Eu sabia que iria ser concorrido. Não imaginava o quanto. Entraram muito poucos. Fiquei no meu lugar.
Não li o livro do "velho Buk" (como os amigos do grupo e simpatizantes o chamam). Parti quase do zero.
Sabia que o Buk, após os 50 anos, começava a fazer sucesso e de seus "problemas" com mulheres. Sabia que a partir de então ele iria cair na farra. Só não imaginava o quanto, a que ponto.
A peça é uma superprodução do grupo Cemitério de Automóveis, dirigido pelo Marião. Tem papel de parede feito para a ocasião. Tem piso, carpete, tudo sob medida para ambientarmo-nos nas décadas de 60 e 70. Tá tudo lá. A trilha convida a entrar no espaço temporal de outrora, de quando o Buk saía aos poucos - ou repentinamente - do anonimato.
Elas, as mulheres, aparecem primeiro sob a figura da mulher do Buk, ciumenta de dar dó. Começam a aparecer outras, expulsas por ela. A maré começa a mudar, e elas começam a entrar. Há um momento em que elas viram uma torrente. Aparecem aos borbotões, e Chinaski, o alter-ego do Buk e interpretado pelo Marião, tenta desesperadamente dar conta da situação. A tensão faz-se presente num clima de desejo que domina o ambiente. Desejo ora delas, ora dele. As cenas (curtas) se sucedem. Os personagens vão para lá e para cá. O ato de Chinaski atender o telefone é o que mais aparece. Não se sabe o que vem por aí. Ele mostra-se apalermado. O que virá agora?, parece perguntar-se. É a fama, meu caro. A fama. Justamente ela que o Buk tanto desprezava.
Há um momento em que tudo parece se acomodar. Chinaski aparece de camiseta. Tudo assumiu um outro aspecto. É a grana. É a piscina. É a devassidão. Chinaski aparenta ter poucos amigos, e aquele que aparece surge para tirar sarro ou uma casquinha. Há o descontrole. Surge uma mulher para valer. Dedicada, preocupada. Chinaski não parece acreditar. Com ela, o sexo só virá depois. Do casamento. Inacreditável, parece. As mulheres surgem como dever a cumprir. Chinaski parece não conseguir corresponder. É o desespero, o choro. Excessos. Ao final, uma calmaria num final comovente.
Já sou figurinha carimbada lá no espaço. Amo tudo o que vejo por lá. Amo cada detalhe do que vejo, e isso me torna desde já uma pessoa suspeita. Praticamente não reparo no arrastar de uma cena após a outra (algo em que o próprio Marião tocou). Nem no tempo, que alguns me dizem muito longo. Não sei. Ninguém me perguntou, mas digo aqui neste meu espacinho que amei tudo o que vi. Tudo tão bem feito e ao mesmo tempo singelo. Uma superprodução com ares de Factotum, o filme.
Fico até tarde no teatro. Todo mundo curtindo, tendo poucos conseguido assistir. Vai até 17 de fevereiro. De quarta a sábado às 21h30. Domingo às 20h30. Ingressos com uma hora de antecedência. Mas vão mais cedo e fiquem espertos. Noite dessas, a gente se encontra novamente por lá.
Não li o livro do "velho Buk" (como os amigos do grupo e simpatizantes o chamam). Parti quase do zero.
Sabia que o Buk, após os 50 anos, começava a fazer sucesso e de seus "problemas" com mulheres. Sabia que a partir de então ele iria cair na farra. Só não imaginava o quanto, a que ponto.
A peça é uma superprodução do grupo Cemitério de Automóveis, dirigido pelo Marião. Tem papel de parede feito para a ocasião. Tem piso, carpete, tudo sob medida para ambientarmo-nos nas décadas de 60 e 70. Tá tudo lá. A trilha convida a entrar no espaço temporal de outrora, de quando o Buk saía aos poucos - ou repentinamente - do anonimato.
Elas, as mulheres, aparecem primeiro sob a figura da mulher do Buk, ciumenta de dar dó. Começam a aparecer outras, expulsas por ela. A maré começa a mudar, e elas começam a entrar. Há um momento em que elas viram uma torrente. Aparecem aos borbotões, e Chinaski, o alter-ego do Buk e interpretado pelo Marião, tenta desesperadamente dar conta da situação. A tensão faz-se presente num clima de desejo que domina o ambiente. Desejo ora delas, ora dele. As cenas (curtas) se sucedem. Os personagens vão para lá e para cá. O ato de Chinaski atender o telefone é o que mais aparece. Não se sabe o que vem por aí. Ele mostra-se apalermado. O que virá agora?, parece perguntar-se. É a fama, meu caro. A fama. Justamente ela que o Buk tanto desprezava.
Há um momento em que tudo parece se acomodar. Chinaski aparece de camiseta. Tudo assumiu um outro aspecto. É a grana. É a piscina. É a devassidão. Chinaski aparenta ter poucos amigos, e aquele que aparece surge para tirar sarro ou uma casquinha. Há o descontrole. Surge uma mulher para valer. Dedicada, preocupada. Chinaski não parece acreditar. Com ela, o sexo só virá depois. Do casamento. Inacreditável, parece. As mulheres surgem como dever a cumprir. Chinaski parece não conseguir corresponder. É o desespero, o choro. Excessos. Ao final, uma calmaria num final comovente.
Já sou figurinha carimbada lá no espaço. Amo tudo o que vejo por lá. Amo cada detalhe do que vejo, e isso me torna desde já uma pessoa suspeita. Praticamente não reparo no arrastar de uma cena após a outra (algo em que o próprio Marião tocou). Nem no tempo, que alguns me dizem muito longo. Não sei. Ninguém me perguntou, mas digo aqui neste meu espacinho que amei tudo o que vi. Tudo tão bem feito e ao mesmo tempo singelo. Uma superprodução com ares de Factotum, o filme.
Fico até tarde no teatro. Todo mundo curtindo, tendo poucos conseguido assistir. Vai até 17 de fevereiro. De quarta a sábado às 21h30. Domingo às 20h30. Ingressos com uma hora de antecedência. Mas vão mais cedo e fiquem espertos. Noite dessas, a gente se encontra novamente por lá.
Comentários