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ainda sobre jazz

posso com toda certeza dizer que o jazz foi e continua sendo uma das maiores paixões de minha vida.


não que eu tenha me dedicado tanto a ele. houve gêneros musicais e atividades a que me dediquei mais, com certeza - talvez só menos que aos livros, na verdade (mas aí a competição é desleal). o que acontece é que com o jazz meu interesse ultrapassou influências, foi em direções insuspeitadas e chegou em alturas ímpares. muito mais que com a música clássica, por exemplo - onde parei em bach, se parei em algum lugar.

um exemplo: fui muito além do free jazz. não fiquei apenas no jazz de big bands ou dos grandes. achei meus grandes. apostei neles. fui longe. cheguei à música eletrônica de priscas eras. entrei na interface entre jazz e eruditos. entrei em lugares inóspitos nos quais não vejo ninguém investindo. não fui até cage, apenas, por falta de grana. mas cage não é jazz. claro que passei por um ornette coleman. claro que passei por um braxton. claro que passei por keith jarrett. passei por muitos. só não passei mais por - o de sempre - falta de grana. ah, se morasse nos states.

mas também cansei. há um momento em que o excesso de neurônios tira do sério. há um momento em que precisamos abaixar a bola. foi o que fiz. esgotamento.

mas agora volto. aos poucos. primeiro, as influências antigas, de quando eu começava a ouvir, na década de 90. os próximos passos são uma incógnita. não à toa faço isso ao mesmo tempo em que finalmente encaro algo do kerouac.

mas tenho pressa. preciso avançar rápido pois estou inconformado. a vida não pode ser apenas isso. não pode.

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