O Rubens Rewald foi colega meu na ECA. Ele fez cinema, eu jornalismo.
Noite dessas, encontramo-nos lá nos Parlapa e ele não se cansava de lembrar de quando eu, na ECA, encenei o Trimalchão do Satyricon, dirigido por ele. Não me lembro muito bem disso, não. Só sei que fiquei meio ruborizado. Creio. Ele contou para todos os presentes da cena. Tudo bem. Ele carregava um flyer do filme dele. Ele estava com o Marat (Descartes).
Eu queria ver o fruto do seu trabalho. Eu já havia visto há meses um filme do qual ele fez o roteiro - não me lembro do título, sei que era de uma cineasta conhecida e que foi lá no Memorial da América Latina. Gostei mezzo daquele filme.
Este, Super Nada, tentei ver outro dia. Mas cheguei tarde demais. Eu até estranhei que o filme continuasse no Itaú Cultural. Mas conferi nos guias da semana e lá fui eu percorrer toda a Francisco Morato, Rebouças etc. Afinal, saio do Taboão.
Cheguei bem cedo. Tinha até vários interessados no filme.
A história é simples. Marat faz as vezes de um ator que busca sua chance ou ao menos uma forma de pagar as contas. Com todo o custo disso decorrente. Da quase ou literal humilhação. Da necessidade de pedir dinheiro emprestado à mãe - que cuida de sua filha púbere. Nota-se um virtual desfalecimento do sujeito por causa de sua opção de viver de atuar. Chega a desfalecer, realmente, num determinado momento.
Ele é defrontado face à oportunidade de uma ponta num episódio de Super Nada, um humorístico estrelado pelo Jair Rodrigues. O personagem de Marat reverencia o cara - por quê? eu não imagino. Paixões são assim. Sem explicações. Ele acaba conhecendo o Jair, embebedam-se e... (não vou contar). Ao final, um dilema moral. Quando tudo termina - eu já imaginava, deixar a ponta aberta a interpretações.
O filme é legal, mas eu estou acostumado a maior rapidez dos cortes. Entedio-me um pouco. Mas entro na trama.
Há muito eu não me motivava a ver cinema nacional. Entrei neste para verificar o fruto desse meu ex-colega. É decente. Vale a pena? Sim, vale. Mas é cinema. Não consigo tirar muito mais. Nem deveria, na verdade.
Viva a arte, simplesmente.
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