desculpem, mas falo, sinceramente, com a melhor das boas intenções. sei porém que muitos irão me tomar como, nada mais, nada menos, um sujeito dado a ter espírito de porco.
gosto de estudar. de tudo.
em teatro, gosto de ler e tentar refletir sobre tudo o que o envolve.
nessa medida, leio desde biografias, estudos históricos, estudos teóricos, livros de formação de atores, ensaios, de tudo. gosto de tudo, sem exceção. mas dia desses deparei-me face uma situação que gostaria de comentar brevemente.
comprei há alguns meses um livro muito bem editado com aulas de um eminente professor de teatro. eminente no bom sentido. não se pode dizer que ele seja um burocrata qualquer. responsável por estudos de fôlego, ele também responde pela edição de uma batelada de livros sobre teatro, obras de teatro, algumas delas escritas também por ele próprio. é de certa forma surpreendente sua trajetória.
como eu sou um cara, em última instância, respeitoso com o saber e com aqueles que lhe dão voz (reparem que não digo que eles tenham o saber), acabo dando minha anuência a tudo o que diz respeito a esse senhor. não estou sendo irônico, é real.
noite dessas, peguei o livro em questão. peguei uma página qualquer. o professor falava sobre cultura.
deparei-me então com um texto que dizia, em outras palavras, que cada cultura tem uma história específica e que segue determinados critérios. and so on. vários parágrafos nesse sentido.
eu estava gostando. começava a viajar em abstrações, em elucubrações, exemplos e coisa que o valha. como quase todos, estava lendo numa mesa e imerso na situação. eu comecei a me sentir como na infância, sempre subserviente ao saber que vinha lá de cima.
mas aí eu parei. vem cá, o que é que este cara tá dizendo? que tudo é particular? que tudo assume uma dinâmica particular, específica? que porra é essa? isso é óbvio!
ocorre que de uns anos para cá eu tenho me dado a liberdade de duvidar. de usar o senso comum. de pensar em termos simples. de não elucubrar. de não valorizar a elucubração pela elucubração - esporte que é sumamente prazeroso, eu sei.
daí que reparei na bobagem em que eu estava me metendo.
passaram algumas noites e peguei o szondi. não me lembro de qual dos livros dele. eu costumo lê-los antes de dormir, e fui imerso em suas argumentações. cara, muitas vezes não entendo porra nenhuma MESMO. peguei algumas frases em seqüência. refleti: mas a QUÊ REALMENTE isto faz referência? fiquei sem descobrir. fiquei na mesma. não entendi.
não admito que eu não seja burro - talvez seja mesmo. talvez aquele professor e o szondi naveguem mares que a mim são proibidos pelas minhas próprias limitações. não estou sendo irônico. talvez eu seja burro mesmo. ou, se não burro, talvez minhas limitações sejam grandes, no mínimo.
mas não sei.
meto-me a desconfiar.
talvez eu esteja sendo espírito de porco.
quem sabe.
gosto de estudar. de tudo.
em teatro, gosto de ler e tentar refletir sobre tudo o que o envolve.
nessa medida, leio desde biografias, estudos históricos, estudos teóricos, livros de formação de atores, ensaios, de tudo. gosto de tudo, sem exceção. mas dia desses deparei-me face uma situação que gostaria de comentar brevemente.
comprei há alguns meses um livro muito bem editado com aulas de um eminente professor de teatro. eminente no bom sentido. não se pode dizer que ele seja um burocrata qualquer. responsável por estudos de fôlego, ele também responde pela edição de uma batelada de livros sobre teatro, obras de teatro, algumas delas escritas também por ele próprio. é de certa forma surpreendente sua trajetória.
como eu sou um cara, em última instância, respeitoso com o saber e com aqueles que lhe dão voz (reparem que não digo que eles tenham o saber), acabo dando minha anuência a tudo o que diz respeito a esse senhor. não estou sendo irônico, é real.
noite dessas, peguei o livro em questão. peguei uma página qualquer. o professor falava sobre cultura.
deparei-me então com um texto que dizia, em outras palavras, que cada cultura tem uma história específica e que segue determinados critérios. and so on. vários parágrafos nesse sentido.
eu estava gostando. começava a viajar em abstrações, em elucubrações, exemplos e coisa que o valha. como quase todos, estava lendo numa mesa e imerso na situação. eu comecei a me sentir como na infância, sempre subserviente ao saber que vinha lá de cima.
mas aí eu parei. vem cá, o que é que este cara tá dizendo? que tudo é particular? que tudo assume uma dinâmica particular, específica? que porra é essa? isso é óbvio!
ocorre que de uns anos para cá eu tenho me dado a liberdade de duvidar. de usar o senso comum. de pensar em termos simples. de não elucubrar. de não valorizar a elucubração pela elucubração - esporte que é sumamente prazeroso, eu sei.
daí que reparei na bobagem em que eu estava me metendo.
passaram algumas noites e peguei o szondi. não me lembro de qual dos livros dele. eu costumo lê-los antes de dormir, e fui imerso em suas argumentações. cara, muitas vezes não entendo porra nenhuma MESMO. peguei algumas frases em seqüência. refleti: mas a QUÊ REALMENTE isto faz referência? fiquei sem descobrir. fiquei na mesma. não entendi.
não admito que eu não seja burro - talvez seja mesmo. talvez aquele professor e o szondi naveguem mares que a mim são proibidos pelas minhas próprias limitações. não estou sendo irônico. talvez eu seja burro mesmo. ou, se não burro, talvez minhas limitações sejam grandes, no mínimo.
mas não sei.
meto-me a desconfiar.
talvez eu esteja sendo espírito de porco.
quem sabe.
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