Pular para o conteúdo principal

Arte (e Monalisa Underwear)

Eu confesso que fico meio ressabiado quando insistem em me motivar a frequentar eventos em que desejamos vida longa ao teatro.
É uma resposta minha aos delírios da democracia direta. Não gosto de manifestações simplesmente afirmativas. Prefiro as reivindicativas.
Mas o fato é que luto, como todos, pelo teatro.
Mas mais ainda luto pela arte em geral.
Pois para mim o teatro nada mais é que outro ramo das artes plásticas.

Ontem, encontrando o Euler (Santi), ficamos conversando sobre a peça dele sobre Cioran e sobre as peças do também romeno Visniec, algumas das quais resenhei aqui.
Foi muito legal o encontro, do qual saí rouco de tanto falar.
Eles me deixaram falar, claro, mas o fato é que quando sou tomado pelo tema fico irresistivelmente chato. Mentira, eles gostaram, ao menos aparentemente.
O Euler é um condenado a acreditar como eu e tem tido sucesso em montar sua peça em alguns lugares. Hoje é na Aliança Francesa.
Ficamos acertados de que eu iria, sem forçação de barra, tentar encontrar patrocínio à peça dele. Mas isso foi de menos. Legal mesmo foi sentir-me aceito também por esse pequeno grupo. Gente como a gente.

Hoje haverá, à meia-noite, a estreia da peça Monalisa Underwear, do Sugar Gay Leonard (Guilherme Junqueira), no espaço Cemitério de Automóveis. A Lara Giordana e o Haroldo Ferrari fazem parte como atores.
Estou bem animado e a única coisa que me prende a ficar em casa é o cansaço. Pois ontem fiquei até as 3h numa esbórnia bem legal. Pude conversar olhando nos olhos de colega, agora amiga, e me senti realmente bem com isso. É raro.
Assim vai a vida. Indico, sem ter visto, a peça do Sugar. Até lá

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Gargólios, de Gerald Thomas

Da primeira vez que assisti a Gargólios, do Gerald (Thomas), na estréia, achei que não havia entendido. Alguns problemas aconteceram durante o espetáculo (a jovem pendurada, sangrando, passou mal duas vezes, as legendas estavam fora de sincronia, etc.) e um clima estranho parecia haver tomado conta do elenco - ou pelo menos assim eu percebi. De resto, entrei mudo e saí calado. Mas eu já havia combinado assistir novamente o espetáculo, com a Franciny e a Lulu. Minha opinião era de que o Gerald, como de praxe, iria mexer no resultado. Por isso, a opinião ficaria para depois. À la Kant, suspendi meu juízo. Ontem assisti pela segunda vez ao espetáculo. E para minha surpresa muito pouco mudou. Então era isso mesmo. Lembro de que minha última imagem do palco foi ter visto o Gerald saindo orgulhoso. A Franciny disse meu nome a alguem da produção, pedindo para falar com o Gerald. Ele não iria atender, e não atendeu. Lembro-me agora de Terra em trânsito, a peça dele com a Fabi (Fabiana Guglielm

(Em) Branco (de Patricia Kamis, dir. Roberto Alvim, Club Noir, 3as a 5as durante o mês de agosto)

Fui à estreia da segunda peça da leva de oito novos selecionados que o Alvim vai encenar municiado de sua leitura na noite anterior. Esperava ver algo relativamente tradicional e nutria um certo receio de déja vu. A atriz e os dois atores permanecem estáticos em quadrados iluminados por baixo. O caráter estático não se refere apenas ao corpo em contraponto com o rosto, mas também a este, mutável apenas (e repentinamente) por expressões fugazes. Os olhares permanecem fixos. O texto segue a ordem 1, 2, 3 (segundo o Alvim, emissores mas não sujeitos), que eu imaginava que iria entediar. As falas são ora fugazes ora propositalmente lentas e sua relação tem muito a ver com o tempo assumido em um e outro momento. Não irei entrar no âmago da peça. Nem irei reproduzir o que a própria autora, o dramaturgo Luciano Mazza e o próprio Alvim disseram no debate posterior a ela. Direi apenas que durante ela nossa sensibilidade é jogada de um lado a outro num contínuo aparentemente sem fim sem c