Conheci a Marcela Lordy numa oficina que ela ministrou com o pessoal do Cemitério de Automóveis. Ela me apresentou ao cinema como ele é de fato, uma indústria extremamente organizada e estratificada. Ela, no caso, foi assistente de direção (1, 2 e 3, acho), e é diretora de curtas. Tem uma série de outras atribuições, mas páro por aqui. Aproveito porém para dizer que é uma pessoa extremamente simpática e acessível.
Fico sabendo da exibição de seu primeiro curta pelo face. Chego supercedo e a encontro por lá. Conversamos, ela agitada de dar agonia. A exibição começa 30 min mais tarde. O curta dela é o do meio.
Tudo parte da ligação da personagem Valentina, de Guido Crepax, com a atriz Louise Brooks. A Marcela pesquisou para caralho e achou cartas que colocou como diálogos espaçados mostrando como Louise foi se tornando Valentina e esta, arte do mais alto nível (em sua especificidade, claro).
A narrativa é dada pelas cartas, transcritas, e pelo aparecimento de imagens da lindíssima Simone Spoladore em poses diversas transmutando-se aos poucos na gostosérrima Valentina. Leio após achar no Google que a Simone e o Felipe Vidal teriam feito o monólogo em que o curta se baseia. Não tenho tempo aqui para pesquisar mais, nem quero entrar em detalhes perfeccionistas. Digo apenas que a jogada faz um efeito do caralho. E entremeada com as soluções imagéticas da Marcela, então, o prato fica totalmente cheio.
O curta tem também uma história pregressa que a Marcela me contou e que eu esqueci (ao menos os pormenores). Mas isso é detalhe.
Saio contente em ver um experimento que me faz ver a telona de outra forma. Experimental, erudita e libertária. Além do que ver belezas femininas desse quilate meio que tira o fôlego de qualquer um.
Levo a Marcela à residência na Pompéia e caio finalmente fora, sabendo ter perdido boa parte da noite de sono.
Foda-se.
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