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Onze Bolas e Um Jogador (peça de Paulo Jordão)

O Jordão ("Deus", para o Marião) resolveu me mandar três de suas peças por email. Não sei bem a razão. "Onze Bolas e Um Jogador" é uma delas.


Não muito longa, mas com exatos 32 personagens, é uma abordagem bem-humorada das mazelas desse nosso esporte de origem bretã que o Brasil importou tão bem a ponto de roubarmos-lhes o título (afinal, somos ou não o país do futebol?).

Tudo ocorre enquanto rola um jogo decisivo entre Esportivo e Continental, em que um deles vai cair de divisão. E tudo é diálogo. Entre jogadores e dirigentes, juízes e mães de juízes, zagueiros e atacantes em crise, homens de mala preta e goleiros, jogadores reserva, médicos, empresários e o escambau. Tem realmente de tudo na peça do Jordão. Os diálogos são ágeis e super bem-humorados. Impossível passar batido - em especial na cena que envolve o juiz. Mas há outras.

Enquanto matava o tempo lendo a peça, veio-me a pergunta quanto a onde tudo aquilo iria parar. Não tinha a menor noção do que é que REALMENTE estava em jogo. Seria apenas uma comédia despretenciosa? Ou haveria alguma mensagem a mais a esperar o leitor - e espectador? A resposta veio com o título da peça. Só irá sabê-lo quem a ler.

Recomendo muito a leitura. E dá uma grande vontade de encená-la, despretenciosa como ela só.

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