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antes, na coxia

antes de entrar no palco, bate um medo.
o medo de esquecer. mais ainda, o medo de, esquecendo, parar no meio.
do jeito que eu venho aprendendo, eu, que também escrevo e dirijo minhas bagaças, só posso mesmo agradecer. e é o que, calado, acabo fazendo pouco antes. 
mas isso não evita que poucos segundos antes do palco, quando a luz começa a se fazer, quando o momento torna-se meu, o peito bata (um pouco) mais alto.
um jeito de tentar superar algo disso é concentrar-se antes.
a coxia é um lugar sensível.
diria que uma hora antes do palco não é legal que as energias contaminem com nada negativo. por isso, a introspecção é algo salutar nesses casos. tentar a voz, os movimentos, passar o texto, tudo com calma e singeleza. nada que é brusco pode dar nada bom nesses momentos. nada de gritos, principalmente. a coxia é um local sempre acanhado pelo tanto de energia investida nisso que irá acontecer.
hoje, quinta semana, dias e noites, de Lucas Mayor, direção mahavilha do Mário Bortolotto, cia la plongée e convidados, frei caneca, 384, 21h, 20 pilas.
e já bate a saudade.

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