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Quadrinhos

A peça da Michelle Ferreira e um comentário do Zen Salles me despertaram a isso que eu mal imaginava que poderia me dar um feeling: a estética dos quadrinhos.
Foi por isso que, mesmo sem grana, decidi comprar uma revista de quadrinhos escolhida lá na banca do Wilson mas comprada naquela banca onde tem pornográficas a dar o chapéu. Mas fiquei lá olhando as em quadrinhos. Levei Vertigo no. 42, da Panini.
Preciso comentar que, longe de perceber algo diferenciador na linguagem das histórias da revistinha, percebi o quão complexas podem ser. Tomo "O Carteado de Natal" de Jamie Delano como referência. Um morto-vivo que quer tirar a filha da putaria. Um sujeito sem dó cujo único prazer e vitória é ganhar no carteado. Sujeitos perdidos que vêem a vida de longe e que apostam contra ela. Uma riqueza de detalhes numa história sem moral diferenciada - pareço ler Dickens - mas a muitas léguas de certa superficialidade de teatro que vejo por aí. Enquanto ouço o último cd do Lemmy, após lavar o cabelo que amanhã é a gravação do clip de Vulgar. Ao qual fui convidado. Poderia hoje ir a uma junina do pessoal do Sindicato, mas não tenho vontade de me submeter a nada. Tanto que crio nova metodologia de guardar os arquivos para evitar esse "puxar" de textos que permanecem incompletos ou mal começados.

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