Uma cama entre lentilhas, em Retratos Falantes, de Alan Bennett (dir. Eduardo Tolentino de Araújo) (Repertório de Verão 2013, Grupo Tapa)
O segundo monólogo de Retratos Falantes, de Alan Bennett, no Repertório de Verão 2013 do Grupo Tapa, "Uma cama entre lentilhas", por Clara Carvalho, narra as peripécias internas de uma mulher de reverendo que quer se ver livre das imposições da sociedade à sua vida, que contudo toca da melhor forma que pode, limitada às pré-condições, e em meio ao que ela descobre o sexo como auge, como êxtase, com um indiano, Hamesh, num armazém em que as lentilhas dominam o ambiente.
Aqui o texto de Bennett assume um ar mais irônico, cético e até mesmo cínico enquanto a protagonista explica todas suas peripécias, ladeando a carreira do marido, um elesiástico rígido e - veremos depois - tapado demais para sequer entender o mundo como ele é. Estão em todo o texto, mais longo que o primeiro ("A sua grande chance") e com mais e mais complexas acepções, que açambarcam toda a leitura que, contudo, não fica chata, num trabalho consistente da atriz.
Poderíamos resumir a pequena peça, o pequeno monólogo, com um "mulher de reverendo revela seus podres e se deixa enredar pelo sexo com um estranho", mas ao mesmo tempo em que isso seria correto seria também limitado. A peça não é só isso. Não é só o fato. Como na primeira peça de Bennett neste repertório, esta mulher busca a empatia ao mesmo tempo em que se deixa revelar em mesquinharias e supremas inocências. Somos levados a entrar em seu mundo, o que praticamente nos impede de julgá-la, de utilizar critérios externos para avaliar seus atos. Torcemos por ela, em suma.
Aqui o texto de Bennett assume um ar mais irônico, cético e até mesmo cínico enquanto a protagonista explica todas suas peripécias, ladeando a carreira do marido, um elesiástico rígido e - veremos depois - tapado demais para sequer entender o mundo como ele é. Estão em todo o texto, mais longo que o primeiro ("A sua grande chance") e com mais e mais complexas acepções, que açambarcam toda a leitura que, contudo, não fica chata, num trabalho consistente da atriz.
Poderíamos resumir a pequena peça, o pequeno monólogo, com um "mulher de reverendo revela seus podres e se deixa enredar pelo sexo com um estranho", mas ao mesmo tempo em que isso seria correto seria também limitado. A peça não é só isso. Não é só o fato. Como na primeira peça de Bennett neste repertório, esta mulher busca a empatia ao mesmo tempo em que se deixa revelar em mesquinharias e supremas inocências. Somos levados a entrar em seu mundo, o que praticamente nos impede de julgá-la, de utilizar critérios externos para avaliar seus atos. Torcemos por ela, em suma.
Comentários