A História dos Ursos Pandas contada por um saxofonista que tem uma namorada em Frankfurt, de Matéi Visniec (É Realizações Editora)
A peça, uma das duas de um dos quinze livros da coleção, chama a atenção pelo detalhismo. Na trama, ele se vê na cama, nu, diante dela, sem se lembrar de nada o que aconteceu, se aconteceu, entre eles. Em seguida, eles combinam que ficarão nove dias juntos, sem se saber exatamente por quê. A peça narra diálogos e situações em que eles passam nesses nove dias até um desfecho impressionante.
Aqui nesta resenha fico numa situação desconfortável pois, ao contrário das outras, as situações e os detalhes não podem ser contados antecipadamente com prejuízo da leitura e do entendimento. Nota-se contudo que os detalhes são os que conferem atração à trama e o inusitado das situações, um efeito catártico à inversa - pois não somos conduzidos a um desfecho que explica, mas a um que complica. Terminamos sem saber o que pensar mas, note-se, sabendo o que pensar de um inusitado remetido ao nível do quase escatológico. O suspense, note-se, permanece aceso até o fim. E ao final até a menção a cheiros, aromas, faz crer que a encenação pode ser algo realmente fantástico. Sentimo-nos praticamente levitar em função do que vemos e entendemos. É algo quase metafísico, isso.
Estranho que a editora tenha decidido colocar a pecinha em conjunto com outra ("Um trabalhinho para velhos palhaços"), pois ela basta-se por si só e, ainda mais, promove discussão. É quase impossível ler a peça sem ser conduzido a uma região do insondável, algo que parece aproximar o autor daquilo que o próprio Valère Novarina parece propor - o indizível.
Fico por aqui. Falta a outra peça.
Aqui nesta resenha fico numa situação desconfortável pois, ao contrário das outras, as situações e os detalhes não podem ser contados antecipadamente com prejuízo da leitura e do entendimento. Nota-se contudo que os detalhes são os que conferem atração à trama e o inusitado das situações, um efeito catártico à inversa - pois não somos conduzidos a um desfecho que explica, mas a um que complica. Terminamos sem saber o que pensar mas, note-se, sabendo o que pensar de um inusitado remetido ao nível do quase escatológico. O suspense, note-se, permanece aceso até o fim. E ao final até a menção a cheiros, aromas, faz crer que a encenação pode ser algo realmente fantástico. Sentimo-nos praticamente levitar em função do que vemos e entendemos. É algo quase metafísico, isso.
Estranho que a editora tenha decidido colocar a pecinha em conjunto com outra ("Um trabalhinho para velhos palhaços"), pois ela basta-se por si só e, ainda mais, promove discussão. É quase impossível ler a peça sem ser conduzido a uma região do insondável, algo que parece aproximar o autor daquilo que o próprio Valère Novarina parece propor - o indizível.
Fico por aqui. Falta a outra peça.
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