A peça apresenta um personagem, historicamente indefinível, algo medieval mas – como se verá – atento à contemporaneidade, patético e interessante. Uma espécie de guerreiro de meia tigela, baixo como si só, mas ao mesmo tempo sério em sua busca – do quê, não se sabe muito bem, mas claramente em oposição a uma realidade também indefinível mas contemporânea. O texto conduz a um autoexame de Hieronymus, em suas motivações, sua própria existência, sua força, sua determinação, e a um defrontamento com personagens retirados de uma espécie de almanaque medieval – um andarilho e um homem das cavernas com espada e pronto para matar. Posteriormente o defrontamento de Hieronymus – que alcança o poder – é com ele mesmo. Texto difícil, irônico e forte, que nos deixa numa espécie de locus mitológico externo a qualquer mitologia e que nos apresenta um “e se...” cujo destino tornou-se uma incógnita (não por outro motivo senão pelo fato deste resenhista ter sido impedido a ver o fim – duas frases –por uma tosse impossível de conter). Mas notou-se, ocorre uma exacerbação de poder e um enfrentamento de Hieronymus com seu próprio poder até a autoanulação. Texto “impossível de encenar”, segundo Alvim, Hieronymus é suficientemente rico para motivar leituras as mais diversas. O espetáculo mantém o interesse mesmo com cenas paradas, diálogos monológicos e ações meramente simbólicas. Galdino, como sempre, atrai e enternece, e Grasson e outros sustentam o papel simbólico dos personagens indefiníveis.
Ésquilo, Os Persas (lido) Ésquilo, Prometeu Acorrentado (lido) Jacqueline de Romilly, A Tragédia Grega (lido, em parte) Anne Surgers, Scénographies du théâtre occidental (lido, começo)
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