Lendo o próprio alemão nesse livrinho fantástico (Fassbinder, A Anarquia da Fantasia) percebo que há aqui um caminho. Fassbinder decifra o ser humano destacando os papéis nos filmes de Douglas Sirk, e com isso dá um sentido à noção de leituras. Percebemos que ele não quer analisar nada, que ele simplesmente vê e que isso faz toda a diferença. Quantas vezes assistimos a um filme e ao final não sabemos realmente o que aconteceu? Fassbinder, inteligente como só ele, não. Ele não renuncia à sua noção de leitura e nos coloca diante do filme e diante do significado humano das tramas. Há muita filosofia, não acadêmica, aí. Há o sentido da vida. É maravilhoso. É de certa forma muito mais do que um Novarina naquele livro que leio e não consigo resenhar.
Numa entrevista no livrinho, Fassbinder reconhece como as relações podem mudar durante o trabalho, seja em cinema como em teatro. Cita o caso de um ator que trabalhava bem com ele no cinema, mas que no teatro acabou dando margem a uma distância fundamental entre os dois. Compreendo que isso me atrai porque com isso consigo descobrir mais de mim mesmo e do mundo POR MEIO DA RELAÇÃO entre os dois. Há um conhecimento fundamental, algo que supera tudo o que se vive.
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