmo, e por isso volto a ler romances policiais da linha Negra da Record. Enquanto isso, volto aos poucos a sacar as legendas mal ajambradas dessas músicas de estrutura simples mas nem por isso fáceis de digerir. Enquanto não continuo dando risada. A vida é uma piada. Claro que às vezes de mal gosto. Mas apesar de tudo uma piada. Que eu venho aprendendo a destacar no mundo de mim mesmo, claro.

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