os clássicos têm esse poder incrível de fazer-nos ver o mundo sob outros olhos.
neste caso em especial, é o Olho que está em questão.
a história de ivan, o terrível, vocês podem pegar no wikipedia. importa aqui que deveria ser a obra máxima de eisenstein.
a história tem duas partes. a primeira narra a constituição da figura pública e, por que não dizer, do mito.
eisenstein queria mostrar o papel fundamental do mito para a constituição da rússia unida.
chama a atenção a quase absoluta ausência de interpretação nos moldes que entendemos.
o ator que faz o ivan olha fixamente, indiferente ao mundo, altaneiro, como se estivesse morto ou mais vivo do que todos.
não me lembro do nome do grupo de privilegiados contra o qual ele se opõe o tempo todo (até a segunda parte). mas nota-se tudo no olhar de quem é filmado. a oposição é definida no olhar vigoroso de quem olha como ameaça. a tia de ivan olha o tempo todo com traição envolta em mistério. ivan vence e é derrotado no olhar. ele demonstra sua subjugação ou seu papel de subjugador no domínio das pálpebras. não posso dizer que o ator interprete. a caracterização é a tal ponto vigorosa que a verossimilhança é o que menos parece importar.
o jogo de luzes e sombras expressa a condição que aparece e daí diria que, sem trocadilhos, ele se filia à corrente expressionista. tudo é exagerado, as sombras e luzes indicando o tom da narrativa. os gestos bruscos parecem de marionetes, de marionetes que ditam a vida, a história. parece o tempo todo que algum deus domina o jogo todo.
a esposa imperadora é envenenada numa cena praticamente parada em que o suspense dita a regra e em que a conclusão é dada sem a mostra do envenenamento. o acontecimento corre por trás das imagens. não importa mostrar o que acontece, importa que o que acontece se revela sem se mostrar todas suas fases e faces.
há um certo didatismo na história como um todo, mas ele não enfraquece o que aparece. os cenários majestosos abrem os olhos de quem vê, em especial na sequência em que centenas ou milhares de homens e mulheres e crianças fazem as vezes da romaria em busca do retorno do czar a uma moscou abandonada. quase não acreditamos na quantidade de pessoas envolvida, no esforço dantesco por uma mera imagem.
mas havia o interesse de tornar visível o mito, em nome de uma revolução vitoriosa.
a fita é inesquecível, em lições que vale a pena repetir a todo instante. a opção pelo expressionismo é clara e claro o entendimento de sua gravidade e urgência.
neste caso em especial, é o Olho que está em questão.
a história de ivan, o terrível, vocês podem pegar no wikipedia. importa aqui que deveria ser a obra máxima de eisenstein.
a história tem duas partes. a primeira narra a constituição da figura pública e, por que não dizer, do mito.
eisenstein queria mostrar o papel fundamental do mito para a constituição da rússia unida.
chama a atenção a quase absoluta ausência de interpretação nos moldes que entendemos.
o ator que faz o ivan olha fixamente, indiferente ao mundo, altaneiro, como se estivesse morto ou mais vivo do que todos.
não me lembro do nome do grupo de privilegiados contra o qual ele se opõe o tempo todo (até a segunda parte). mas nota-se tudo no olhar de quem é filmado. a oposição é definida no olhar vigoroso de quem olha como ameaça. a tia de ivan olha o tempo todo com traição envolta em mistério. ivan vence e é derrotado no olhar. ele demonstra sua subjugação ou seu papel de subjugador no domínio das pálpebras. não posso dizer que o ator interprete. a caracterização é a tal ponto vigorosa que a verossimilhança é o que menos parece importar.
o jogo de luzes e sombras expressa a condição que aparece e daí diria que, sem trocadilhos, ele se filia à corrente expressionista. tudo é exagerado, as sombras e luzes indicando o tom da narrativa. os gestos bruscos parecem de marionetes, de marionetes que ditam a vida, a história. parece o tempo todo que algum deus domina o jogo todo.
a esposa imperadora é envenenada numa cena praticamente parada em que o suspense dita a regra e em que a conclusão é dada sem a mostra do envenenamento. o acontecimento corre por trás das imagens. não importa mostrar o que acontece, importa que o que acontece se revela sem se mostrar todas suas fases e faces.
há um certo didatismo na história como um todo, mas ele não enfraquece o que aparece. os cenários majestosos abrem os olhos de quem vê, em especial na sequência em que centenas ou milhares de homens e mulheres e crianças fazem as vezes da romaria em busca do retorno do czar a uma moscou abandonada. quase não acreditamos na quantidade de pessoas envolvida, no esforço dantesco por uma mera imagem.
mas havia o interesse de tornar visível o mito, em nome de uma revolução vitoriosa.
a fita é inesquecível, em lições que vale a pena repetir a todo instante. a opção pelo expressionismo é clara e claro o entendimento de sua gravidade e urgência.
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