Todos nós nascemos sozinhos e morreremos sozinhos.
Há anos, quando vi uma foto de um casal se jogando de uma das torres do WTC, achei que era a via que eu devia mostrar, não ao mundo, mas a mim mesmo. Daí o título de minha primeira peça, Somente uma pequena prova de amor.
Na época, eu vivia uma crise em meu casamento que iria levar, sem que eu percebesse muito bem, ao seu fim. Ainda hoje não entendo muito bem em que rumo me guiaram os meus passos. Só sei que escapei. É como eu me sinto. Tendo escapado.
Preciso encontrar a mim mesmo, pois sinto que não tenho substância suficiente sequer para morrer sozinho. Preciso me bastar. Não posso continuar me dizendo que não sei o que faço.
O teatro é a via que encontrei para procurar a mim mesmo. Pois é isso o que busco. Não me interessam conquistas, mensagens, obras. Quando falo que quero deixar obra me dá uma certa sensação de falsidade tão logo o digo. O que quero mesmo é poder dizer para mim mesmo: "É isso!" Se algo ficar, tudo bem.
Sou, como todos, um filho das circunstâncias. Vivemos todos imersos num mundo que, quer o percebamos ou não, nos mostra caminhos que devemos seguir ou atalhos rumo à perdição. Não creio que possa escapar disso. Todos os criadores, lá no fundo, tiveram essa meta em mente em busca de uma certa imortalidade, que não existe.
Todos nós precisamos uns dos outros. No fundo, nossa vida é essa busca, em meio à qual encontramos amigos e percebemos que não estamos realmente sozinhos.
Ontem fui num aniversário. Era uma festa - um show de blues - para um rapaz que até então eu não conhecia. Cumprimentei ele, claro - que ficou sem saber sequer o meu nome (nesses ambientes isso de certa forma é secundário, pois é a presença física o que importa). Voltando: vez ou outra, sentia que era olhado e me sentia olhando aquilo que poderia me interessar. Mas geralmente prefiro ficar quieto, num canto, de certa forma inexpugnável. Como fiquei. Só me dirijo a quem quero. Agora, naquele grupo de gente legal, tenho - como sempre tive, mas não me comportava dessa forma - a liberdade de me dirigir na direção que eu quiser. Há amigos que me dão dicas, olha essa garota, faça isso, faça aquilo, tudo na maior liberdade e saudável intimidade, mas receio. Caminhante, o caminho se faz ao andar. E quando sequer sentimos nossos próprios passos?
Leio Shakespeare, duas peças. Leio Handke. Leio Yasmine Reza. Leio Rodrigo García (dirão, quem?). Redigito Sarah Kane - para poder entender melhor Crave (Ânsia). Tenho dois livros enviados por editoras para que eu os resenhasse me esperando. Tenho mais um que chegou sei lá como e que parece bom, em edição do próprio autor. Agora mesmo um filme está pausado, me esperando. Em busca de meu caminho, ando bem acompanhado.
Todos nós nascemos sozinhos e morreremos sozinhos. Mas não sabemos.
Segunda começa uma nova oficina. Preparo-me do jeito que posso. Não vejo a hora.
Há anos, quando vi uma foto de um casal se jogando de uma das torres do WTC, achei que era a via que eu devia mostrar, não ao mundo, mas a mim mesmo. Daí o título de minha primeira peça, Somente uma pequena prova de amor.
Na época, eu vivia uma crise em meu casamento que iria levar, sem que eu percebesse muito bem, ao seu fim. Ainda hoje não entendo muito bem em que rumo me guiaram os meus passos. Só sei que escapei. É como eu me sinto. Tendo escapado.
Preciso encontrar a mim mesmo, pois sinto que não tenho substância suficiente sequer para morrer sozinho. Preciso me bastar. Não posso continuar me dizendo que não sei o que faço.
O teatro é a via que encontrei para procurar a mim mesmo. Pois é isso o que busco. Não me interessam conquistas, mensagens, obras. Quando falo que quero deixar obra me dá uma certa sensação de falsidade tão logo o digo. O que quero mesmo é poder dizer para mim mesmo: "É isso!" Se algo ficar, tudo bem.
Sou, como todos, um filho das circunstâncias. Vivemos todos imersos num mundo que, quer o percebamos ou não, nos mostra caminhos que devemos seguir ou atalhos rumo à perdição. Não creio que possa escapar disso. Todos os criadores, lá no fundo, tiveram essa meta em mente em busca de uma certa imortalidade, que não existe.
Todos nós precisamos uns dos outros. No fundo, nossa vida é essa busca, em meio à qual encontramos amigos e percebemos que não estamos realmente sozinhos.
Ontem fui num aniversário. Era uma festa - um show de blues - para um rapaz que até então eu não conhecia. Cumprimentei ele, claro - que ficou sem saber sequer o meu nome (nesses ambientes isso de certa forma é secundário, pois é a presença física o que importa). Voltando: vez ou outra, sentia que era olhado e me sentia olhando aquilo que poderia me interessar. Mas geralmente prefiro ficar quieto, num canto, de certa forma inexpugnável. Como fiquei. Só me dirijo a quem quero. Agora, naquele grupo de gente legal, tenho - como sempre tive, mas não me comportava dessa forma - a liberdade de me dirigir na direção que eu quiser. Há amigos que me dão dicas, olha essa garota, faça isso, faça aquilo, tudo na maior liberdade e saudável intimidade, mas receio. Caminhante, o caminho se faz ao andar. E quando sequer sentimos nossos próprios passos?
Leio Shakespeare, duas peças. Leio Handke. Leio Yasmine Reza. Leio Rodrigo García (dirão, quem?). Redigito Sarah Kane - para poder entender melhor Crave (Ânsia). Tenho dois livros enviados por editoras para que eu os resenhasse me esperando. Tenho mais um que chegou sei lá como e que parece bom, em edição do próprio autor. Agora mesmo um filme está pausado, me esperando. Em busca de meu caminho, ando bem acompanhado.
Todos nós nascemos sozinhos e morreremos sozinhos. Mas não sabemos.
Segunda começa uma nova oficina. Preparo-me do jeito que posso. Não vejo a hora.
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