Esta outra peça do Jordão ("Deus", para o Marião) é ainda mais engraçada que a outra sobre futebol.
Esta - cujo título não tem nada a ver com baseado nem com boca mas com o fato de ter sido baseado na Boca (a lendária Boca do Lixo) - narra as peripécias de diretor, produtor, atores, atrizes, etc. na passagem da pornochanchada para o sexo explícito comprado no exterior.
O tema é caro ao pessoal da Companhia do Faroeste, da rua do Triunfo, que recentemente encenou peça sobre isso mesmo. Mas Jordão pega outra via. Ele não se preocupa em criar mística nessa época toda, com a ditadura caindo e a censura deixando de fazer sentido. Ele simplesmente tira sarro de tudo criando personagens rasteiros mas, talvez por isso mesmo, bem engraçados. A contextualização histórica poderia, por exemplo, ter sido mais detida. Mas isso para ele não importa. Importa é que a censura grassava numa época e depois caiu em desuso. Jordão mostra como tudo isso influenciou o cinema feito na Boca, passando da suposição de uma sexualidade latente para o escracho - escracho esse que acabou por dar o golpe final em toda essa indústria - quando simplesmente fazia mais sentido importar a putaria americana a criar qualquer outra, mesmo que com um toque todo brasileiro.
Noto porém que, apesar de gostar de como tudo é conduzido, algo de desinteresse ronda também o assunto. Pois, a quem interessaria mais refletir como tudo aconteceu, e como aconteceu? Pois, se não se propõe discutir o assunto, propõe-se a quê? A simplesmente divertir enlevando uma época de que quase ninguém mais se lembra? A constatação deixa algo de amargo na boca. Infelizmente, o tempo corre e a história que fica finca espaço para mais quase ninguém.
Esta - cujo título não tem nada a ver com baseado nem com boca mas com o fato de ter sido baseado na Boca (a lendária Boca do Lixo) - narra as peripécias de diretor, produtor, atores, atrizes, etc. na passagem da pornochanchada para o sexo explícito comprado no exterior.
O tema é caro ao pessoal da Companhia do Faroeste, da rua do Triunfo, que recentemente encenou peça sobre isso mesmo. Mas Jordão pega outra via. Ele não se preocupa em criar mística nessa época toda, com a ditadura caindo e a censura deixando de fazer sentido. Ele simplesmente tira sarro de tudo criando personagens rasteiros mas, talvez por isso mesmo, bem engraçados. A contextualização histórica poderia, por exemplo, ter sido mais detida. Mas isso para ele não importa. Importa é que a censura grassava numa época e depois caiu em desuso. Jordão mostra como tudo isso influenciou o cinema feito na Boca, passando da suposição de uma sexualidade latente para o escracho - escracho esse que acabou por dar o golpe final em toda essa indústria - quando simplesmente fazia mais sentido importar a putaria americana a criar qualquer outra, mesmo que com um toque todo brasileiro.
Noto porém que, apesar de gostar de como tudo é conduzido, algo de desinteresse ronda também o assunto. Pois, a quem interessaria mais refletir como tudo aconteceu, e como aconteceu? Pois, se não se propõe discutir o assunto, propõe-se a quê? A simplesmente divertir enlevando uma época de que quase ninguém mais se lembra? A constatação deixa algo de amargo na boca. Infelizmente, o tempo corre e a história que fica finca espaço para mais quase ninguém.
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