Os ensaios com o Loureiro vão de vento em popa.
Há diversos exercícios a desenvolver.
Um deles é a leitura de Hamlet e outro texto do bardo. Não digo exatamente o que está sendo pedido: atenho-me àquilo que venho sentindo.
A primeira vez que LI o texto fiquei decepcionado. Achava que ele fosse mais direto - levando a ação.
Mas aos poucos senti o drama. OOOOOO drama.
É maravilhoso. Tudo está ali. A dor de viver ou morrer. Simples. Ser ou não ser.
Mas é necessário dizê-lo.
COMO sentir o drama? Como contextualizá-lo? COMO expressá-lo na sua premência, urgência e importância?
Entendi por que o bardo é o que é - ou foi o que foi.
Lembro-me da primeira vez que li Fugindo, aquele meu texto, com a mesma ênfase.
Senti o mundo escapando dos meus pés. Não sabendo mais o que eu queria dizer. A Lê decifrou-o fácil, fácil, mas AQUI DENTRO eu NÃO SABIA o que sentir.
Em mim, a palavra SAI e se me escapa. Não permanece de forma que eu dela possa me apossar.
É como se fosse um grito. A dor motiva o grito. O grito expressa a dor. Mas a dor fica entre um e outro. A dor é indizível, impossível de ser expressa NELA MESMA.
O teatro faz com que eu penetre no interior de mim mesmo. Escave profundezas que sempre estiveram lá, patentes, mas que nunca foram devassadas. Fazer uma viagem interior que dói demais.
Noto que a vida pede-me o mesmo.
De outra forma. Mas o mesmo.
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