Pular para o conteúdo principal

Taynakan o que Conta Histórias Indígenas

Os 10 anos do Fomento renderam um festival de atrações dispersas por toda a cidade.


A problemática indígena sempre me atraiu. O título da peça dava-me vontade de embarcar em viagens inusitadas.

O palco, ambientado no espaço inferior da sede do Redimunho, dividia-se em três. Num primeiro momento, via-se uma figura redonda no centro. Não se sabia o que significava. Ao seu redor, um espaço circular em que os personagens passaram a circular. Atrás um ambiente que separava o que acontecia às vistas de todos de um fundo opaco, em que as personagens passaram a sumir.

Taynakan deve ter sido o pajé, que começou com a história do nascimento do mundo. A figura redonda mostrou ser um ser humano sugerindo o começo do mundo na figura de um homem. A figura espalhou-se pelo espaço circular até assumir a figura de um homem de carne e osso. Taynakan continuava contando histórias, relacionando os diversos povos indígenas a povoar a amazônia.

Num determinado momento, entra uma figura feminina que se mete a cantar. A mesma atriz, por sua vez, num outro momento, encarna o capital que entra na floresta buscando aplainar tudo em nome do progresso. A personagem caricata não motiva oposição a ela, nem aprofunda qualquer entendimento. O pajé grita para ela ir embora, os índios que surgem em seguida também, num ritual de afastamento que não dá margem a qualquer empatia.

Ao final, todos cantam e desafinam letras que mal conseguem balbuciar. Nota-se o esquecimento e o improviso.

Ao final, o ator que fazia o pajé diz que foi uma espécie de brincadeira querendo aproximar o espectador do universo indígena. Surge-me certa indignação com a displicência do trato. O material merecia melhor tratamento. O material até atraiu, mas o amadorismo quase põe tudo a perder.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Gargólios, de Gerald Thomas

Da primeira vez que assisti a Gargólios, do Gerald (Thomas), na estréia, achei que não havia entendido. Alguns problemas aconteceram durante o espetáculo (a jovem pendurada, sangrando, passou mal duas vezes, as legendas estavam fora de sincronia, etc.) e um clima estranho parecia haver tomado conta do elenco - ou pelo menos assim eu percebi. De resto, entrei mudo e saí calado. Mas eu já havia combinado assistir novamente o espetáculo, com a Franciny e a Lulu. Minha opinião era de que o Gerald, como de praxe, iria mexer no resultado. Por isso, a opinião ficaria para depois. À la Kant, suspendi meu juízo. Ontem assisti pela segunda vez ao espetáculo. E para minha surpresa muito pouco mudou. Então era isso mesmo. Lembro de que minha última imagem do palco foi ter visto o Gerald saindo orgulhoso. A Franciny disse meu nome a alguem da produção, pedindo para falar com o Gerald. Ele não iria atender, e não atendeu. Lembro-me agora de Terra em trânsito, a peça dele com a Fabi (Fabiana Guglielm

(Em) Branco (de Patricia Kamis, dir. Roberto Alvim, Club Noir, 3as a 5as durante o mês de agosto)

Fui à estreia da segunda peça da leva de oito novos selecionados que o Alvim vai encenar municiado de sua leitura na noite anterior. Esperava ver algo relativamente tradicional e nutria um certo receio de déja vu. A atriz e os dois atores permanecem estáticos em quadrados iluminados por baixo. O caráter estático não se refere apenas ao corpo em contraponto com o rosto, mas também a este, mutável apenas (e repentinamente) por expressões fugazes. Os olhares permanecem fixos. O texto segue a ordem 1, 2, 3 (segundo o Alvim, emissores mas não sujeitos), que eu imaginava que iria entediar. As falas são ora fugazes ora propositalmente lentas e sua relação tem muito a ver com o tempo assumido em um e outro momento. Não irei entrar no âmago da peça. Nem irei reproduzir o que a própria autora, o dramaturgo Luciano Mazza e o próprio Alvim disseram no debate posterior a ela. Direi apenas que durante ela nossa sensibilidade é jogada de um lado a outro num contínuo aparentemente sem fim sem c