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o livro do marião - 4

escrevo o mesmo título só porque reflito sobre o mesmo que o texto anterior.


não irei me repetir.

mas digo que reflito sobre influências. memórias. imagens. músicas. momentos. momentos que nos constróem, que lá no fundo fazem a trilha sonora de nossa existência.

agora mesmo ouço o poema de chausson. eu o descobrira ouvindo rádio. ele tornou-se a trilha sonora do meu amor por um pai descontrolado e em queda livre que parecia não perceber mais o amor que os outros lhe dedicavam - surdamente, mas que apesar de tudo ainda dedicavam.

mas minha reflexão não se ateve a isso, mas a questionar, afinal, o que sobrara, em memórias, imagens e músicas, disso que constrói minha singularidade? ou sou simplesmente o repositório de imagens e melodias oferecidas por uma indústria cultural (odeio esta definição, mas é a única que funciona) que me molda à sua imagem e semelhança?

posso afinal algo retirar de tudo isso? algo singular que sirva de referência à minha singularidade a que quero fazer jus?

refleti há instantes que essa simples busca já é algo relevante.

saber que aquilo que eu buscava - e que por vezes achava - era simplesmente a vazão a que eu podia dar, com os meios de que dispunha. afetar-se a tal medida por um wolverine tosco e ao mesmo tempo gente boa refletia valores a que eu não sabia dar vazão de outra forma. o lobo solitário. o surfista prateado. a guitarra do satriani. a guitarra do jeff healey. as letras do edvaldo santana. e por aí vai. muitas referências, a maioria contudo apenas em vinil - que não consigo mais ouvir.

há, sim, muito a cavoucar.

agora volto ao livro, que está tarde e preciso aproveitar os minutos da noite que me restam.

ps: pena, mas não deixaram impressão endelével.

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