Pular para o conteúdo principal

Cair na real ou Rumo a um novo mundo

Comecei duas vezes a escrever um pequeno texto com o mote de "cair na real" e não consegui chegar a nenhum lugar.
Talvez seja porque quero revelar algo sem revelar tudo. Pois tenho uma certa vergonha.
Cair na real.
Ninguém cai na real impunemente. É preciso que algo, alguma coisa o faça cair. E caindo "na real" não há mais o que justificar. O real é o que é, e ponto.
Quando a gente anda apenas com nossas pernas, às vezes dá uma fraqueza e a gente quase desiste. Mas não se pode desistir nesses casos. Só nos resta nossas pernas. O negócio é achar forças em algum lugar e mandar ver.
O raciocínio instrumental é o que mais ajuda nessas horas. Sei bem que ele não é muito bem quisto entre defensores de um pensamento complexo, mais humano, mas o fato é que é no cálculo que as coisas começam a se resolver e no final se resolvem (ou não).
Antes, eu usava mais esse tipo de raciocínio. Acomodei-me e me deixei levar por cantos do bode. Agora preciso voltar à vaca fria.
Tudo isso só para dizer que o mundo precisa se ampliar à minha frente. Sob risco de cair para valer.
É teimar. Andar para a frente, e só.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Gargólios, de Gerald Thomas

Da primeira vez que assisti a Gargólios, do Gerald (Thomas), na estréia, achei que não havia entendido. Alguns problemas aconteceram durante o espetáculo (a jovem pendurada, sangrando, passou mal duas vezes, as legendas estavam fora de sincronia, etc.) e um clima estranho parecia haver tomado conta do elenco - ou pelo menos assim eu percebi. De resto, entrei mudo e saí calado. Mas eu já havia combinado assistir novamente o espetáculo, com a Franciny e a Lulu. Minha opinião era de que o Gerald, como de praxe, iria mexer no resultado. Por isso, a opinião ficaria para depois. À la Kant, suspendi meu juízo. Ontem assisti pela segunda vez ao espetáculo. E para minha surpresa muito pouco mudou. Então era isso mesmo. Lembro de que minha última imagem do palco foi ter visto o Gerald saindo orgulhoso. A Franciny disse meu nome a alguem da produção, pedindo para falar com o Gerald. Ele não iria atender, e não atendeu. Lembro-me agora de Terra em trânsito, a peça dele com a Fabi (Fabiana Guglielm

(Em) Branco (de Patricia Kamis, dir. Roberto Alvim, Club Noir, 3as a 5as durante o mês de agosto)

Fui à estreia da segunda peça da leva de oito novos selecionados que o Alvim vai encenar municiado de sua leitura na noite anterior. Esperava ver algo relativamente tradicional e nutria um certo receio de déja vu. A atriz e os dois atores permanecem estáticos em quadrados iluminados por baixo. O caráter estático não se refere apenas ao corpo em contraponto com o rosto, mas também a este, mutável apenas (e repentinamente) por expressões fugazes. Os olhares permanecem fixos. O texto segue a ordem 1, 2, 3 (segundo o Alvim, emissores mas não sujeitos), que eu imaginava que iria entediar. As falas são ora fugazes ora propositalmente lentas e sua relação tem muito a ver com o tempo assumido em um e outro momento. Não irei entrar no âmago da peça. Nem irei reproduzir o que a própria autora, o dramaturgo Luciano Mazza e o próprio Alvim disseram no debate posterior a ela. Direi apenas que durante ela nossa sensibilidade é jogada de um lado a outro num contínuo aparentemente sem fim sem c