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Strindbergman (dir. Marie Dupleix)

a ocasião de comemorar acho que cem anos do strindberg (ou da sua morte, sei lá) e a influência exercida por ele na obra do bergman leva-me a desconsiderar assistir esta peça pelo simples fato de estar tão bem localizada na mente de quem quer algo "profundo". canso desse tipo de postura no teatro "sério". é como se quiséssemos beber da fonte sabendo-nos subservientes não revivendo as experiências nós mesmos mas pegando-as emprestadas de quem já está mais do que estabelecido.


após a peça, as atrizes contam como tudo surgiu. mestrado de uma, vivendo as duas em paris. decidem realizar um encontro entre as obras dos dois "juntando" persona de bergman com a mais forte de strindberg.

a encenação não é nova, veio de 2009 e já passou por paris e pelo brasil.

um estrado móvel (sobe-desce) fazendo as vezes de leito de hospital, lugar de descanso, penhasco. a mais velha, atriz que decide deixar de falar. a mais nova, enfermeira. primeiro no hospital. depois no litoral. a mais nova se abre para a mais velha, que por sua vez vive e mal o nascimento do filho. a primeira se fragiliza, a outra se revela.

ao fundo, em vídeo, conexão entre duas mulheres, ambas as atrizes, em texto em francês (traduzido), com base em fala da mais nova. relação similar, a mais forte.

ao final, "enfrentamento" de vidas e de destinos.

é plasticamente bonito. o desempenho das atrizes é singelo.

mas não embarco. quem sabe pelas leituras simplórias da platéia - em bate-papo após o espetáculo. ou pelo simples fato de que esse tipo de situação não me interessa. não vivo muito bem o espetáculo e saio meio vazio.

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