Eu nunca fiz o que se chama de leitura com minhas primeiras peças. Eu me lembro que a gente - o Raffa, o Brunno e eu, na maior parte das vezes - pegava o texto, decorava e pronto. Não havia o cuidado com a leitura. Na verdade, até hoje eu não sei muito bem para quê ela serve.
Na oficina da Lulu, as cenas eram montadas ao bel-prazer dela, que pegava o que fazíamos, aproveitava ou descartava, a depender daquilo que ela via, e depois virava algo com falas, mas nunca com um texto final. As cenas a partir de um certo momento acabavam se tornando fixas, mas sempre era necessário um certo frescor para convencer a Lulu.
As cenas que fizemos - e ainda fazemos - na oficina do Loureiro, que a partir de agora vai ficar mais esparsa, por problemas de grana e agenda, foram conduzidas de forma mais tradicional. Elas eram apresentadas, o Loureiro concordava ou não com elas, dava algumas orientações, a coisa se formava, ele pedia para fixar o texto, as falas, no caso, e depois era necessário manter um up nas interpretações. Isso sempre é necessário, eu reparei a partir de então. Foi com essa metodologia que eu percebi que conseguia escrever cenas realistas, mas que o mote era muito importante, e esse mote eu não tinha de bate-pronto. Fiz algumas coisas vergonhosas tentando forçar a barra.
Neste caso, da peça de um amigo meu, o texto está pronto, o diretor aprovou, o autor, diretor e atores se reuniram e finalmente - para mim - foi feito isso que se chama de leitura. O diretor é bem low profile, ordena as cenas, conduzindo-as para trás ou para a frente, escolhe os atores em função delas, para não haver cruzamentos indesejados, e depois ele pede para fazermos a leitura. O diretor tem perfeito domínio do que lê, sabe de detalhes até - aparentemente - melhor que o próprio autor, e concentra-se nas falas sendo ditas pelos atores.
No meu primeiro embate com o texto - que chegou de bate-pronto, sem eu tê-lo lido (até porque imagino que fosse desnecessário ou até desaconselhável) - senti uma certa estranheza. Não sabia onde estava, não havia tempo para eu entender realmente quem eu deveria ser, e por isso as primeiras falas surgiram meio toscas. O diretor, quem sabe para evitar a dor de ouvir algo que o desagrada - afinal, não sabia o que o esperava, fazia um gesto de esconder o rosto, mas depois a coisa andou e conseguimos - refiro-me principalmente a mim, que sou estreante - desenvolver a cena a contento. Depois, dada a ausência de alguns atores, eu também li com a minha colega uma outra cena. O clima é leve o tempo todo. Não me senti sufocado por cobranças, claro, também tudo apenas começou.
O diretor pediu horários para ensaio - os horários disponíveis para cada um -, e combinamos de receber o texto com cortes e nos concentrarmos nele para o decorarmos como devido.
Reflito que a leitura é um primeiro contato com o texto, cru, como se não o conhecêssemos na prática, ao vivo, falado. Percebi algumas acepções que fizeram rir e refletir, e percebi também que havia falas que pareciam um pouco longas ou que não cumpriam uma função tão clara assim. Mas foi de leve. Não saberia lhes dizer o que percebi, nem qual frase, nem por qual motivo. Simplesmente foi um primeiro contato que deixou a impressão de querer mais. Mas não irei ler o texto novamente até receber a minha cena com os cortes. Imagino que seja um problema passar com o carro na frente dos bois, e não vou me meter a meter os pés pelas mãos.
Mas estou adorando.
Na oficina da Lulu, as cenas eram montadas ao bel-prazer dela, que pegava o que fazíamos, aproveitava ou descartava, a depender daquilo que ela via, e depois virava algo com falas, mas nunca com um texto final. As cenas a partir de um certo momento acabavam se tornando fixas, mas sempre era necessário um certo frescor para convencer a Lulu.
As cenas que fizemos - e ainda fazemos - na oficina do Loureiro, que a partir de agora vai ficar mais esparsa, por problemas de grana e agenda, foram conduzidas de forma mais tradicional. Elas eram apresentadas, o Loureiro concordava ou não com elas, dava algumas orientações, a coisa se formava, ele pedia para fixar o texto, as falas, no caso, e depois era necessário manter um up nas interpretações. Isso sempre é necessário, eu reparei a partir de então. Foi com essa metodologia que eu percebi que conseguia escrever cenas realistas, mas que o mote era muito importante, e esse mote eu não tinha de bate-pronto. Fiz algumas coisas vergonhosas tentando forçar a barra.
Neste caso, da peça de um amigo meu, o texto está pronto, o diretor aprovou, o autor, diretor e atores se reuniram e finalmente - para mim - foi feito isso que se chama de leitura. O diretor é bem low profile, ordena as cenas, conduzindo-as para trás ou para a frente, escolhe os atores em função delas, para não haver cruzamentos indesejados, e depois ele pede para fazermos a leitura. O diretor tem perfeito domínio do que lê, sabe de detalhes até - aparentemente - melhor que o próprio autor, e concentra-se nas falas sendo ditas pelos atores.
No meu primeiro embate com o texto - que chegou de bate-pronto, sem eu tê-lo lido (até porque imagino que fosse desnecessário ou até desaconselhável) - senti uma certa estranheza. Não sabia onde estava, não havia tempo para eu entender realmente quem eu deveria ser, e por isso as primeiras falas surgiram meio toscas. O diretor, quem sabe para evitar a dor de ouvir algo que o desagrada - afinal, não sabia o que o esperava, fazia um gesto de esconder o rosto, mas depois a coisa andou e conseguimos - refiro-me principalmente a mim, que sou estreante - desenvolver a cena a contento. Depois, dada a ausência de alguns atores, eu também li com a minha colega uma outra cena. O clima é leve o tempo todo. Não me senti sufocado por cobranças, claro, também tudo apenas começou.
O diretor pediu horários para ensaio - os horários disponíveis para cada um -, e combinamos de receber o texto com cortes e nos concentrarmos nele para o decorarmos como devido.
Reflito que a leitura é um primeiro contato com o texto, cru, como se não o conhecêssemos na prática, ao vivo, falado. Percebi algumas acepções que fizeram rir e refletir, e percebi também que havia falas que pareciam um pouco longas ou que não cumpriam uma função tão clara assim. Mas foi de leve. Não saberia lhes dizer o que percebi, nem qual frase, nem por qual motivo. Simplesmente foi um primeiro contato que deixou a impressão de querer mais. Mas não irei ler o texto novamente até receber a minha cena com os cortes. Imagino que seja um problema passar com o carro na frente dos bois, e não vou me meter a meter os pés pelas mãos.
Mas estou adorando.
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