Fui assistir esta peça que iria rolar no espaço Piscina do teatro Viga esperando insights relativos a amor entre homem e mulher, digo, um casal. Estava meio nervoso por razões óbvias - enfrentar esta parada sem que a ferida tenha cicatrizado, ainda. Mas sou defrontado face uma outra forma de amor: entre mãe e filho.
Thiago Spektror foi um colega meu numa oficina do Diogo Granato. Eu não sabia que ele iria estrelar a peça. A colega eu não conheço. Foi interessante vê-lo enfrentando um texto ágil e forte, com encenação restrita a jogos de luz e de sombra.
O texto, como disse, é forte, mas algo fez com que eu me afastasse. Como reação, quem sabe a relação entre essa mãe e esse filho tenha me rendido uma certa aflição difícil de encarar. Percebia-se que ela havia desistido de uma certa vida por ele. Havia um misto de dor e culpa na própria existência dele. Ela deixava claro que não gostava desse seu rebento. Queria matá-lo. E ele como que queria morrer. Ou matar.
A peça é curta, 40 minutos dizem. Um desenrolar de sensações e criação de ambientações internas que no meu caso veio quase a amarfanhar minha sensibilidade. Tudo em nome de um certo choque que a situação poderia criar no espectador.
Ao final, contrariamente à minha expectativa, saí comovido. Quase chorei. Veio-me um lapso sobre MINHA relação com MINHA mãe - algo AGORA menos conturbado mas que estragou BOA PARTE de minha vida. Quem sabe meu próprio CASAMENTO. Bom, agora não importa. Se comoveu, atingiu.
Fica o mês de abril no Viga.
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