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o mundo invertido

invade-me a trilha final de nossa peça. caio numa melancolia profunda.
mas, contrária a ela, uma forte tendência a sair de mim.
a gabi (não a da peça) desvelou-me poesias de outrora. hoje ela passa no teatro. irá ver a peça. preciso agradecer-lhe. há tempo que não me emocionava com uma poesia, de grande de outrora. 
ontem, outra amiga - que conheci pessoalmente na ocasião - mostrou-me quão extensa e intensa pode ser a subjetividade própria e alheia. a timidez é passo segundo. como explicar que em mim o mundo parece caminhar invertido?
a tarde avança enquanto reparo em mais e mais caminhos no personagem que eterniza a vida na arte. 
dias e noites, de Lucas Mayor, direção de Mário Bortolotto, na frei caneca, 384, 21h, 20 pilas.

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