mentiria se dissesse que vejo no teatro toda minha vida.
não. eu vejo no teatro a possibilidade de uma nova vida.
lembro-me como se fosse hoje das noites que eu passava na coxia de algumas peças do gerald. ele me deixou ficar por lá, eu fiquei calado o tempo todo.
lembro-me de quando ele me ordenou a dizer um texto no palco, sesc vila mariana lotado. foi um fiasco, mas um fiasco inesquecível.
lembro-me da primeira peça que eu escrevi e dirigi, naquela escola chamada ECAL, na indianópolis. das lágrimas dos presentes, da sensação de desaparecimento, do mando na realidade. claro que ninguém entendeu nada. não tinha o que entender.
e das tantas ocasiões que o pessoal dos satyros me deu para apresentar textos próprios.
e da oficina da lulu, e da apresentação de bestas mortes. de todo o sofrimento.
o marião diz numa entrevista ao abujamra que no teatro é possível dizer tudo. e é verdade. essa possibilidade me atiça e amedronta. pois não quero mais chorar. gostaria de rir, é certo, mas que porra não consigo criar algo que faça rir - por enquanto, espero. claro, minha simples presença no palco, como o sujeito que iria matar a puta, e toda a coreografia - que eu NÃO ME LEMBRO DE como surgiu - foi engraçada, bastante. o pessoal delirou. mas no geral meu teatro me faz chorar. tem muita coisa encalacrada na garganta, sabem? demais, demais.
mas se eu for por esse caminho será bastante chato, até para mim mesmo. por isso sempre prefiro o humor leve de peças como as do marião. chega de seriedade. ele próprio discorda de quem diz que suas peças não têm humor. têm, caralho. é foda.
a turma do pessoal do cemitério de automóveis é grande para caralho. ontem, no lançamento do livro do marião, apareceu tanta gente que vi pela primeira vez. outros sempre estiveram perto, mas no geral me senti um estranho - ainda.
mas no fundo não importa.
sinto-me à vontade com todo o pessoal.
não preciso fazer nada. nem beber, nem porra nenhuma. as pessoas vão e vêm e eu posso ficar ali, quieto, sabendo que estou em algum lugar. que há companhias, gente legal em todo lugar. o marião sintetiza bem o prazer desse tipo de companhia no livro recém-lançado.
o teatro é assim. ele abre as portas da intimidade naquilo que de mais nobre há em todos nós, seres humanos. impossível permanecer alheio a tanta abertura, a tanto mundo em todos, em todos.
tá bom, chega de blablabla.
eu ainda tenho pretensões. mas pretendo que elas terminem em definitivo. claro que quero sempre ler e assistir e ver mais e mais - quem não quer? -, mas chega de comparações. o marião e outros, almodóvar, etc. me ensinam que em arte cada um precisa trilhar seu caminho. se é frutífero, só a história vai dizer.
ninguém é melhor que ninguém.
não. eu vejo no teatro a possibilidade de uma nova vida.
lembro-me como se fosse hoje das noites que eu passava na coxia de algumas peças do gerald. ele me deixou ficar por lá, eu fiquei calado o tempo todo.
lembro-me de quando ele me ordenou a dizer um texto no palco, sesc vila mariana lotado. foi um fiasco, mas um fiasco inesquecível.
lembro-me da primeira peça que eu escrevi e dirigi, naquela escola chamada ECAL, na indianópolis. das lágrimas dos presentes, da sensação de desaparecimento, do mando na realidade. claro que ninguém entendeu nada. não tinha o que entender.
e das tantas ocasiões que o pessoal dos satyros me deu para apresentar textos próprios.
e da oficina da lulu, e da apresentação de bestas mortes. de todo o sofrimento.
o marião diz numa entrevista ao abujamra que no teatro é possível dizer tudo. e é verdade. essa possibilidade me atiça e amedronta. pois não quero mais chorar. gostaria de rir, é certo, mas que porra não consigo criar algo que faça rir - por enquanto, espero. claro, minha simples presença no palco, como o sujeito que iria matar a puta, e toda a coreografia - que eu NÃO ME LEMBRO DE como surgiu - foi engraçada, bastante. o pessoal delirou. mas no geral meu teatro me faz chorar. tem muita coisa encalacrada na garganta, sabem? demais, demais.
mas se eu for por esse caminho será bastante chato, até para mim mesmo. por isso sempre prefiro o humor leve de peças como as do marião. chega de seriedade. ele próprio discorda de quem diz que suas peças não têm humor. têm, caralho. é foda.
a turma do pessoal do cemitério de automóveis é grande para caralho. ontem, no lançamento do livro do marião, apareceu tanta gente que vi pela primeira vez. outros sempre estiveram perto, mas no geral me senti um estranho - ainda.
mas no fundo não importa.
sinto-me à vontade com todo o pessoal.
não preciso fazer nada. nem beber, nem porra nenhuma. as pessoas vão e vêm e eu posso ficar ali, quieto, sabendo que estou em algum lugar. que há companhias, gente legal em todo lugar. o marião sintetiza bem o prazer desse tipo de companhia no livro recém-lançado.
o teatro é assim. ele abre as portas da intimidade naquilo que de mais nobre há em todos nós, seres humanos. impossível permanecer alheio a tanta abertura, a tanto mundo em todos, em todos.
tá bom, chega de blablabla.
eu ainda tenho pretensões. mas pretendo que elas terminem em definitivo. claro que quero sempre ler e assistir e ver mais e mais - quem não quer? -, mas chega de comparações. o marião e outros, almodóvar, etc. me ensinam que em arte cada um precisa trilhar seu caminho. se é frutífero, só a história vai dizer.
ninguém é melhor que ninguém.
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